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Eu, o Covid e o Brasil por Mel Inquieta

Hoje é 1º de maio, dia do Trabalho, Dia Internacional do Trabalhador.

Em  1 de Maio de 1886, em Chicago nos EUA, aconteceu um manifesto, uma grave, onde trabalhadores solicitavam melhores condições de trabalho. Eles tinham carga horária diária que chegava a 17h. Durante a manifestação houveram confrontos com a policia, prisões e mortes de trabalhadores. O fato fez incendiar manifestações pelo mundo todo que garantiram direitos e atual jornada de 8h.

No Brasil, em dia 7 de janeiro de 2019, o atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, anunciou oficialmente a extinção do Ministério do Trabalho Emprego e Previdência (MTE), criado por Getúlio Vargas há 90 anos. As pastas foram incorporadas a outros Ministérios. 

Destituição do Ministério do Trabalho em 2019. Imagem: reprodução

 

A imagem da destituição do Ministério foi impactante. Até hoje recordo como prenúncio de uma tragédia. Desde então, visualizamos uma série de desmontes no país. Quando a pandemia chegou, o presidente que chegou a chamar Covid de “gripezinha”, se negou a comprar vacinas, fato poderia ter evitado mais de 91 mil mortes (segundo reportagem na The Intercept Brasil).

Hoje, 1 de maio de 2021, o país contabiliza 406.565 óbitos por Covid (balanço do consórcio de veículos de imprensa com informações das secretarias de Saúde). Até então, mais 14 milhões foram infectados pelo vírus, inclusive eu, que nos primeiros dias acreditei que não estaria aqui para contar essa história. Vizinhos da minha infância recentemente perderam pai, mãe e cunhado. Eles e tantos outros estão perdendo, perdendo e perdendo.  Em algumas cidades pessoas estão sendo entubadas sem anestesia, o que caracteriza tortura, outras morrendo por falta de UTI e ainda assim discute-se sobre a volta às aulas presenciais.

O mundo diz que Bolsonaro comete crimes contra humanidade, o influencer Felipe Neto foi perseguido por chamá-lo de genocida, a CPI está aí, mas há quem compare e ache mais grave as pedaladas (que, aliás, deixaram de ser crime no governo Temer) da Dilma e finja a cegueira cotidiana.

Vejo a política, ou a falta dela, atingir corpos. É inevitável pensar assim, mortes e sequelas físicas como consequências de um governo incompetente. Em outros países, amigos da mesma idade que a minha já estão vacinados. Aqui, não temos nem previsão.

Relatando a experiência nas redes sociais, percebi que muitos ainda tem sintomas e sequelas após terem se contaminado. Como a doença é nova e ainda temos pouco conhecimento, criei recentemente um grupo para quem quiser debater sobre: https://www.facebook.com/groups/covidianos/

No décimo dia, gravei alguns vídeos de quando estava com fadiga. O vídeo acima é um deles. A playlist completa em 22 takes aqui. 

Segue na sequência, alguns dos relatos que fiz durante estes dias.

27/04/2021
2 semanas após o encerramento do ciclo

Flor voltou. Ela havia ficado na casa dos meus pais, achei melhor, porque não sabia o que poderia acontecer comigo.
Hoje faz 2 semanas que o ciclo se encerrou e quase 1 mês do diagnóstico.
Desde então, desci as escadas do meu prédio apenas 3 vezes fazendo uma caminhada leve que mais parecia uma maratona.
Ontem, a terceira vez que sai, andei 1 quadra e meia, comprei 2 kg de ração no estabelecimento de um senhor que precisou se reinventar na pandemia. Antes trabalhava com transporte escolar. Com o fim das aulas, abriu uma loja de ferragens, em setembro do ano passado. Logo investiu em outros produtos. Estava aberto inclusive no feriado.
Comprei ração e alguns pregos.
Na volta para casa, os 2 kg que carregava se tornaram 20. O percurso, um desafio que não acabava nunca. Meu pulmão e coração pareciam que iam pular para fora do corpo na metade da quadra. Paro na esquina me segurando numa mureta. Sinto-me frágil, lembro do nosso presidente falando que era uma gripezinha, das tantas vacinas que ele recusou a comprar no começo da pandemia, da reportagem do Intercept Brasil sobre 91 mil mortes que poderiam ter sido evitadas se ele tivesse comprado na hora que disponibilizaram.
Respiro, respiro, respiro. Lembro da reportagem que separei para ler sobre as mais de 50 sequelas neurológicas do Covid.
Volto a andar com a certeza de que nada sei sobre a doença, de que vai demorar mais do que imaginava. Penso nos familiares dos tantos que perderam a vida para o Covid.
Carrego meu fardo, subo as escadas, cada degrau parece um salto. Abro a porta, encontro a Flor, que logo vem me receber. Estou viva.
Mas, 392 mil brasileiros não estão.

