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Foto da Sarah Pflug/Burts

O clichê do Carnaval: um evento ou um lugar dentro de nós por GRAZIELA MIOLO

Eu fujo dos clichês… talvez porque perceba neles um tanto de sedução. Um amor icônico, uma música romântica, um jantar a luz de velas e uma troca de olhares cheios de tesao, seduzem, é inegável! Talvez porque signifique o indício de um conto de fadas. E se eles existem a fantasia existe… a dureza da realidade encontra uma zona de escape. Aquela dificuldade em encontrar o tempo certo do amor, a química certa. A necessidade de construção pelo diálogo. O empenho em fazer acontecer, cai por terra quando na década de 90 Richard Ghere chega numa limosine branca(muito melhor que um cavalo branco, não é?!?) com uma rosa, “salvando” a bela Julia Roberts da sua sina de ser garota de programa. Para os mais jovens, eu estou retratando uma cena do filme: Uma linda mulher. Um conto de fadas moderno, assim foi descrito na época.
Os clichês têm esse apelo sedutor. Eles são como uma estrada asfaltada na madrugada. Sem sono…só vai…
Então… escrever sobre o Carnaval no “país do Carnaval” e nas vésperas dele, é um clichezão! Talvez porque o Carnaval seja a própria expressão do clichê! Ou seja, ele é! Não existem subterfúgios. Aquilo que se gostaria naqueles 4 dias se expressam. As fantasias (em todos os sentidos) são permitidas. Não existem interrupções. Existe um deslizar do desejo em prol do prazer. O corpo balança… se expressa… a música sustenta… o samba acalenta… e a vida suspira. É um hiato que se abre onde o dever e a preconcepção dos papéis podem ser “brincados”. O homem pode ser mulher, a mulher pode ser homem, a freira pode ser sensual, e o padre pode ser bissexual. Pode ser! Tem uma permissão serena onde os desejos possam ser…
Esse não seria o maior dos contos de fadas?!? Onde o clichê ganha espaço na dualidade, no paradoxo da expressão. Tem uma perfeição que se sustenta pela energia que se esvai ao som do funk. O corpo toma o ritmo da batida sexual, da letra é que é o próprio ato sexual, como se ele pudesse de fato servir ao que lhe cabe. Sentir! Desejar!

O samba sustenta o vai e vem das ancas das mulheres,  e o trejeito amoroso dos pés daqueles homens sedutores que sabem mostrar ao que veio o samba em seus corpos.
Não seria essa a expressão maior do que pode, do que quer e do que deseja o corpo humano? O movimento? O sexo? O desejo?

Naquelas melodias, naquele sorrisos, naquelas fantasias e maquiagens, todos os deveres vão embora. Eles escoam. O hiato do Carnaval permite que o desejo impere. Não existem porquês. Não existem senões. Para quem se permite brincar o Carnaval o que existe é desejo, é sorriso, é alegria, é vida pulsando.

É a intensidade da vida que absorve, e mantém viva a ideia de que somos humanos, e não robôs. Os cyborgs que passam a semana esperando o final de semana para viver, agora podem enfim viver, despreocupadamente. Nada precisa ser construído ou planejado, a não ser onde vai a lantejoula ou qual o gliter mais bonito para aquela maquiagem.
Não precisa investimento, a não ser da garantia da folia e do prazer.
Será por isso que o Carnaval incomoda, alguns?!? Será por isso que os clichês me incomodam?! Ambos são o óbvio. O dado. O que escoa sem conflito. Saberíamos viver sem o conflito entre o que se obriga e o que se deseja? Aquilo que escapa não  garantia que possamos lembrar da nossa humanidade? Somos freiras e passistas. Somos baianas e rainhas de bateria. O clichê pode nos salvar ou nos aprisionar. Mas afinal, o que teríamos de vida sem ele?

A reflexão que fica é que o Carnaval, vivido na prática ou não, pode ser capaz de libertar os clichês…aqueles que nos habitam, e que buscam conforto e por isso atestam o quanto viver é posição, e escolha… direção e sustentação… viver é assumir quem se é, o resto é sobreviver. Pode ser arlequim, pierrot, colombina ou a réplica da Anitta, mas pra qualquer uma dessas fantasias é preciso coragem…uma coragem que o Carnaval garante. Aquele Carnaval que acompanha quem mergulha na magia do lúdico e é capaz de se inventar por mais de 4 dias no ano. O Carnaval pode ser um evento de 4 dias anual… ou uma sensação libertaria que encontra uma dignidade ansiosa naqueles que enfrentam seus medos e mergulham em si. O Carnaval pode ser um evento dentro de cada um de nós… depende apenas de coragem e disposição pra isso!

Podemos viver brincando… ou brincar de viver… um hiato ou uma prisão, tudo é questão de escolha e consciência de si.

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