O governo Bolsonaro foi desastroso em diversos aspectos.
O cientista político Cláudio Couto afirma: “Desmontaram-se diversos âmbitos da administração pública, foram desorganizadas políticas públicas que levaram anos para ser estruturadas, envenenou-se o ambiente político e se produziu uma crise institucional sem precedentes no funcionamento e na relação dos três poderes. Instituições cuja autonomia funcional e operacional seria primordial, como a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República, foram capturadas. E ainda, como se não bastasse, tivemos a perda evitável de centenas de milhares de vidas humanas em função da gestão caótica e sabotadora da pandemia, assim como danos ambientais de grande magnitude e provavelmente irreversíveis. O Brasil se tornou um pária internacional e perdeu influência nos principais debates globais, em particular aqueles em que se destacava, como o relacionado à questão ambiental. Foram anos de destruição que exigirão muito mais anos para reconstruir tudo”.
Um fato incontestável é que Bolsonaro – mesmo com todo estelionato eleitoral e fez uso do poder e das instituições – é o primeiro presidente a concorrer e não ser reeleito. Corrompeu o sistema para adiantar auxílios, congelar preços, ampliação do número de beneficiários do Auxílio Brasil, o vale gás, auxílio caminhoneiro e taxista, liberação de parte do FGTS, crédito consignado, a lista é interminável. Além da tentativa frustrada de suspensão das eleições pela farsa grotesca da inserção das rádios e a suspeição das urnas eletrônicas durante o período pré-eleitoral, eleitoral e pós-eleitoral.
Listo aqui de forma detalhada outros desastres da gestão de Bolsonaro:
GESTÃO CAÓTICA E SABOTADORA NA PANDEMIA
Em carta da Pfizer às autoridades brasileiras, a empresa declarou que uma de suas intenções era tornar o Brasil uma vitrine da vacinação na América Latina. O laboratório se comprometeu a fazer o possível para reduzir o tempo de entrega e auxiliar na logística.
Apesar disso, teve 53 e-mails ignorados e 9 propostas recusadas. Entre negociação e contrato assinado, o governo federal levou 330 dias para contratar as vacinas da Pfizer.
POLÍTICA EXTERNA ERRÁTICA
Adesão sistemática ao trumpismo (rolou até um “Eu te amo”) e posturas grosseiras e rudes em diversos episódios em relação a três parceiros comerciais e estratégicos (potências e membros permanentes do Conselho de Segurança): Estados Unidos sob gestão Biden (“quando acaba a saliva tem que entrar a pólvora”); China (“o chinês inventou o vírus); França (“a mulher de Macron é feia”).
DESMONTE NA EDUCAÇÃO
Diversos ministros despreparados e desqualificados, muitos escândalos de corrupção e o Enem diminuiu em inscritos e, dessa forma, o acesso ao ensino superior.
MAPA DA FOME
– Entramos no Mapa da Fome: 33 milhões Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, que aponta a existência de 33,1 milhões de pessoas vivendo em situação de insegurança alimentar grave, quando não há garantia de acesso à alimentação em quantidade suficiente.
– No Brasil, 125 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar. Estado de insegurança alimentar é quando não há a garantia de que teremos o que comer na próxima refeição. Uma situação inaceitável especialmente aqui no Brasil, que bate recordes no agronegócio e desperdiçou 23,6 milhões de toneladas de alimentos em 2019.
EMPOBRECIMENTO DAS CLASSES D E E
– Empobrecimento das classes D e E De acordo com a consultoria Tendências, entre 2021 e 2022, a fatia de domicílios brasileiros que integra as classes D e E aumentou de 48,7% para 51%.
DESMATAMENTO
O balanço parcial de 2022 também consolida a explosão do desmatamento no governo de Jair Bolsonaro. Os piores números de desmatamento entre janeiro e agosto registrados pelo SAD aconteceram nos últimos quatro anos, com o total saltando de 4.234 km2 em 2019 para 7.943 km2 em 2022
A POBREZA NO BRASIL
– Estimativas apontam que 52,7 milhões de pessoas – um quarto da população brasileira – vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza. No ano passado, tivemos um salto na taxa de pobreza extrema no Brasil. O país tem hoje mais pessoas na miséria do que antes da pandemia e em relação ao começo da década passada, em 2011.
BAIXO CRESCIMENTO
– Com o baixo crescimento no último ano do governo do presidente Jair Bolsonaro, a gestão dele aparece como a que teve o menor crescimento do PIB em quatro anos de mandato. Levantamento realizado pelo economista Alex Agostini, da Austin Rating, mostra que os quatro anos do Governo Bolsonaro devem fechar com um PIB médio de 0,78%, o menor percentual dos governos das últimas duas décadas. Conforme o estudo, o Governo Temer tinha apresentado o pior desempenho, com média do PIB de 1,32% no período de 31 de agosto de 2016 a 31 de dezembro de 2018. Os dois últimos anos de Dilma Rousseff na presidência contabilizaram um PIB de 1,92%.
O USO DO SUS
O uso de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) pelo Ministério da Defesa bateu recorde no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). As informações constam em documento divulgado pela Comissão de Orçamento e Financiamento do Conselho Nacional de Saúde (CNS) em fevereiro deste ano.
Em 2019, o valor anual de verbas do SUS gasto pelos militares foi a R$ 350 milhões. Dois anos depois, em 2021, a cifra chegou a R$ 355 milhões, quebrando novamente o recorde da série histórica, de 2013 a 2021. O governo Bolsonaro dedicou, em média, R$ 325 milhões por ano ao Ministério da Defesa.
Na gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), a média anual do uso de recursos do SUS pelos militares era de R$ 88 milhões, considerando o período analisado, de 2013 a 2015. Sob o comando de Michel Temer (MDB), o valor já havia dado um salto, com média de R$ 245,5 milhões anuais.
O levantamento foi divulgado em uma publicação sobre a evolução dos gastos federais do Sistema Único de Saúde, produzida pelo CNS, órgão que reúne representantes da sociedade civil e do poder público.
ROMBO NAS CONTAS
O governo Bolsonaro deixará uma herança maldita. “Rombo fiscal que Lula herdará será três vezes maior do que o estimado”. A visão é de Henrique Meirelles, criador do Teto de Gastos. Integrantes do futuro governo negociam alterações na proposta orçamentária de Bolsonaro que praticamente não destina recursos para pautas sociais.
Prof. Dr. José Renato Ferraz da Silveira