21/04/2021
1 semana após o encerramento do ciclo

Acabo de escutar na rádio Atlântida um comunicador se emocionando ao relatar a perda de um amigo para o Covid.
Ontem quando ia para a médica (primeira vez saindo de casa após 21 dias do diagnóstico de Covid), fiquei observando as pessoas nas ruas. Cinco sem máscaras, entre estas, uma criança com os pais em pleno calçadão de Santa Maria-RS.
Fiquei angustiada. Será que aquele corpo tão pequenino poderia aguentar uma carga viral de Covid ou de uma de suas variantes? E há quem proteste pela volta as aulas presenciais.
O comunicador na rádio com a voz engasgada e se desculpando pela própria dor, ainda falava sobre o horror, a velocidade da pandemia e a necessidade de valorizar as pessoas enquanto elas estão vivas.
Ontem observando as ruas tive a nítida impressão de que algumas pessoas vivem em um universo paralelo, onde não há pandemia alguma.
Nem me movimentei muito mas cheguei ofegante no consultório. Descobri que fadiga crônica é o sintoma mais comum no pós covid e que ele dura em média 2 meses. Período do qual seguirei com medicação. Ou seja, já que não vai passar tão rápido, melhor se preparar psicologicamente para todo dia seguir sentindo a mesma coisa.
Ainda há muito pouco conhecimento sobre essa doença. Muitos vieram me relatar suas experiências, sintomas, consequências. Cada corpo reage de um jeito, pra uns parece mesmo uma gripe que dá e passa, outros sentem sintomas há meses, outros tem sequelas até na pele.
As pessoas em geral acham que estou bem porque o ciclo do Covid acabou, mas sigo muito cansada e todo dia tem um horário com mais fadiga. Vai passar? Espero que sim! Quando? Não tão cedo. A vida voltou ao normal? Pra quem? Pra quem nunca teve, pra quem nunca perdeu ninguém e pra quem se nega a ver a realidade em volta.

15/04/2021
Um brinde à vida e suas cores.

14/04/2021
1º Dia após o ciclo de Covid

Ciclo do Covid no organismo se encerrando ainda com alguns sintomas. Das quatro medicações (Alektos (20mg), Colchina (0,5 mg), Prednisolona (40mg), Xarelto (10mg) , seguirei com duas (Alektos, Colchina) por enquanto.
Consulta presencial será na próxima terça, 20. Segundo a médica não estou mais transmitindo e posso sair do isolamento, mas sinceramente, me sinto ainda bem fraca até para descer as escadas do meu prédio. Acredito que esse mês todo será de recuperação dessa ressaca covidiana.
Foram tantas sensações, pensamentos, sentimentos que se passaram a ainda passam nesse período que ainda estou digerindo tanta informação.
Agradeço a todos pelo carinho, preocupação, por todos que compartilharam como foram suas experiências. Acho importante essa troca, tanto de afeto, conforto como de conhecimento sobre como cada organismo reage nesse período. Gostaria agradecer também a todos que me colocaram em seus grupos de orações, reiki, altares. Fico feliz em ter tanta diversidade e afetividade em minha volta.
No domingo, dia 11, (12º dia com covid), a roseira que ganhei de minha mãe, floresceu com uma bela rosa amarela. Virou meu símbolo de resistência, sutil, leve e sincera. Ela segue linda, maravilhosa, bela, já eu, tô a cara da ressaca, mas com o bom humor voltando. Rss
Posso dizer que agora, 15 dias depois, entrei para estatísticas dos recuperados. Mas vale lembrar que nosso país hoje está com quase 360 mil mortos por causa do Covid. Todo cuidado é pouco. Cuidem-se e sigamos cuidando uns dos outros.
Como percebi que muito seguem com sintomas, sequelas e tem necessidade de falar e ouvir mais sobre resolvi criar um grupo para seguirmos trocando e aprendendo.
Segue link:
https://www.facebook.com/groups/covidianos

