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ANTE A JUVENTUDE QUE JAZ, CHOREMOS | por Maria Aparecida Dellinghausen Motta

 

Para não nos esquecermos de quem deveríamos cuidar

Era serena a noite

sob o sereno e a tênue

prata d’Alba.

Era sereno o espírito da juventude

confiante nas mãos alheias

enquanto embalava os sonhos

e o idílio

que não se completariam,

suspensos no vazio voraz

das chamas.

 

Tão jovens! – meninos apenas!…

que sob a noite se entregavam

às juras e aos risos

enquanto a brisa se fazia lá fora.

E esperavam o futuro

que guardavam nos livros

e nos bancos da universidade.

 

Os livros fecharam em casa

sobre as mesas e as estantes

e seguiram para a noite

com a serenidade

de quem se descuida de si mesmo

porque está sob os cuidados

de mãos alheias.

 

Essas mãos, porém, não ofereceram

a recíproca confiança:

como poderiam ter-se esquecido

do zelo e da atenção permanentes?!

 

O descaso e a negligência

armaram o golpe,

fatal e definitivo,

aos desavisados

que só tinham vida à sua frente.

 

Tombaram tantos, meu Deus!

Sucumbiram dentro da luva negra

da asfixia – o novo holocausto

impiedoso para com aquelas

vidas tenras

que se entregavam à inocência

de um idílio promissor.

 

O que foi feito de suas vidas?!

Sobrou o eco de vozes atônitas

chamando do outro lado da linha

–  Filhinho! Filhinha! … –

esperando a resposta

de um riso límpido

de ventura e inocência.

 

E só o silêncio de sombras

baixava, empilhando-se

do outro lado da vida.

Choremos, então, porque

nos resta chorar

essas lágrimas amargas.

Mas é preciso levantar

o brado clamando

pelo rigor diante da negligência

e da irresponsabilidade!

 

O descaso, neste caso,

preparou a terrível armadilha

aos corações desavisados,

tão próprio dos inocentes

e das vítimas,

que confiavam na noite feliz

de uma alegria vã.

 

Não mais o riso

se fará presente.

Só o desespero de quem desfalece

ao som da música

e ao torpor negro de chamas ardendo.

 

Traziam ainda nos olhos

a umidade da infância,

meu Deus!

Tão crianças eram na maioria!

Como não chorar

ante o desespero que

agora é só o silêncio

de quem confiava

em outrem e em suas forças?

 

A tragédia foi ilícita

naqueles momentos

que deveriam ser de felicidade.

 

A tragédia da trama insensata,

surda, estendeu-se

sem compaixão

sobre os que ali tombaram

sem aviso,

inocentes, sem saber que algozes

(ainda que involuntários)

pesariam a mão sobre eles!

 

O horror da noite,

que seria promissora,

deitou-se impassível

com a força da impiedade

cortando-lhes o sopro

na garganta

derrubando o direito

de apostar no futuro.

 

Indefesos, sucumbiram

na teia mortal

os selecionados pela roleta-russa

do carbono escuro

que se instalara na pista de dança.

 

E quem poderá dormir,

de hoje em diante,

sob a mão que treme

apalpando o sono que não se concilia

à sombra obscura dos corpos tenros?

 

Porque aqueles que sonharam,

sob o manto da juventude,

só pediam o palpitar da vida

naquela noite.

 

Naquela noite devorada

pelo horror inclemente,

descompassada sob os ponteiros da tragédia,

que em seguida daria lugar à madrugada

tão cúmplice da dor…

 

Maria Aparecida Dellinghausen Motta,

escritora e ex-aluna da UFSM.

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