Estou lendo “As Esganadas” do Jô Soares. Pois é. Sou assim. Leio três, quatro livros ao mesmo tempo. Como se estivesse acompanhando novelas. Geralmente, leioantes de dormir.
E os livros do Jô são ótimos. Ele escreve sobre assassinatos em série, em um estilo que é só dele. Tão bom. Tão engraçado. Já é o terceiro (nesse estilo) dele que estou lendo. Também li a biografia. O Xangô de Baker Street e Assassinato na Academia Brasileira de Letras são hilários. Recomendo. Muito.
As Esganadas é tragicômico. A gente ri. A gente chora. Lembra do jeito que as gordas são tratadas, né? Não vou fazer spoiler. É demais o livro.
Só quero falar desse culto ao corpo magro. Da obsessão a um padrão de beleza inatingível, que leva adolescentes (e até adultos à loucura).
Claro que é importante ter saúde, mas, essa magreza doentia, essa cara esticadinha. A mesma cara. Sempre a MESMA carinha. A gente nem sabe quem é quem. Parecem mulheres feitas em série. Está doentio o negócio.
As selfies iguais. Os filtros. Encontramos as pessoas na rua e não as reconhecemos (quando são apenas contatos de redes sociais).
Eu não uso essas melecas nas minhas fotos. Nos meus vídeos. Às vezes brinco com aplicativos do Reface. Não muito. Não gosto de iludir os outros. Principalmente, não gosto de me iludir. Gosto que me reconheçam e vejam que eu sou isso aqui mesmo. Em carne, osso, rugas, celulites. Descabelada, estressada. Cheia de problemas.
Não sou uma boneca. Gosto de bonecas. Tenho uma coleção enoooorme, mas, não sou uma delas. Graças a Deus minha cabeça não é de plástico. É cheia de ideias. E elas me metem em cada encrenca…
SAÍLE BÁRBARA BARRETO, é advogada, contadora de histórias e bruxa malvada nas horas vagas.
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