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10 POEMAS DE LÉO CRUZ

dói

 

quando eu encontro

fotos nossas no meu celular

ocorrem dois momentos:

 

surge um ar diferente no ambiente,

uma doçura que eu aposto

que toma conta da sala inteira,

do andar todo, do prédio por completo

e eu lembro da gente sendo feliz

(afinal, ninguém tira foto de casal triste)

e nem penso nos mil motivos

para que tenha dado tão errado.

 

depois, as nuvens escurecem,

o céu despeja uma tempestade tão forte

que o teto de onde estou é destruído

e eu sugado para fora.

no meio desse temporal

eu sou atingido por um raio

e meu corpo explode em mil pedaços.

 

tudo isso acontece em um segundo

mas dói por uma semana.

 

 

encontre o que você ama

 

eu faço poesia

e isso me faz tão bem.

 

mas tem quem escute uma música,

veja alguma série, um filme,

malhe, corra, lute, dance,

mexa nas plantas, coma algo,

fale com alguém, não fale com ninguém,

ou qualquer outra coisa

ou qualquer outro nada.

 

encontre o que você ama

e deixe isso curar você.

 

 

visão

 

eu tenho medo

de estar com problema de visão

no amor.

 

ter alguém especial na frente

mas ver tudo embaçado,

sem conseguir distinguir

o que é e o que não é.

 

lembro que nossas mães diziam

para não ver TV tão perto da tela

que prejudicaria os olhos.

 

nós, que já amamos tanto,

vimos o amor de tão perto

e nos decepcionamos tanto,

será que ainda conseguimos

olhar nitidamente o próximo amor?

 

meu medo é não ver direito você, meu bem,

e achar que isso que passa no nosso canal

é falta de sintonia, mas que pelo contrário,

seja a melhor das frequências.

 

 

subida

 

subimos toda aquela lomba do mont’serrat

com uma heineken na mão

como alpinistas da solidão.

 

anos depois, nossa amizade terminou

como o ar que fica cada vez mais fraco

no alto de uma grande montanha.

 

quando acabou

doeu tanto como descer rolando

não aquela lomba do mont’serrat

mas sim o everest.

 

 

nicolas cage

 

já tratei o amor

da mesma forma que o nicolas cage

trata o cinema.

 

já tivemos momentos dignos de oscar

mas já aceiteimos cada papel (de trouxa)

só para pagar as contas da carência, no meu caso,

já no caso dele, apenas as contas mesmo.

 

nicolas, venha cá, vamos beber juntos,

conversar um pouco,

ambos sabemos que temos talento pra coisa

que somos intensos e que merecemos mais,

mas cá estamos aceitando papéis menores

pensando se os grandes dias voltarão.

 

tomara.

 

 

sacola plástica

 

sou tão cheio de vazios

que às vezes me sinto

como uma sacola plástica cheia de ar

que perambula pelas ruas da cidade

sem direção.

 

a única diferença minha

para uma sacola plástica ao léu

é que às vezes eu amo

e às vezes eu sou feliz

 

e ela eu não sei.

 

 

muito obrigado

 

muito obrigado, se não fosse por você

meus poemas seriam como dirigir sem carteira,

surfar sem prancha, voar sem asas,

pilotar sem guidão

ou pular com os pés no chão.

 

de verdade, muito obrigado,

agora sei bem como é um coração machucado,

meus poemas vêm com você tatuado.

 

 

dinamite

 

se está interessado,

seja interessante

e demonstre.

 

numa relação

o interesse é um diamante

e a sua falta é uma dinamite.

 

 

quando a gente quer tanto

 

quando eu tinha uns 16 anos

uma garota me deu um fora

e falou uma das coisas mais profundas

que já me disseram.

 

“estou gostando mais da ideia de gostar de alguém

do que de fato gostando de você”.

 

até hoje penso que essa garota

sabia mais das relações naquela idade

do que eu hoje mais velho.

 

tem vezes que a gente quer tanto que algo dê certo

que não importa com quem estamos,

estamos mais interessados na ideia

do que na pessoa,

então qualquer um serve.

 

não sei por onde essa garota anda hoje,

mas, com certeza,

ela está muito bem.

 

***

meu coração adia

tudo o que não é

poesia.

 

 

LÉO CRUZ

É natural de Porto Alegre e formado em Publicidade e Propaganda. Publica regularmente seus poemas na página Poeta Léo Cruz e também compartilha em zines, postes e muros da cidade. Em 2015, foi vencedor do 18º Prêmio Cidadão de Poesia de Limeira, São Paulo. É coorganizador do Sarau Poetaria, juntamente com Michelle C. Buss. “Ainda não há um furacão com seu nome” é seu primeiro livro e foi lançado de forma independente, no final de 2018, sendo o mais vendido na categoria Poesia para Jovens e Adolescentes e um dos mais vendidos na categoria geral de Poesia na Amazon. Seu segundo livro “A última vez que penso em você neste segundo” foi publicado em 2021 pela Editora Bestiário.

 

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