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Santa Maria, aplaudamos e cobremos | por Luciano Rorato

Santa Maria chega a 165 anos de emancipação na data hoje, 17 de maio, e nos oferece tantas coisas boas para que possamos comemorar com altivez o aniversário dessa cidade que propicia tantas oportunidades a quem habita aqui, sejam os santamarienses de nascença ou os santamarienses por opção. Saímos de um evento magnânimo a 50a Feira do Livro que nos apresentou várias atividades no decorrer de 15 dias fazendo jus à alcunha de Cidade Cultura, mostrando a artistas estrangeiros, locais e também nacionais que por aqui se conhece a produção cultural, encantando participantes, visitantes e os consumidores de literatura, assim, solicitemos, sempre, que mais eventos desse porte possam ser apresentados à cidade e também à região.

Convenhamos que uma cidade que respira jovialidade com os estabelecimentos de ensino que abrigam diversas faculdades e que propiciam também um entendimento crítico daquilo que precisa se solidificar para que se atribua uma consciência cidadã nessa parcela de juventude que será os profissionais de amanhã, deve cada mais oferecer uma cidadania cultural, num caldeirão efervescente que inclua diversidade, arte e respeito. Por ser uma cidade que demograficamente atinge a casa de mais de 296 mil habitantes, segundo dados do IBGE, censo de 2022 e altamente urbanizada; a cultura e a contracultura devem permanecer na guerra dialética, embebecidas do antagonismo que o fenômeno da urbanização oportuniza aos participantes dessas agitações socioespaciais. 

Seja a erudição poética lusitana, a arte cênica representada tanto no Treze de Maio como nas praças da cidade, os saraus de poesia em diferenciados bares do Centro Histórico, bem como as apresentações de danças, os shows de diferentes ritmos musicais e também as mostras religiosas de todos os matizes que compõem a cidade, verificamos que o ganho é enorme. É importante destacar que todos saem vencendo, pois é a afirmação de manifestações instrutivas que recupera a Santa Maria a vontade de se reestabelecer enquanto cenário urbano e que tenta cicatrizar uma ferida que há dez anos está na epiderme da cidade.

Observemos, com um olhar no mínimo atento, que nem tudo requer aplausos nessa cidade de porte médio, uma vez que ao nos depararmos com questões sociais, encaramos os problemas de cunho educacional, ambiental e de mobilidade urbana, que faz com que reflitamos o fato de que ainda há muita coisa a ser realizada na nossa cidade. Estudos de cursos da Pós-Graduação em Geografia, Arquitetura e Engenharia nos apresentam dados que fazem com que cobremos cada vez mais do nosso legislativo e do nosso executivo, melhorias na nossa infraestrutura urbana. Problemas nas nossas vias de circulação, demoras nos atendimentos nos postos de saúde com suas variadas reclamações nas mais diversas redes sociais, falta de manutenção de creches e de escolas, onde se institucionalizam a Educação, o pilar para que crianças e adolescentes convivam bem entre si e tenham a oportunidade de se tornarem pessoas cada vez melhor, motivam que brademos em prosa e verso os avanços urgentes em diversas áreas estruturantes que devem nos ser assegurados.

Cobremos também ruas pavimentadas, parques bem alinhados para nosso lazer, segurança pública para nossa proteção, exijamos acesso a todos equipamentos urbanos, protejamos o nosso patrimônio histórico-cultural, cuidemos do nosso meio ambiente e pensemos na reciclagem de resíduos sólidos. Tais solicitações obrigatórias para que vislumbremos nas políticas públicas um modo de atender o bem-estar social da totalidade e assim dirimir cada vez mais as diferenças socioeconômicas. Não esqueçamos a questão da mobilidade urbana que precisa ser ofertada a todos moradores, independente da região de Santa Maria que as pessoas habitem, que elas possam se integrar com toda a cidade, desfrutando do que ela disponibiliza à sua população. 

As iniquidades ainda são presentes e precisam ser eliminadas, viveremos com mais dignidade, tolerância e também reconhecimento do significado real da cidadania quando forem solucionadas as chagas da exclusão e da vulnerabilidade. Santa Maria precisa exemplarmente de um modelo que tanto benefício poderá trazer a nós moradores que amamos essa cidade, como pode ser uma grande referência ao nosso país.

 

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Luciano Rorato, santamariense, graduado em Engenharia Civil pela UFSM, Gerente de Projetos pela CEEM-FGV e Mestre em Geografia também pela UFSM, tem uma forte admiração pela cidade na qual nasceu, cresceu, viveu e conviveu. Já morou em Porto Alegre, em São Paulo e em Montreal no Canadá, sempre com um olhar voltado a sua cidade de nascença. Ele enxerga em Santa Maria uma cidade que se expande demograficamente, economicamente e culturalmente, mas que tem muito que se aprimorar socioespacialmente, afirma convictamente que quando a totalidade da cidade se integra com o que é ofertado pelo caldeirão cultural, a riqueza da diversidade pluraliza e torna Santa Maria um melhor lugar para viver.  

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