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ENTREVISTA: SUSANE KOCHHANN

Susane Kochhann é curadora da exposição “Somos Muitas” que reúne diversas artistas da cidade de Santa Maria de 1 a 31 de março na sala de exposição Monet Plaza Art. No dia 21, quinta, às 19h, vai acontecer um debate com artistas. A exposição tem o intuito de ativar uma reflexão sobre o papel das mulheres artistas no atual momento político.

Susane é artista visual, curadora, marchand e produtora cultural. Atual presidente da associação dos artistas plásticos de Santa Maria (2016-2020), membro da diretoria cultural da associação Riograndense Francisco Lisboa em Porto Alegre. Trabalha com cerâmica, estamparia têxtil, curadoria em exposições de artes e marchand.

Confira entrevista:

REDE SINA: O que levou a criar a exposição “Somos Muitas”?

Recebi o convite do coordenador do Museu de Arte de Santa Maria para realizar a curadoria de uma exposição no espaço Monet Plaza Arte, em homenagem ao mês da Mulher. Convidei artistas da Associação dos Artistas Plásticos de Santa Maria, e artistas que vêm desenvolvendo uma pesquisa consistente dentro da temática da Mulher.
Talvez por estar acompanhando diariamente notícias relacionadas a política brasileira e internacional, e também as questões artísticas, culturais, optei pela proposta, em que a artista participante da exposição vai tratar sobre a sua percepção acerca do seu papel como mulher e artista na sociedade, e a arte como um ato político. Criar pontes de reflexão entre a arte e as questões sociais e políticas de maior relevância da contemporaneidade.

Penso que o nosso trabalho é possibilitar um espaço de trocas onde a diversidade de opiniões e vivências favoreçam o enriquecimento dos diálogos para a reconstrução de uma sociedade mais sensível e humanizada. Nos utilizamos da Arte e seu potencial de provocar reflexões e inquietações, abrimos nosso espaço para pensar a importância do papel das mulheres artistas, por meio dos trabalhos apresentados na exposição SOMOS MUITAS.

O Título surgiu a partir de uma ideia, percebo que somos múltiplas na forma de sentir a vida. Somos intensas nos sentimentos positivos e negativos, às vezes digo que somos movidas pelos hormônios… mas o que é mais interessante e perceptível é a nossa mudança, a nossa evolução constante. A transformação de comportamentos, pensamentos, posicionamentos, atitudes, a cada dia somos únicas. Pode acontecer de no dia seguinte nos sentirmos mais fragilizadas, pois as mudanças no meio estão sempre acontecendo e precisamos nos adaptar. E nessa necessidade constante de adaptação e evolução percebemos a vida de formas diferentes, a mudança também acontece conosco. E nessas múltiplas e constantes mudanças já fomos muitas em uma só pessoa.
No mês de setembro de 2017 recebi a notícia do cancelamento da exposição “Queermuseu – cartografias da diferença na arte da brasileira” pelo Santander Cultural após críticas de movimentos religiosos e do Movimento Brasil Livre (MBL), com intensa preocupação e a minha inquietação se multiplicou infinitamente, pelo receio de estarmos vivendo numa época de uma luta pela defesa da cultura e democracia. O “medo” de ver censurados os meus e os nossos direitos de expressão através da arte, de acesso à cultura, de espaço ao debate, à crítica e à liberdade de pensamento, por indivíduos hipócritas.
Esse grande acontecimento justifica o título da exposição, SOMOS MUITAS. Através da constatação da força de mobilização, atitude e na organização social e política, onde o papel da artista também está em confrontar uma sociedade hoje enviesada na direção extrema-direita, talvez o meu papel seja esse, de organizar exposições resistentes a ideologias reacionárias e retrógradas, pois não podemos permitir que censurem a nossa essência criadora, o nosso pensamento acerca do mundo em que vivemos.
Esse é o meu pensamento, como artista visual e curadora independente.

