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Vamos falar sobre relacionamento abusivo? por NIKELEN WITTER

“Seja direta é clara, diga o que você permite e o que não permite. Não se trata de brigar, muito menos de bater boca. Qualquer tipo de relacionamento é feito de acordos. Por isso não abra mão de participar da constituição desses acordos. Nada de “você que sabe, amor”. É a sua vida, a sua felicidade, não brinque com isso, nem coloque nas mãos do outro. Diga não, é saudável até para o maior dos amores na Terra.”

Eu resolvi escrever o sei. Não é muito, mas talvez sirva para alguém. O que sei sobre isso?
1) Sou feminista há muito tempo, já o era quando entrei na adolescência. Logo, mesmo sem usar esse nome na época, um relacionamento desigual, que me sujeitasse, já era uma preocupação minha.
2) Eu nunca vivi um relacionamento abusivo. Não, não foi sorte, foi atenção para as armadilhas. Foi me dar conta e evitá-las antes que ficassem grandes demais para eu lidar com elas. Foi me preparar e ser preparada para colocar a mim mesma acima de uma ideia de amor romântico.
3) Tento, desde há muito, praticar um feminismo de escuta, e percebo o quanto as ideias de sacrifício, de “eu e meu amor contra o mundo”, de “nosso amor é para sempre”, “nunca vamos nos separar”, “faço qualquer coisa por você” e toda a parafernália do século XX  sobre amar e estar apaixonad@ pesam na estrutura dos relacionamentos abusivos.
E, disso tudo, o que eu posso dizer é o seguinte, de A a Z:
1) Nenhuma violência começa grande. Ela se inicia pequenininha, quase imperceptível, mas, acreditem, ela já está lá, num sinal minúsculo é vermelhinho de perigo, tão logo o encantamento começa a se transformar em intimidade. Então, fique atenta:

a) Piadas repetidas em que você é o alvo principal. Meu bem, deboche quando vem de um lado só (que é a forma mais comum) pode descambar facinho para a falta de respeito. Seja direta é clara, diga o que você permite e o que não permite. Não se trata de brigar, muito menos de bater boca. Qualquer tipo de relacionamento é feito de acordos. Por isso não abra mão de participar da constituição desses acordos. Nada de “você que sabe, amor”. É a sua vida, a sua felicidade, não brinque com isso, nem coloque nas mãos do outro. Diga não, é saudável até para o maior dos amores na Terra.
b) Fique atenta em como seu amor age com você na frente dos amigos dele e dos seus amigos. Tem diferenças significativas? Ele te interrompe quando você fala, usa a frase “ela quis dizer” (especialmente com os amigos dele), desfaz da sua fala (mesmo que sem palavras), usa coisas sobre você para se autoafirmar diante dos outros? Ele responde a suas reclamações sobre o comportamento dele com você diante dos outros com: “você está exagerando” ou “foi só uma piada”? Promete que não vai acontecer de novo e acontece? Miga, fica atenta!
c) Ele faz inspeção na sua roupa ou na das suas amigas.
d) Fala mal de suas e seus amigas e amigos de longa data; chegando a dizer ou demonstrar com beicinho e emburramento que não gosta que você os veja.
e) Ele dá entender que acha que a sua felicidade depende da presença dele e faz ceninha caso você esteja se divertindo sem ele.
f) Filtra informações para você.
g) Diz que vai te proteger de tudo. Leia o subtexto: fora desse relacionamento você está em perigo. É isso o que ele está dizendo. Então, pergunte: proteger do que, exatamente?
h) “Eu vou fazer tudo por você”. Deixa eu adivinhar: parece que ele disse “eu te amo”, não é? Não, meu bem. Ele disse: eu fazer tudo por você. Você vai depender de mim, porque, EU VOU FAZER TUDO POR VOCÊ.
i) Ciúme não é sinal de amor, é sinal de insegurança. Se você tem ciúmes, reflita sobre o que a deixa insegura e liquide com isso. Um amor é bem melhor com confiança.
j) Ele curte te provocar para te ver braba? Você até dá uns tapinhas nele e ele ri? Não dê! Não aceite esse tipo de jogo. Você só contribui, sem saber, para ser pintada como braba, louca, desequilibrada. Você bate na frente dos outros, um dia pode estar apanhando sem que ninguém veja e ninguém vai acreditar em você porque, afinal, você é tão braba, não é?
m) Não mude sua essência por ele. Por mais que ele te adore, o amor só transforma sapos e monstros em príncipes nos contos de fadas. Nossa sociedade ensina aos meninos que se modificar por uma mulher é um tipo de fracasso pessoal. Então, miga, não  coloque suas fichas nisso. A aposta é alta demais e o risco é quase todo seu.
n) Ele diz que faz qualquer coisa para você continuar com ele. Diz que você não sabe do que ele é capaz. Não pague pra ver. Acredite, amor desesperado só é bonito e bom em filme. Sem não estiver recebendo um cachê bem alto não embarque que é furada.
o) Dar certo não quer dizer para a vida toda. Quer dizer que é muito legal enquanto for muito legal. Quando deixar de ser, significa que a gente vai lá continuar sendo feliz de um outro jeito. Não ponha a sua felicidade em estar com alguém.
p) Lembre que a maioria dos meninos também foi criada acreditando nesses clichês todos, acham que isso é uma forma de amar. Adote o jogo limpo. Lembre dos acordos prévios que devem ser estabelecidos e conhecidos pelos dois.
q) As reações dele quando você se comporta como ele, dizem muito!
r) Ele tem ataques de raiva? Mesmo que não sobre para você, mesmo que não seja sobre você, mesmo que você tema pela saúde dele: diga para ele esfriar a cabeça sem usar essa raiva para erguer a voz para você, falar entre os dentes, ou xingá-la. Não aceite o argumento de que ele te faltou com o respeito por estar nervoso.
s) Estar sem um relacionamento não é feio, não é ruim, não é um fracasso. Não deixe ninguém fazê-la acreditar nisso.
t) Banque -se. Emocionalmente. Socialmente. E, na medida do possível, financeiramente.
u) Se estiverem dividindo um lar, a louça, o banheiro, as roupas para lavar, secar e passar são dos dois. Se ele não souber ensine. Não assuma ser responsável por algum senso de dever do tempo do epa! Lembre dos acordos prévios!
v) Respeite os lances que são só dele. Não o deixe dependente de alguma ação sua, pois ele pode querer contrapartida. Exija o mesmo respeito para os seus lances.
x) Tenha amigas!
z) Seja feminista.

NIKELEN WITTER

Historiadora, pesquisadora e escritora. Mais em: 

http://nikelenwitter.sul21.com.br

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