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MADRUGADA INQUIETA | DOIS FILMES PARA PENSAR SOBRE NOSSOS TEMPOS

Imagem do filme "Não olhe para cima"

por Mel Inquieta / Melina Guterres

Quem trabalha com conteúdo sabe que uma vírgula pode mudar todo sentido de uma frase.

Imagina quem trabalha com dados. O filme “Dilema nas Redes” mostra bastante o conflito ético de profissionais que entendem bem de inteligência artificial e o tanto quanto ela é nociva. Fake news dão mais lucro para empresas que notícias verdadeiras. E quem já está careca de saber de tudo isso e assistiu “Não olhe para cima” deve estar batendo palmas no seu sofá. O filme disponível somente na Netflix é uma sátira a todo negacionismo. Com grande elenco como Leonardo DiCaprio e Meryl Streep, impossível não associar o filme de Adam McKay com os governos Trump e Bolsonaro em relação ao Covid.

A sátira apocalíptica mostra o desdém dos governos com a ciência, a supervalorizaçâo do supérfluo. No filme um cometa capaz de destruir a Terra é anunciado pelos cientistas. Na realidade se os governos tivessem tomado medidas preventivas e comprado vacinas antes, não teríamos tantos números de mortos por Covid.

O negacionismo parece tão ilógico assim como os grupos que voltam a afirmar que a Terra é plana.

No entanto não dá pra avaliar esses tempos sem debater a Inteligência Artificial, sua capacidade de segmentar e influenciar grupos.

Os dados que “O Dilema das Redes” traz mostra um mundo cada ano mais polarizado. Cada pessoa recebe informações conforme seus gostos pessoais e assim vão formando seus grupo, alguns catastróficos capazes de promover a violência e assassinatos em massa.

Os algoritmos não são capazes de distinguir certo de errado, mas induzem e fomentam qualquer lado. São números, bolhas de informações. Por mais que as tecnologia avancem, a Inteligência Artificial serve para quem?

Não existe bem e mal. Existem várias verdades e o capitalismo acima de tudo.

O ódio, as fake news, geram engajamento e lucro.  Nenhuma novidade para indústria bélica, que lucram a cada nova guerra. A morte, violência dá visibilidade, pergunte para qualquer editor de site de notícias.

A questão é como sair dessa bolha lucrativa da banalidade do mal.

As máquinas fomentam o que cada um propaga. Umberto Eco que faleceu em 2016 já dizia  “As redes sociais deram o direito à palavra a legiões de imbecis que, antes, só falavam nos bares, após um copo de vinho e não causavam nenhum mal para a coletividade. Nós os fazíamos calar imediatamente, enquanto hoje eles têm o mesmo direito de palavra do que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis”.

Os “imbecis” desse tempo crescem com a ajuda da Inteligência Artificial. A pós-verdade, (capacidade das emoções sobrepor-se à verdade), impera.

Mas ela também não é novidade. Na Alemanha nazista, as pessoas se deixaram influenciar e quase exterminaram o povo judeu.

Hanna Arendt, em sua obra Eichmann em Jerusalem, diz que o nazista Adolf Eichmann, um dos responsáveis pelo transporte dos prisioneiros judeus para os campos de concentração, que levaria milhões de pessoas aos mais diversos tipos de torturas e à morte, disse em seu julgamento que apenas cumpria ordens.  Hanna ainda diz: O problema com Eichmann era exatamente que muitos eram como ele, e muitos não eram nem pervertidos, nem sádicos, mas eram e ainda são terrível e assustadoramente normais. Do ponto de vista de nossas instituições e de nossos padrões morais de julgamento, essa normalidade era muito mais apavorante do que todas as atrocidades juntas, pois implicava que […] esse era um novo tipo de criminoso, efetivamente hostis generis humani, que comete seus crimes em circunstâncias que tornam praticamente impossível para ele saber ou sentir que está agindo de modo errado”.

Os filmes “Não olhe para Cima” e “O dilema das redes” disponíveis na Netflix, nas suas diferentes narrativas e críticas pautam muito bem a questão da pós-verdade e questionam sem dúvida o que é o modo certo e errado de agir nos dias de hoje.

Zygmunt Bauman, que faleceu um ano depois de Eco, e chamou os tempos atuais de Modernidade Líquida dizia “na sociedade de consumidores, ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria, e ninguém pode manter segura sua subjetividade sem reanimar, ressuscitar e recarregar de maneira perpétua as capacidades esperadas e exigidas de uma mercadoria vendável”.

Como Bauman, os profissionais que prestam depoimento no filme “Dilema das Redes”, dizem exatamente o mesmo. Todos são produtos. A “invasão dos imbecis” de Eco está desenhada nas cenas de “Não olhe para cima”. E infelizmente a banalidade do mal apontada por Hannah segue bem presente em todo o mundo.

A pergunta que faço é :

Enquanto a ignorância for moeda, que futuro teremos?

Fica a dica de dois filmes para assistir  e 3 autores para ler neste fim de ano e rever e reler nos anos seguintes.

 

SINOPSE: 

Dois astrônomos descobrem que em poucos meses um meteorito destruirá o planeta Terra. A partir desse momento, eles devem alertar a humanidade por meio da imprensa sobre o perigo que se aproxima.

P.S: Em Não Olhe para Cima tem duas cenas pós créditos, assistam!

SINOPSE: 

Especialistas em tecnologia do Vale do Silício soam o alarme do perigoso impacto das redes sociais na democracia e na humanidade como um todo.

AUTORES:

Hannah Arendt, na Universidade de Chicago em 1966. © ART RESOURCE / HANNAH ARENDT BLUECHER LITERARY TRUST

Hannah Arendt

Judia nascida na Alemanha, Arendt vivenciou os horrores da perseguição nazista, o que motivou a sua pesquisa sobre o fenômeno do totalitarismo. … Suas principais obras são “As Origens do Totalitarismo”, “Eichmann em Jerusalém”, “Entre o Passado e o futuro” e “A Condição Humana”.  Segundo Hannah Arendt, a banalidade do mal é o fenômeno da recusa do caráter humano do homem, alicerçado na negativa da reflexão e na tendência em não assumir a iniciativa própria de seus atos. O ser contemporâneo se relaciona com a imagem fabricada de si, distanciando-se cada vez mais de sua essência humana.

 

UMBERTO ECO

 

Umberto Eco 

(1932-2016) foi um escritor, professor, filósofo e crítico literário italiano. Autor do best-seller “O Nome da Rosa”, exerceu grande influencia nos círculos intelectuais de todo o mundo, nas décadas de 60 e 70, por sua teoria da “obra aberta” e outras pesquisas na área da estética e da semiótica. Eco defendia que era impossível lidar com a interpretação sem analisar a percepção (que era a base de todo o processo), a cultura, a tradução etc.

 

Zygmunt Bauman

 

Zygmunt Bauman

Sociólogo polonês, utilizou o conceito de “Modernidade Líquida” (ou “Pós-Modernidade”) como forma de explicar como se processam as relações sociais na atualidade. Esses seriam, para ele, justamente, os traços essenciais das relações sociais na atualidade.  Assim, duas das características da modernidade líquida são a substituição da ideia de coletividade e de solidariedade pelo individualismo; e a transformação do cidadão em consumidor

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