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13. CRISE CIENTÍFICA

Já não sei se gosto tanto de cinema assim
Já achava trabalho demais fazê-lo,
E agora, pesquisa-lo, então….
Gosto é de vê-lo.

Já não sei se gosto tanto das novas tecnologias,
O mic. da cam. pifou até o velho gravador falhou
Perdi as minhas entrevistas,
Gastei dinheiro em fita, dvds e pilhas

Já não sei se gosto tanto de escrever
Normas, termos, regras, parágrafos, autores
Citar referências, q coisa bem pouco criativa…
É pesquisa

Já não sei se gosto ou não do tema,
Ora paixão, ora desencanto
Trabalho é que tem dado bastante

Até o Word falhou comigo,
Comeu o meu arquivo,
Salvo e sumido

Quem não me deixa desistir
São meus amigos,
pegaram minhas fitas,
Vão trazer transcritas

Não consigo pensar direito
Ter um texto, corpo, desencadeamento
Fechou tudo, bloqueou o pensamento
Busco na prosa o sossego

Esse texto acadêmico quase me mutila
Parece robótico, sem cheiro nem lingüiça
É pesquisa

Documentos, datas,
Histórias passadas
Recontadas

1 mais 1 são 4?
Excesso de ciência, tem conseqüências
Não gosto do exato
Não sou física, matemática
Muito menos quadrado
Não uso óculos escuros
Nem claros

O tempo passa, as horas passam
É primavera, as borboletas namoram
E os passarinhos também,
Todos menos eu,
Que deito e me acabo
Pobre do coitado
Massagem no máximo
(ele não vê a hora de chegar o verão e eu também)

Eis que esse fim de ciclo
Me intimida
Me faz ser mais exigente
Mesmo perdida
Me faz crer e descrer
Improvisar
Refazer
Chorar
Aprender

O que me consome são as normas
Quem consome, os outros
Eu me consolo no meu descanso de tanto consolo exigente
Pedindo espaço
Pedindo presente
Ta feita a prosa e a merda robótica
Quem vai ler…
Vai entender que era pra ser poesia?

12/11/2007
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