Ao contemplar uma natureza acolhedora, sentindo o azul do mar envolto no azul do céu, sinto as melhores emoções. Observar a natureza, leva-me a refletir que, se bem cuidada, pode nos trazer todos os benefícios.
O pensar e o agir em relação à preservação do planeta torna-se um compromisso de sobrevivência nossa e dos que nos sucederem, através dos tempos.
Criar ou estimular uma cultura de cuidado é estabelecer vínculos de valores. Isso se faz necessário em relação à natureza, porque esses vínculos se estabelecem no cotidiano e na história de vida das pessoas, auxiliando na formulação de princípios. Cultivar valores, como o cuidado com a natureza e com todas as suas formas de vida é, sobretudo, estabelecer práticas de solidariedade e fortalecer convívios de cooperação inteligente, além das tecnologias.
Conseguiremos, portanto, deixar uma herança de cuidado e serenidade para as futuras gerações. Elas receberão uma natureza com vitalidade e frutos necessários para o bem viver.
Nossos filhos e netos se sentirão gratificados com essa herança, como um prêmio à vida.
Cada ano que começa fizemos registros de todo tipo. Renovamos propósitos, projetamos ações, temos novas ideias, que se misturam com o saldo das antigas. No horizonte do tempo, aparecem lembranças, nem todas boas, mas são nossas. Algumas ficam guardadas, outras esquecidas, na mesma dinâmica que a vida se renova na natureza. Tudo exige cuidado e busca do bem viver para que novas semeaduras, produzam novos frutos.
As dissonâncias, as dicotomias, os desacordos permitem as harmonias, os encontros, as serenidades. Tudo isso é a viagem da vida. Às vezes, calma e célere, escura e luminosa, opaca e transparente, tanto na terra, quanto nos oceanos. Construímos várias sínteses.
Sabemos, como afirma Frei Betto que não veremos a colheita, mas não podemos desistir de sermos sementes. Semear não será em vão. Alguém irá se beneficiar e colherá os frutos das sementes que plantamos.
Um dos nossos desafios deste tempo é a continuidade do que faz bem. Ao assumirmos plantar as sementes necessárias, responderemos este desafio, tendo em vista os resultados preciosos para a continuidade da vida boa. Poderemos acreditar que a natureza agradecerá nosso legado. Assim viveremos mais um dos nossos janeiros.
Cecilia Pires. Profa. PHD. Paris, Sorbonne IV. em Filosofia Social. Dra em Filosofia Política, UFRJ. Mestre em Filosofia Contemporânea, UFSM. Formação em Psicanálise Clínica. Escritora e poeta, vinculada à Associação Literária Alpas. Publicações: Livros de Filosofia e de Poesia. A Palavra do Século XXI. Editora Gaya. Cruz Alta. Participação em Coletâneas da ALPAS e da ASL.