Na exposição SOMOS MUITAS a artistas participantes mostraram a sua forma genuína e pessoal de perceber essas questões políticas e sociais.

Durante a visita, o público terá a oportunidade de observar diferentes técnicas, das mais significativas linguagens formais e conceitos artísticos referente ao papel da artista que a mostra aborda, como pintura, desenho, poesia, instalação e fotografia. Entre as obras expostas, destacam-se pela sensibilidade e elegância na composição e nas formas as fotografias de Fernanda Pizzutti Codinotti, o título da obra é “O padrão te contempla?”, de 2019; a instalação de Fabiane Aires e Melina Guterres, onde o público está convidado para interagir.

REDE SINA: O que te inquieta?

Me inquieta a ignorância das pessoas em relação a arte contemporânea. Não se deve criticar o que se ignora. Também me inquieta perceber que o corpo feminino ainda é percebido como um objeto sexual. Qualquer imagem de mamas ou glúteos ainda são vistas como pornografia, enquanto o corpo é uma riqueza de perfeição, não é descartável e não é pornografia.

REDE SINA: Como percebe a arte feita por mulheres?

Participo de um grupo de pesquisa sobre arte contemporânea com a Ana Zavadil em Porto Alegre, e esse grupo é composto por mulheres artistas que possuem pesquisas fantásticas nas artes e poéticas visuais. São artistas incríveis com ideias criativas além do nosso tempo, e utilizam diversos tipos de materiais, técnicas e discursos. Posso falar pelo o que vejo e acompanho. Em Santa Maria, percebo uma grande diversidade de trabalhos, pesquisas, técnicas, linguagens e temáticas nas obras das artistas mulheres.
A exposição Placentária, com a curadoria de Ana Zavadil aconteceu no Museu de Arte Contemporânea do RS durante os meses de junho e julho de 2018, nessa exposição foi possível ter uma ideia do que as mulheres estão produzindo atualmente. Vídeo sobre a exposição Placentária: https://www.youtube.com/watch?v=lwYuSdODUls

REDE SINA: Artistas que influenciaram?

BERNA REALE: Berna Reale é uma das artistas mulheres mais importantes no atual cenário contemporâneo do Brasil, sendo reconhecida internacionalmente como uma das principais praticantes da performance no país. Atuando entre as artes visuais e a perícia criminal, sua produção, composta por performances, fotografias, vídeos e instalações, é marcada pela abordagem crítica sobre os aspectos materiais e simbólicos da violência e os processos de silenciamento presentes nas mais diversas instâncias da sociedade. https://nararoesler.art/artists/69-berna-reale/
Georgia O’Keeffe, com as pinturas de paisagens e flores, essa flora ampliada e aparentemente sensual que, sob muitos aspectos, consagrou a artista.
A obra de Adriana Varejão expõe a violência nos processos de assimilação cultural. Questiona ainda a superfície pictórica, o papel simbólico da imagem e a maleabilidade de seus signos. Tal como as incisões em sua pintura, a iconografia colonial surge como irrupção anacrônica. Mas a escolha dos signos é sempre permeada pelas relações que estabelecem com a contemporaneidade.” (http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa17507/adriana-varejao)
Christina Oiticica, com uma proposta de enterrar seus trabalhos para sofrerem a passagem do tempo.
Anna Maria Maiolino: com um trabalho caracterizado pela diversidade de suportes e a modelagem da argila.

REDE SINA: O que tem pesquisado no momento?

ARTE VESTÍVEL, Na busca da interação entre arte e moda, a obra vestível se diferencia,feita de tecido, linha e cerâmica. É uma obra feita para vestir. A Arte Vestível foi um movimento que iniciou nos anos 60, como uma forma de contestar à produção em massa da Indústria da moda. Os artistas da época criaram uma proposta irreverente e ousada junto à confecção artesanal de roupas. Os figurinos tinham como proposta valorizar a individualidade das pessoas, estabelecendo uma coerência que unia criação, traje e expressão do corpo. Os artistas utilizavam muitas técnicas que se diversificavam entre a pintura, colagem, crochê, tricô, bordado, entre outros. Além disso, a Arte Vestível conta com uma gama de possibilidades quando o assunto é material para a confecção, usando o corpo como suporte da obra.

