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“Destransição, baby” por VITOR BIASOLI

Destransição, baby é um romance com personagens LGBT, ambientado em Nova Iorque, na década de 2010. Conforme a autora, Torrey Peters, trata-se de “uma história sobre cultura trans feminina no novo milênio”. No centro da narrativa, um casal de mulheres trans (as duas com pênis – “neca”, na gíria do grupo), que um dia viveram juntas, numa relação lésbica.

Quando inicia a história, porém, as duas (Ames e Reese) estão separadas, pois Ames destransicionou, voltou a ser homem, e a se relacionar com mulheres cis heterossexuais. Como Ames tomou muito estrogênio, ele se considera estéril e se surpreende quando recebe a notícia de que engravidou a amante (Katrina, a chefe do escritório onde trabalha). Inseguro quanto a assumir a paternidade (e também a masculinidade), Ames procura Reese, a antiga companheira (que gostaria muito de ter um filho quando viviam juntas) e propõe a ela a divisão da maternidade com Katrina. Isto é, propõe a construção de uma família trans.

Um livro de temática ousada. Do meu ponto de vista, o desbravamento de uma nova realidade: a de novas formas de maternidade/paternidade e de organização familiar. Uma narrativa que se passa durante o tempo de gestação do filho de Katrina e Ames. Um período em que o casal e a antiga parceira de Ames conversam exaustivamente a respeito da possibilidade de formarem uma nova constituição de família (duas mães e um pai, os três com identidades femininas). Até a possibilidade de aborto é aventada (mas sem nenhuma discussão moral/filosófica a respeito). Durante esse período de gestação, a trajetória de Ames e Reese é reconstituída – inclusive o momento (uma briga de ciúmes entre o casal trans, o ponto alto da narrativa) em que Ames decide destransicionar, romper com Reese e voltar a ser “homem”. (Coloco “homem” entre aspas porque o personagem não assume completamente a identidade masculina e ainda se mantém vinculado ao gênero feminino.)

Leitura complexa para quem desconhece a cultura trans, mas que tanto o narrador quanto os personagens ajudam a mapear e esclarecer. Arrisco dizer que o leitor não fica na mão. No entanto, diversas vezes recorri ao Google para entender a situação biológica dos personagens (até vídeos assisti) e também compreender o tipo de medicação que eles utilizam, como o Proppers (para aumentar a potência sexual e permitir relação anal sem dor), os bloqueadores de testosterona e as doses de estrogênio para a formatação de um corpo feminino.

Ao final, os três personagens se perguntam o que significa ser mulher. Uma pergunta que também o leitor se faz, sem chegar a resposta alguma. Mais lenha na fogueira das diversas possibilidades de ser, existir e organizar a vida humana.

Vitor Biasoli
nasceu em Pelotas (1955) e vive em Santa Maria desde 1991. Formou-se em História (UFRGS, 1977), fez mestrado em Letras (PUCRS, 1993) e doutorado em História Social (USP, 2005). Lecionou em escolas do Ensino Fundamental e Médio (1978-1991) até ingressar na Universidade Federal de Santa Maria. Atualmente está aposentado. Publicou livros acadêmicos e literários, entre eles: Jorge encontra Lilian (novela juvenil, 1998), Calibre 22 (poemas, 1999), Uísque sem gelo (contos, 2007), Santa Maria: ontem & hoje (crônicas, 2010), O fundo escuro da hora (contos, 2018), Paisagem marinha (poemas, 2021) e Itália, trilhos e café: histórias da família Biasoli (crônicas, 2022). Pertence ao grupo de escritores da “Turma do Café” e é colunista da Rede Sina.
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