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Foto: Reprodução/MGM

The Yellow Brick Road | Por Rodrigo Ricordi

Dia desses, assisti a um trecho de uma entrevista do Oswaldo Montenegro e fiquei com uma sensação incômoda. O corte do vídeo é um momento em que o cantor e compositor fala sobre a morte. Em certo momento ele cita essa frase, que atribui ao poeta Carlos Drummond de Andrade: “A dor passa, mas não passa ter doído”. Essa linha está martelando na minha cabeça e eu não consigo decidir se ela me dói ou se ela me acalenta.

Desde que fomos fecundados, já começamos a morrer e a perder. E não vejam isso, caros leitores, de forma lamuriosa. Convenhamos que pensar a vida de forma prática (seja lá o que isso signifique) não é um caminho colorido. Dorothy nos mostra isso, mesmo que o caminho dela estivesse desenhado e pintado de amarelo. E relações pessoais são nossa principal atividade. Sem outros humanos, não sobreviveríamos dentro de um padrão social, é claro. Perder um ser humano é doloroso. E não se trata só de morte. A gente vai perdendo mais gente pelo caminho.

Dia desses, encontrei uma amiga que, em tom de brincadeira, me deu um tapa na cara ao dizer “sempre sofrendo por amor, né, amigo? Desde que te conheço tu tá assim (mais de uma década)”. Se partirmos do mote do texto, de que a dor passa e não passa ter doído, o que acontece com esse tipo de gente como eu? Seria eu um perdido em uma estrada de tijolos amarelos oval? Admito que sou um teimoso sentimental de nível obsessivo. Oswaldo Montenegro afirmou odiar a morte, eu também. Odeio a morte de cada segundo que ficou para trás. O fim do que ficou no campo da expectativa e só tem forma dentro de uma memória que só existe na minha cabeça. Não passa ter doído porque quando dói é porque um lado cortou a linha, a projeção, a continuidade. Quem fica não esquece, talvez seja isso.

Acho que nesse caso, dor e amor não se separam e são simbiontes. E assim como o que nos causa dor não passa, o amor também não. Eu amo todo mundo que já amei. Amar alguém é um marco na vida do sujeito. Quando a gente dedica esse sentimento a outro ser, ele não se dilui no tempo. Alguns amores ficam engavetados, outros ficam renegados. Mas eles não somem. E mais marcante ainda é quando esses dois sentimentos, aparentemente opostos, se unem em um fato é o gozo total dos analistas. Ah, Dorothy, acho que o homem de lata está melhor do que eu.

De fins e recomeços a vida está repleta. Mesmo que por caminhos longos ou atalhos, o coração nos leva a seguir. Tento aqui não fechar o pensamento no que está prescrito na psicanálise. Tento nesta escrita encontrar o m(eu) mágico no fim da estrada. Mas me ocorre que isso pode não ter fim em vida. Assim como não tem fim a dor e nem o amor. E o barato da vida está nisso? Somos homens de lata, leões e espantalhos completos incompletos. Não são o coração, a coragem e o cérebro. É mais que isso e é tudo isso. Mas não passa ter doído.

“Maybe you’ll get a replacement,
There’s plenty like me to be found.
Mongrels, who ain’t got a penny,
Sniffing for tid-bits like you on the ground”
(Goodbye Yellow Brick Road – Elton John)

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