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Melina Guterres - Mel Inquieta. Foto: Asaphoto

CABELOS BRANCOS E AS PEQUENAS REVOLUÇÕES COTIDIANAS por Mel Inquieta

Quando criança achava estranho que na televisão somente os homens ficavam grisalhos. O envelhecimento masculino é “um charme” bem aceito. Já a “permissão” dos cabelos brancos das mulheres é tão recente que chega a beirar a novidade.

Acompanhamos o envelhecimento dos apresentadores e as tentativa de muitas mulheres seguirem cada vez mais jovens. Há pouco tempo era quase impossível visualizar mulheres assumindo seus cabelos brancos, principalmente na televisão.

Fato é que não fomos naturalizados a aceitar o processo de envelhecimento. Os antigos contos de fadas trazem referências de mulheres idosas capazes de maldades para ter a juventude de volta.

O faturamento do mercado de beleza no Brasil cresce ano a ano, atingindo a marca de 29,62 bilhões de dólares em 2019, conforme dados da Euromonitor. Isso faz dele o quarto maior mercado mundial de cosméticos e cuidados pessoais, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão. Já dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mostram que mais de 1,5 milhão procedimentos estéticos são feitos no Brasil todos os anos. 

Certo, errado? Não sei, mas parece que a imagem escraviza, sacraliza e incomoda quando está fora do senso comum. O homem que pinta os cabelos às vezes vira alvo de piadas, deboches. As mulheres que não pintam, estão “se descuidando”. No entanto, alguns preconceitos parecem diminuir. Um relatório da Research & Markets aponta que o mercado mundial de beleza masculina deve crescer de 57,7 bilhões de dólares, em 2017, para 78,6 bilhões de dólares até 2023. 

Belezas à parte, vivemos taxados como se fossemos produtos na fileira de um supermercado. E sem ironia, talvez sejamos isso mesmo, uns mais bem aceitos e consumidos que outros conforme ditam certos padrões de um período histórico.

Agora ainda vivemos a era dos filtros nos aplicativos. Embelezamentos a palma da mão em nossos celulares e casos de pessoas que chegam em clinicas estéticas pedindo para ficarem iguais a como os filtros deixaram suas imagens. Em 2016,  dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP),  apontam que dos quase 1,5 milhão de procedimentos estéticos feitos naquele ano, 97 mil (6,6%) foram realizados em pessoas com até 18 anos de idade, tornando o Brasil  líder mundial no ranking de cirurgias plásticas em jovens. Somente nos últimos dez anos, houve um aumento de 141% no número de procedimentos entre jovens de 13 a 18 anos, segundo a SBCP. Entre as cirurgias mais procuradas estão os implantes de silicone, a rinoplastia e a lipoaspiração. 

Qual será o futuro e a insatisfação das próximas gerações se seguirmos sendo apenas consumidores e pouco questionadores do nosso tempo?

Vale lembrar que a ressignificação de certos valores podem ter um importante meio de comunicação como aliado: o cinema! Quem não lembra Meryl Streep vivendo a poderosa Miranda Priestly no filme O Diabo Veste Prada (2006)?  Na época Meryl tinha 57 anos e ela mesma optou pelo então emblemático cabelo branco representado naquela forte figura de poder que era sua personagem. Em entrevista, atriz conta a inspiração veio de através da modelo e atriz Carmen Dell’Orefice, que nos anos 1960, com quase 40 anos, após seu próprio marido arrancar um de seus fios brancos, ela indignada, decidiu nunca mais pintar os cabelos e se tornou uma referência de força e empoderamento feminino sempre recordada no meio da moda. 

Um relatório divulgado pela Mintel, empresa inglesa especializada em pesquisas de mercado, revelou que, em 2018, 68% das mulheres entre 25 e 64 anos já consideravam aceitável ter cabelos grisalhos. A naturalização dos brancos é mais comum na Europa mas no Brasil  já vemos várias atrizes, jornalistas, modelos e mulheres de diversas idades assumindo cada vez mais seus brancos e até recebendo comentários ofensivos por isso.

Há uns 20 anos a mãe de um amiga comentou que assistiu a entrevista de uma professora de teatro minha. Era da Olga Reverbel, então dama do teatro gaúcho. Na ocasião questionavam se ela faria plástica e, que Olga teria respondido, que havia pensando muito sobre mas que optou por “não mudar nada no mapa da minha vida”.  E que essa sua fala, a teria feito desistir de realizar também um procedimento.

Esse tipo de consciência que sim deveria ser imortal. Já as referências de cabelos brancos pude ter privilégio de ver minha vó, mãe, suas amigas e tantas outras mulheres vivendo sem medo de esconder o tempo. Que as “bruxas” sempre consigam voar mais alto que o patriarcado e a sociedade que vive as consumir e desfazer da sua própria natureza.

Melina Guterres é fundadora da Rede Sina, jornalista, diretora, roteirista, poeta e inquieta.
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