REDE SINA: Quais os próximos projetos?

ARTE VESTÍVEL. Há muito para explorar a arte vestível utilizando o tecido como base da criação, uso a linha de barbantes para realizar os desenhos,recortes, sobreposições de tecidos e peças de cerâmica, que apresentam variações de texturas, e criam imagens que possuem uma referência em lendas, simbologias e atributos sobre algumas deusas que influenciaram por meio de mitos no resgate da essência Wiccaniana. Cada peça foi planejada a partir das simbologias das deusas Lillith, Iemanjá, Cailleach, Durga, Afrodite, Aine, Deméter, Airmid, Artemis, Atena, Brigit, Bast e outras.

REDE SINA: A arte é política?

Acredito que a arte por si só trata sobre valores, e isso já agregaria a ela um potencial político, transformador.

REDE SINA: Você está expondo artistas de outras áreas, qual o propósito?

Expôr a singularidade e multiplicidade de ideias, visualidade poética e estética muito diversas. Expôr no mesmo espaço pinturas, instalações, poesias, escultura e fazer as obras dialogarem entre si foi um bom desafio.

REDE SINA: O que você valoriza num trabalho artístico?

Valorizo a pesquisa, o processo criativo, mas principalmente a ideia, o que é comunicado através da obra.

REDE SINA: Qual a diferença entre objetificação e censura quando se trata do corpo feminino?

Objetificação: O corpo feminino é objetificado e sexualizado de forma constante na nossa sociedade, nenhuma mulher deveria sofrer assédio, consequência da cultura machista de que os corpos femininos são, por natureza, pornográficos.

O direito ao próprio corpo é debate atual e urgente.

Embora diretamente ligado ao direito à liberdade, base para a consolidação da democracia, sua efetivação ainda não se tornou realidade no país. Para isso, é necessário romper com os discursos e práticas do modelo patriarcal, imposto por uma tradição religiosa e jurídica, limitador da autonomia dos corpos.

Sobre a censura: Infelizmente arte é a mais recente vítima da onda de intolerância que envergonha o país. Exposições de arte censuradas que retratavam a diversidade sexuais foram alvos de ataques dos ultraconservadores, cujas demandas vêm encontrando acolhida no aparato jurídico-policial.

REDE SINA: Como a arte quebra conceitos e preconceitos?

Quando consegue, através de um discurso poético e estético, tratar de assuntos delicados, relacionados ao preconceito, causar uma reflexão e desconstruir conceitos culturais ultrapassados.
A obra de arte não quebra conceitos e preconceitos quando a pessoa que interage com a obra não se permite reconhecer a comunicação que o artista pretende; quando é ignorante em relação a história da arte e não se permite vivenciar novas experiências.

REDE SINA: O corpo feminino é…

O corpo é uma riqueza, não é descartável, não simboliza sexo e pornografia. Todos temos um corpo. Todas as mulheres têm mamas, vaginas e glúteos, não entendo o porquê de ainda existir essa objetificação do corpo. A humanidade ainda precisa evoluir muito nesse sentido.

REDE SINA: Qual sua sina?

A minha sina… Difícil responder, pois a minha vida está em constante movimento. Há 10 anos atrás o meu sonho era ter um escritório de contabilidade, mas de repente me vi fazendo outro curso de graduação, nas artes visuais, e hoje o meu sonho é participar de bienais pelo mundo afora, e principalmente ser auto sustentável. Agora percebo que a minha sina é trabalhar muuuito!

 

Confira mais no evento Roda de Conversa com artistas da exposição Somos Muitas

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