11/04/2021
Poemas covidianos no Paralelo 29

MEL INQUIETA: Três poemas e um manifesto em tempos covidianos

09/04/2021
10 dias de Covid +

Me sinto privilegiada em não precisar até agora ser internada.
Meus sinais são estáveis, mas os sintomas oscilam bastante. Fadiga tem hora marcada pela manhã e início da noite. Cansaço, fraqueza constantes.
Não vejo a hora de passar, parece uma gripe que se arrasta e quando tu acha que melhorou, ela volta em poucas horas. Tenho feito alguns exercícios respiratórios quando sinto que vai começar a fadiga.
É tão esquisito. Eu preciso parar para descansar várias vezes. O dia não rende tanto. Preciso me organizar nos horários que fico mais estável.
Acredito que vai passar, a médica também parece otimista, mas quando vem essa hora da fadiga dá um pânico. Hoje a noite eu apaguei todas as luzes, coloquei uma música xamanica. Abri bem a janela, acendi vela, incenso, deitei na rede (de bruços como me receitaram / 3x ao dia por 20 min) e tentei transformar a hora da fadiga na hora da meditação. Tenho visto a minha ansiedade, inquietude tendo que parar literalmente na hora que o corpo manda. O oximetro apontou 94 novamente, o meu normal é 98. Fiquei 2h parada, deitada. Esperando a fadiga passar.
É um sintoma leve? Diante das outras realidades deve ser.
E fico pensando e depois como será a vida? O medo de pegar isso outra vez, uma variante pior e ainda poder passar para alguém?
Mercado, farmácia tá decidido, não vou mais. Só entrega em casa. Ainda hoje tive a triste notícia que o dono do que frequento (Hipo) também está com covid. Um senhor sempre muito simpático, cuidadoso de máscara, distribuindo álcool, pegando trabalho junto com todos os funcionários. Volta meia se vê ele brincando, empacotado compras. Certamente um tipo que não se encontra em qualquer lugar. Espero que tenha uma recuperação rápida.
Tenho evitado ler muitas notícias nesses dias, mas parece que está cada dia mais complicado.
Que a vacina chegue logo para todos.
E obrigada mais uma vez pelo apoio e carinho que tenho recebido nestes dias.

05/04/2021
Os primeiros relatos

Bom, entrei para as estatísticas. Desde então lidar com todos os pensamentos que ocorrem durante esse período tem sido muito intenso.

Fisicamente, é como se estivesse numa crise alérgica crescente, não sei bem explicar, é estranho, é novo. Quando tenho crises de alergia (tenho muitas, entre elas à diversos tipos de remédios), sei o que fazer, sei como o corpo reage. Agora ele oscila, melhora com a medicação, piora mais distante dos horários dela. Também tenho usado medicamentos que nunca havia tomado antes, é tudo diferente. Teoricamente, nesta segunda, dia 6, estarei no meu 7º dia de sintomas, fadiga, fraqueza, cansaço e às vezes, falta de ar fazem parte da rotina. Febre não tenho.

Todo mundo diz que preciso descansar, mas eu sinto que descanso quando estou escrevendo, lendo, fazendo algo que envolva minha mente. Mas claro, respeitando o corpo. Agora por exemplo, estou com notebook no quarto, com as pernas esticadas sobre a cama. O horário que me sinto melhor é durante a madrugada. Tenho dormindo mais, comido mais (tenho mais fome). Paladar e olfato ora volta, ora some. Mas o que mais me assusta mesmo é a fadiga e as horas em que faltam mais o ar, geralmente quando acordo e no final da tarde.

Além dos meus aparelhos novos, oximêtro e para pressão, tenho me distraído com os livros, artigos, poemas que tenho recebido. Eu gosto muito dessa troca de ideias, universos, conceitos. Isso me alimenta, e acredito que alimenta e enriquece a todos. Tanto que a Rede Sina esta aí há 6 anos no ar. Nunca pensei nela como um veículo de notícias, mas uma plataforma em que diferentes públicos pudessem dialogar. E me sinto tão bem fazendo e falando sobre o que acredito, ainda mais nesse momento.

Fiquei refletindo esses dias sobre como eu me sentiria se o covid chegasse e eu não tivesse investido meu tempo em algo que realmente acreditasse? Onde me agarraria? Uns tem a Deus, eu gosto da cabloca Jurema, índia, guerreira e brasileira. Adoro o sincretismo e a diversidade cultural do Brasil. A vida me levou a tantos lugares e realidades diferentes, e as crises alérgicas, sempre a refletir justamente sobre o tempo e a intensidade dos movimentos que a vida provoca.

Estar sozinha e com falta de ar, não é nenhuma novidade. Já morei e já fui sozinha para o hospital em algumas cidades desse país. A diferença é que não era em nenhuma pandemia e com um bichinho tão esquisito como esse Covid que não atinge só a mim, mas a tantas famílias. Fico muito preocupada em ter transmitido o vírus, mas a princípio todas as pessoas com quem estive estão bem.

Fico muito agradecida a todas as manifestações de preocupação e carinho que tenho recebido nos últimos dias. Obrigada mesmo! Compartilho com vocês um pouco de como me sinto e o que venho pensando.

Vídeos em:

E o covid chegou em mim por Mel Inquieta

 

 

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