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(DIÁRIO DE UMA ADVOGADA ESTRESSADA) CEMITÉRIO DOS VIVOS – Por SAÍLE BÁRBARA BARRETO

Dia desses sonhei com meu avô Osório. Não o conheci. Ele morreu quando minha mãe era pequena. De tuberculose, aos 33 anos.
Meu avô estava de terno e chapéu. Como na única foto que temos dele. Estava em um jardim lindo, cheio de margaridas, roseiras e begônias.
Ele me abraçou e disse “sou teu vô!” Respondi “eu sei” e ri, porque hoje sou onze anos mais velha que ele. E parece que vovô leu meu pensamento, porque em seguida disse “idade é uma convenção, Saíle. Não existe isso quando a gente morre.”
Então eu estava morta. Não senti medo. Na verdade me senti muito bem naquele jardim. E meu avô, aquele mocinho, de terno, falou: “aqui é o céu dos escritores. Vim pra cá porque sou poeta. Fiz amizade com Monteiro Lobato, mas, hoje eu vou te apresentar o Lima Barreto.”
Perguntei se o Lima Barreto era nosso parente (fisicamente os dois são muito parecidos). Ele riu e disse “sobrenomes também são uma convenção.”
Eu acordei. Eu não conheci o Lima Barreto. Que merda, cocô, cagalhão!
Eu tô viva aqui nesse mundo. Não tô no céu dos escritores, que eu nem sei se existe. Tomara que exista. Tô no inferno. Tenho que levantar. Não quero levantar. Quero voltar para o sonho e conversar com o meu avô! Quero conhecer o autor de Cemitério dos vivos! Eu amo esse livro!
A propósito, vocês conhecem Lima Barreto? Dia treze de maio foi aniversário dele. Faz menos de uma semana. O nome dele era Afonso Henriques de Lima Barreto. Nasceu em Laranjeiras, lá no Rio de Janeiro, nos idos de 1881. E faleceu jovem, em 1922. Seis anos antes do meu avô nascer.
“Sofreu preconceito a vida toda,” diz na Wikipédia. Foi um baita escritor. Autor do Triste fim de Policarpo Quaresma e de tantos outros livros, mas, meu preferido é o Cemitério dos vivos, que dizem ser autobiográfico. Lima Barreto narra a vida de um servidor público frustrado, depressivo e alcoólatra, chamado Vicente Mascarenhas, que dizem ter sido inspirado em Recordações da casa dos mortos, de Dostoievsky, mas, é tão claramente autobiográfico. Recomendo muitíssimo. Tem em pdf na internet, para quem não quiser gastar.
SAÍLE BÁRBARA BARRETO é advogada, contadora de histórias e bruxa malvada nas horas vagas.
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