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O Jardim da Palavras, por TADANY

Certa vez, estava em Badrinath, um lugar majestoso nos Himalayas e que é cercado por montanhas cobertas de neve durante todo o ano. Lá existe um inspirador templo Hindu construído em homenagem…

 

Certa vez, estava em Badrinath, um lugar majestoso nos Himalayas e que é cercado por montanhas cobertas de neve durante todo o ano. Lá existe um inspirador templo Hindu construído em homenagem ao Deus Vishnu, o qual é responsável pela manutenção do universo na tríade mitológica hinduísta.

Dentro do templo existe uma piscina de água termal quente onde os peregrinos fazem suas abluções.

Quanto estava neste cálido e deífico lugar, comecei a conversar com um Sadhu,

Um Sadhu é renunciado cuja vida é alocada aos estudos e aos ensinamentos dos conhecimentos revelados pelos Vedas, os livros sagrados do hinduísmo. 

 

Em nosso bate-papo, contei-lhe que era poeta. Então, ele me perguntou se eu já havia visitado o Jardim das Palavras. Respondi-lhe que não, mas curioso, quis saber mais sobre este interessante lugar. 

Então, ele contou-me que, no Jardim da Palavras, elas estão por todos os lados, penduradas em galhos de árvores, brotando com novas flores, espalhadas pelo gramado, jorrando com a correnteza do riacho, voando nas asas do pássaros, deslizando pelas folhas das plantas e flutuando pelo ar. 

Ademais, confidenciou-me que são de todos os tipos.

Existem as novas, recém-chegadas ao jardim.

As antigas e conhecidas.

As conhecidas, mas que foram esquecidas.

As pomposas e as humildes. As esquecidas, mas que anseiam por ser reconhecidas. 

Existem também as comuns e as luxuosas. As raras, que se apresentam para poucas pessoas. As inesquecíveis, assim como as que desejam ser esquecidas. As tímidas que, apesar de desejarem ser vistas, raramente aparecem. 

Existem também as palavras que possuem brilho próprio e as que necessitam de outras para as iluminar.

As pequenas, as médias e as grandes.

As doces e as ásperas.

As que deixaram de existir, mas que por pura teimosia, vez que outra regressam.

E, finalmente, as desconhecidas. 

E continuou o Sadhu – todas elas anseiam por serem vistas, admiradas, profetizadas, reproduzidas, tocadas, exaltadas, cantadas, poetizadas e eternizadas, pois não existe vaidade maior do que a das palavras, visto que suas meras existências são, em essência, a exaltação de tudo o que elas representam e, por si só, plenitude. 

Saí de nossa conversa, estupefato com a narrativa e, à noite, sonhei que visitava o jardim. Sonhei que as palavras se exibiam ingenuamente, se insinuavam belamente, se exaltavam majestosamente e, com um olhar sensual e sedutor, pediam-me: – “leve-nos contigo, amamos este jardim, mas queremos sair pelo mundo”.

Então, as coloquei carinhosamente na mochila do coração e, desde então, as levo comigo onde quer que vá e, frequentemente, as espalho com alegria e entusiasmo em textos, poesias, ideias e histórias. 

PS: Para citar este Conto:

Cargnin dos Santos, Tadany. O Jardim das Palavras.

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Photo by Chelsea Coye on Unsplash

 

 

 

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