Santa Maria olha sua Locomotiva
Uma locomotiva
Estacionou para sempre
Na Avenida (bem longe do seu berço)
Uma locomotiva fria
Uma cicatriz
Uma locomotiva vazia
Sem sua gare
Sub(traída) dos seus vagões
Uma locomotiva em (de)composição
Uma locomotiva na Avenida
Uma des(composição)
( nos trilhos vagões cegos
passam calados carregados
de transgênicos vindos de longe
rasgando ainda mais a ferida)
Uma locomotiva na Avenida
Perplexa
Exposta com sua nudez
Ferro-aço não se acendem
Às viagens
Aos sinais não apita mais
Uma locomotiva
Só uma
Nos ensina
Ferro / Velho
Via / Férrea
Velha / Via
Ferro / via
Uma locomotiva lo(comovia)
Uma multidão
Hoje lo(comove)
Em solidão
Poema premiado na Categoria Incentivo Local do Concurso Fellippe D’ Oliveira de 2003
Santa Maria
Cidade morena de cabelos ao vento norte, cidade
que atravesso em alegria, cidade madrugada onde
em lágrimas me desfaço indefesa, nua e fria.
Desde que te descobri, num longínquo e frio abril,
não perdi o desejo de ficar aos pés de teus montes
desassombrada e em solidão, buscando tuas luzes e apitos.
Sempre te amei, encantadora, com tua Rua Acampamento,
onde transitei em transe atrás de sonhos impossíveis.
Nas tuas tardes quentes, escrevi aos meus amores
cartas dolorosas. Marquei nos teus muros todas as saudades.
As tuas lápides são lembranças onde assinalo meus ausentes.
Os meus temores amiga, são futuros pois serei sombra,
Enquanto, tu querida urbe, estarás brilhando entre nuvens e névoas
acalentada pelas verdes encostas onde escondes tuas águas limpas.
E… estarás aqui, febril, funcionando como máquina precisa
e dentro de ti filha dileta de muitas santas,
batendo estará o coração,
que a ti entregou, poemas e esperanças.
Santa Estrela
Pequena estrela na construção das cidades.
Luz que rompe entre os morros.
Tuas ladeiras, tua Acampamento,
ruas e avenidas antigas.
Teus cinemas no passado e tuas moças no passeio.
Pequena fonte frente aos trilhos,
às viagens, aos viajantes, no vaivém
de artistas a brilhar teus palcos. Estrelas do passado.
Pequena grande de contrastes. Cheia de arte, poemas,
pichações e novos signos que desconhecemos.
Santa Maria do calçadão: do Leitor sem o livro.
Santa Maria com saudade: de soltar balões,
de seus moços sumidos no beijo da fumaça,
dos peixinhos do Itaimbé. Estrelas apagadas.
Santa Maria, Imaculada , Medianeira.
Plena de Dores, sempre em Perpétuo Socorro.
Tua santidade é esse povo que te ama.
Minha primeira santa, guerreira, estrela, dama.
Poemas muito lindos que tocam nossa alma, parabéns a escritora Haide Hostin!