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Pensemos numa ala da empatia…. por Mel Inquieta

Nos conhecemos por algumas horas. Pela manhã dei bom dia ao levantar. Logo ele levantou também, veio conversar comigo e com os demais pacientes que dividiam a mesma sala do Pronto Socorro.

Fabiano, um rapaz gordinho que aparentava uns 40 e poucos anos, contou que era de Jaguari. Teve um enfarte e veio de ambulância de Jaguari até Santa Maria. Contou que adorava uma carne gorda e agora ia ter que começar a se cuidar. ““Há tempos sentia uma dor no braço esquerdo, mas não achei que fosse nada sério. A gente vai deixando… acha que não é nada, né?” Ao meu lado, outro senhor com problemas no coração também trocava uma ideia com o rapaz. Lembrei das pesquisas a apontar  que os homens tendem a procurar mais tardiamente os médicos e morrem mais cedo  do que as mulheres.
Não deu 1h, Fabiano enfartou na nossa frente. Só ouvia sua esposa dizer: “respira amor”, repetidas vezes. Logo chega a equipe de saúde do hospital, tendo que afastar com pressa a maca a senhora de São Luiz Gonzaga, assustando a mim, mais dois pacientes e seus acompanhantes que dividem a mesma sala apertada do Pronto Socorro do Hospital de Caridade. O rapaz é levado à sala ao lado. Impossível não se emocionar com a situação e o choro da sua esposa que podia ser ouvido no corredor. “Respira, respira, respira!” Numa súplica como se a sua voz, sua fala pudesse mudar aquela situação.
Fico com 3 idosos e 2 acompanhantes em estado de nervos, pedindo água. Levantei, começo a conversar com as pessoas e, numa tentativa de tentar acalmar o ambiente, pergunto se alguém queria ouvir poesia. Descubro então, que a senhorinha de São Luiz Gonzaga, a qual teve a maca empurrada para dar passagem ao Fabiano, é uma professora de Letras, aposentada, prima de um grande poeta gaúcho. A filha dela também escreve poesia e o neto cursa Letras.
Depois fui buscar água. A esposa do Fabiano chorava no corredor. Não a tinha visto antes, apenas escutado a sua voz. Perguntei se era ela que estava no quarto e disse que o seu marido fora muito simpático conosco. “A gente estava junto há 23 anos. Ele sempre foi assim, gostava de conversar com todo mundo”. Sem pensar, abracei a ela que estava só. E ela me abraçou como quem se segura para não cair.
Eu sinto muito – disse.
Logo ela foi chamada para ver o corpo do marido, voltei para minha maca, conversei mais um pouco com meus “colegas” de quarto. E como ontem, olhei para paredes acinzentadas, imaginei-as repletas de poemas, uma sala de estar onde as pessoas que necessitam desse ambiente possam ter mais oportunidade de troca e a gentileza uma com as outras, algo tão importante no processo de cura seja entre pacientes e trabalhadores da saúde.

P.S: Desde ontem aguardando leito, mesmo com plano de saúde. Uma tristeza ver um hospital como o Caridade num estado de calamidade. Além disso, seria importante um psicólogo para acompanhar os pacientes e acompanhantes, ainda mais depois de verem alguém morrer diante deles. Pode ser habitual para os profissionais da saúde, mas não é a rotina de quem não atua na área.

O que faço aqui? Exames, crise alérgica. Mais, só o tempo dirá.

No face:

 

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One comment

  1. Melina, não sabia de tua internação. Estou ausente das redes. Egoísta. Cuidando de meus problemas de saúde e dos problemas da família. Desejo que não seja nada grave e que você volte logo a usar de tua “liberdade de movimento” para continuar a sacudir a pasmaceira da pandemia e a lutar pela democracia. Sou ausente, mas te amo, menina. Como sei que gostas de cães, aqui vai uma notícia que me balançou (tu sabes que além de ranzinza tenho uma implicância com animais em cativeiro, mesmo o doméstico. Mas Teka, a pastora alemã da minha Nora e do Joca, me conquistou e agora, trouce muita felicidade e alguma tristeza: Teve dez filhotes. Infelizmente, dois natimortos. Um terceiro, o último a nascer, estava morrendo, mas Líbia, minha nora, conseguiu reanimá-lo aplicando massagem no coração sob a orientação do namorado de sua irmã (veterinário) via celular. O milagre do amor combinado com a tecnologia. Fabiano viverá na memória dos colegas de quarto e no coração se sua esposa. Com carinho e preocupação.

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