Eles se emborracham com a mesmice de suas enfadonhas vidas
Elas se drogam com a chatice de suas monótonas conversas….
Eles se emborracham com a mesmice de suas enfadonhas vidas
Elas se drogam com a chatice de suas monótonas conversas
Eles se embriagam com o tédio das cansativas repetições de discursos e ações
Elas se embebedam com as maçantes fofocas e os fastidiosos fuxicos
E juntos, bebem e se drogam porque não aguentam tanta chatice
Porque não suportam as previsíveis e maçantes realidades.
Um acordar, sem despertar
Um falar, sem nada expressar
Um pulsar, sem nada sentir
Um ouvir, sem nada entender
Um andar, sem destino para seguir
Um trabalhar, sem significado para produzir
Um olhar, sem nada perceber
Um tocar, sem nada sentir
Um viver, sem vida, vermicida, ferida, batida, dormida
Oblívios da existência, inebriam-se artificialmente
Gestos dormentes
Pensamentos dolentes
Sentimentos descrentes
Manifestações maldizentes
E entre ressacas de dias desperdiçados e arrependimentos de noites não vividas
O tempo segue em seu ritmo invariável, enfastioso, maçante e cansativo.
Numa angustiante espera
Que desespera
Por aquele fim que a tudo incinera
Mas mal sabem eles, que último suspiro nunca exonera, ele apenas exagera
E que, igual ao presente,
Também será descontente,
Pois em vida eles escolheram não serem protagonistas
Mas entre fadigosas bebidas e tórpidos barbitúricos
Preferiram ser suplentes, indigentes, inexistentes.
Como citar este poema:
Cargnin dos Santos, Tadany. Embriagados e Oblívios.
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