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Sarita no Copacabana Palace | por VITOR BIASOLI

Sarita é uma personagem de Sérgio Porto, em “A grã-fina de Copacabana”, uma das novelas de As Cariocas, livro publicado em 1967. Quando inicia a novela, ela está debruçada na janela da garconnière do amante, em um edifício da Avenida N. Sra. de Copacabana.

O amante é um cirurgião plástico que possui uma clínica no quinto andar do prédio e, logo acima, também um apartamento para encontros. A amante assiste ao médico se despedir da esposa na calçada, constata que a mulher dirige um belíssimo carro esporte, “um modelo Fiat especial”, e resolve pedir um igual. O texto não descreve o automóvel, apenas indica que só existem dois desse modelo no Rio de Janeiro, e a novela gira em torno da maquinação de Sarita para conseguir o carro.

Na sequência, a personagem vai ao Copacabana Palace para se encontrar com um jovem paulista de família quatrocentona, proprietário do outro exemplar do “modelo Fiat especial” almejado. Cid (é esse o nome do rapaz) está na pérgula do hotel, “sentado numa das mesinhas que contornam a piscina”, tomando “um biter Campari”, e, quando avista a bela Sarita, levanta-se para chama-la. Uma cena do Rio de Janeiro elegante. Sarita e Cid conversam, discutem o negócio, e depois saem para dar uma volta no carro. Disparam pela Avenida Atlântica.

Numa das vezes em que estive na pérgula desse hotel (para conhecer os pontos turísticos do Rio), tomei um cálice de vinho branco que me custou os olhos da cara. Me instalei numa dessas “mesinhas que contornam a piscina” e não assisti ao encontro de Sarita com Cid. Próximo a minha mesa, havia um grupo de homens conversando (todos eles com mais de 50 anos, volta e meia atendendo os celulares) e, ao lado, o mesmo número de moças de maiô, suas acompanhantes, muito mais animadas, pousando umas para as outras com cálices de espumante nas mãos. Ou, quem sabe, de Champagne, sei lá.

Eu estava ali para conferir um dos ícones cariocas, com o mesmo espírito que me guiara ao caminhar pelo Catete, visitar o antigo palácio presidencial (hoje Museu da República) e depois sair olhando o que resta dos antigos casarões (alguns do tempo do Império). Outro território emblemático do Rio de Janeiro e também objeto de outra novela de Sérgio Porto, “A noiva do Catete”, na qual pontifica Luci, 24 anos, mais modesta do que Sarita, “carioca e bonitinha”.

Reli As Cariocas, dias atrás, e fiquei surpreso com o fato de ter me agradado tanto quanto no início dos anos 70, quando li pela primeira vez. Sérgio Porto (1923-1968) se notabilizou por livros de sátira, inclusive de gozação em relação ao poder militar instalado pelo Golpe de 64, os quais publicava com o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta. Os textos de humor ficaram datados, mas não é o caso desse conjunto de novelas. Ficção que, na maioria das vezes, faz um retrato agradável do mundo carioca. Exceção feita à novela “A currada de Madureira”, o drama de uma honestíssima esposa que casa com um funcionário do Jogo do Bicho e depois o entrega à polícia, com o propósito de regenerá-lo. O bicheiro não gosta e ordena uma punição.

Da próxima vez que for ao Rio, vou procurar o prédio onde Sarita e o amante se encontravam na Avenida N. Sra. de Copacabana. Chama-se Edifício Lido, conforme indica a narrativa. Talvez o prédio não seja ficcional, como não era o Copacabana Palace nem a pérgula no entorno da piscina do hotel, que existiam na década de 1960 e permanecem ainda hoje. O hotel, por sinal, completando cem anos neste ano de 2023.

 


Foto: Dartanhan Baldez Figueiredo

Vitor Biasoli

Nasceu em Pelotas, em 1955. Graduado em História (UFRGS), fez mestrado em Letras e doutorado em História. Lecionou 38 anos, um tanto no Magistério Estadual ou tanto na UFSM, e hoje está aposentado. Publicou livros individuais e coletivos, entre eles “Calibre 22” (poemas) e “O fundo escuro da hora” (contos). Faz parte da Turma do Café.
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