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SEM SENTIDO

Era montanha
Era russa
Não era, é
Revolução
Uma doida varrida
Na multidão tão
Careta e carente
E despertou
Em tempo
De tocar
A alma
Cantou
Compôs
Inovou
O berço
E nasceu
Em dó maior
Lançou-se
Ao destino
De passos curtos
E pesados
Que nem o vento
Leva
Fez dos pés
Sua casa
Seu telhado
Seu porto seguro
Era em cada passo
Curto ou largo
Duro ou frouxo
Sincero como uma torta na cara
Que fez seu trilho
Voou feito trem
Que não há nesse mundo
E não era uma,
Era ventania
Na bagagem
Folhas de todas
estações

De sul a norte
Terras
Culturas
De tanto ver
De tanto sentir
Empurrou
O mundo que conhecera
Pra um João sem ninguém
Enterrou fantasias
de menina
Com flores em lápide
de vestido preto e curto
Vestiu o luto e morreu
Pra renascer
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