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Minha jumentice por EMIR ROSSONI

Minha jumentice venceu. Está provado. Não ter estudado deu certo. Não foi preciso ler Kant, Lacan ou Candido. Paulo Freire é passado. Dedico meus neurônios à titica.

Ninguém é obrigado. Nem a entender de economia, nem de equações matemáticas, nem de crer que cadeirinhas salvam a vida das crianças. Ninguém é obrigado a preservar a vida dos próprios filhos. Por conseguinte, dane-se o meio ambiente. Ninguém gosta de meio ambiente. Ninguém gosta de pastar. Quero é carne bovina no meu freezer. Quero gerar titica. Mais e mais.
Eu sou o prático, sou o técnico. Não preciso conhecer o mecanismo. Preciso apertar o botão. E vestir minha camiseta amarela. E falar o que está no evangelho.
Minha preguiça está no poder. Somos a força. Somos o velho jeito Homer Simpson de ver o mundo. Não sou intelectual. Mal sei a diferença entre aquecimento global e estações do ano. Por isso, quero alguém como eu no poder. Que me represente. Que entenda como enxergo o mundo. Não quero um intelectual me dando ordens. Não quero alguém que escreva corretamente o português ou que assim se expresse, ou então alguém que saiba ler ou racionar. Quero o simplório. Quero minha limitação governando.
Assim eu entendo o que se passa. Quando mais reto melhor. Quanto mais plano, mais eficaz. O ser humano não é complexo. É apenas um monte de carne. E titica. Somos carbono, uns em estado mais lapidado, eu menos. É assim que deus nos fez. Somos todos conges, kaftas.
Somos os coiso.
Na melhor das conjugações não concordantes. Digo não à Metamorfose, não a Crime e castigo, não a O processo. Preciso de alguém que simplifique. Que sirva o bife mal passado da literatura. Ninguém tem mais tempo ou paciência para Umberto Eco, para Morin, para Bauman. Quero o papo reto da coxinha frita antes que torrem meus miolos.
Minha jumentice venceu. Que fale agora quem passou trinta anos estudando. Quem dedicou a vida à ciência. Que fale agora quem perdeu tempo. Quem vê minha titica no mesmo patamar que sua ciência. Digo e repito, ciência de nada vale. Tem mais é que cortar verba, árvore e pulsos. Tem que derrubar casarão tombado. Quero pasto pro gado. Quero arranha céu. O mais alto do mundo. Quero chegar mais perto de deus. Quero meu pasto. Meu pasto verdinho. Alguém que fale sem pensar. Que governe sem pensar. Porque eu sou assim. E ser assim é ser autêntico.
Somos muitos jumentos. Somos milhões de amarelo. Vejo o twitter todos os dias. Leem pra mim lá no trabalho. O melhor meio de comunicação que existe. Em breve terei o meu. O meu próprio twitter pra dizer tudo que penso. Falta pouco. Logo terei o meu. Assim que eu aprender o que significam esses sinais no teclado.

 

Emir Rossoni

É autor de “Caixa de Guardar Vontades” (vencedor do Prêmio Açorianos de Literatura e do Prêmio Guarulhos de Literatura de Livro do Ano em 2019), “Domanda Nísio” (vencedor do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura em 2018 e do Prêmio Bunkyo em 2020), e “Erros, Errantes e Afins” (Prêmio CEPE de Literatura 2020). Ministra desde 2016 a oficina literária “As duas histórias do conto” e o curso “Escrevendo sem Inspiração”.

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