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São Paulo. Foto: Melina Guterres

Quem quer ser um unicórnio? por Mel Inquieta

Que a sensação de pertencimento possa ser válvula para o fim de todos Brasis Colônias que ainda permeiam por aí e em nós

Lá na minha infância dos anos 80, 90 sem internet a gente já vivia muito expostos a milhares de produtos estrangeiros, desenhos, filmes, refrigerantes, etc. Quando me contaram que o “refri” que eu mais gostava (Cyrilinha) era da minha cidade (Santa Maria-RS), senti tanto orgulho. Já adulta, quando criaram uma lei que determinava que os canais de TV paga tinham obrigação de exibir produções nacionais, eu senti aquele “agora vai”, aquela percepção de “cultura colonizada” começava a findar com o Brasil vendo o Brasil.
Lendo a reportagem da BBC Brasil também publicada na revista Época (veja aqui) sobre o colonialismo digital, fiquei refletindo sobre o quanto o “Brasil colônia” permeia em outros setores.
Segundo a reportagem, sete superplataformas chinesas e americanas detêm sozinhas dois terços do valor total do mercado digital no mundo todo. Em conjunto, elas controlam um mercado estimado em US$ 7,1 trilhões..
No Brasil há pouco mais de 36 mil empreendimentos de economia digital registrados. Enquanto isso, na Europa, Japão, e Estados Unidos os números mais que triplicam. A América Latina já registrou 19 unicórnios (start-ups com valor superior a US$ 1 bilhão) mas que acabam na maioria das vezes compradas e engolidas pelas plataformas dominantes.

Fiquei pensando aqui mil coisas com essa reportagem e brincadeiras pra fazer com a palavra unicórnio como “substituiu aí o nome de um filme com a palavra unicórnio: Quem quer ser um unicórnio?.”, mas fato mesmo é que minha memória afetiva ficou lá na Cyrillinha e deu sede!

Soube que uma época eles voltaram a produzir, alguém sabe dizer se estão ativos? Nas minhas memórias também habitam a movimentação de uma fábrica de telhas e tijolos que ficava ao lado da casas dos meus pais. Gostava de ir pra sacada assistir de longe o que se passava lá.

Lá numa certa Av. onde é um hoje é um banco, uma senhorinha certa vez me contou que muito bailou num velho casarão. Numa outra rua, uma moça chorou quando viu que a casa dos avós haviam sido derrubada pra virar farmácia.

Que o Brasil tenha o delicado cuidado de preservar suas memórias, seu patrimônio, suas empresas, suas pessoas, sua cultura.

Que a sensação de pertencimento possa ser válvula para o fim de todos Brasis Colônias que ainda permeiam por aí e em nós. Que os nossos unicórnios fiquem por aqui, que nossa terra seja fértil para muitos outros se desenvolverem, quem sabe um dia sejam eles a proclamarem “independência”.

P.S: Tenho estudado sobre nova economia, capitalismo consciente, empresas humanizadas e inovação. Não acredito em desenvolvimento sem humanização. A medida que for aprendendo, vou compartilhando com vocês na editoria SINA EMPREENDEDORA

 

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