Odilon Marcuzzo do Canto, Ph.D, ex Reitor da UFSM
Dia 20 deste mês de novembro se inicia no Catar o maior evento do futebol mundial: a Copa do Mundo de Futebol. A seleção brasileira estará a postos para a sua 21ª participação nesse evento. Única seleção a disputar todas as copas é também a única a ter vencido a competição por cinco vezes. Certamente, um grande número de brasileiros sabe recitar facilmente, ano a ano, o desempenho de nossa “seleção canarinho” e com riqueza de detalhes.
Mas o Brasil, como nação soberana, tem convocação certa e necessária em muitos outros certames e reuniões internacionais com temas de interesse global, com certeza muito mais importantes e determinantes para o futuro do país e para o bem estar de sua gente.
As conferências de paz, realizadas logo após os conflitos beligerantes que marcaram o cenário mundial na primeira metade do século XX, tiveram como resultado a formulação e a construção de um organismo internacional aceito, num entendimento comum, como o fórum de debates e discussões dos grandes temas de interesse das nações. O Organismo das Nações Unidas (ONU) foi criada em 24 de outubro de 1945, na cidade de San Francisco, na California.
A ONU tem uma estrutura funcional composta por órgãos específicos para determinadas atividades e objetivos como, por exemplo, o Conselho de Segurança, do qual o Brasil atualmente faz parte, composto por 15 países membros, dos quais cinco são permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra). Além disso, conta também com um sistema de conferências dedicadas a temas específicos como a Conferência Mundial da Criança, a Conferência Mundial da Alimentação, a Conferência Mundial das Mulheres e outras tantas.
A partir do dia 6 do corrente mês está sendo realizada a Conferência sobre Mudanças Climáticas – ECO27, no Egito, cujo tema foi considerado pelo Secretário Geral da ONU como uma das duas maiores ameaças atuais à segurança da humanidade: as mudanças climáticas e o arsenal nuclear existente. A ECO27 é um grande fórum de discussões e de decisões que desenharão o cenário de compromissos que cada nação deverá assumir nos próximos anos, na luta contra o aquecimento global e as mudanças climáticas.
Tais decisões vão impactar as relações econômicas entre as nações. O Brasil, como grande exportador de grãos e carnes, poderá ser fortemente afetado. Este é um dos muitos seminários internacionais aos quais o Brasil pode e deve se fazer presente com um time escalado entre os melhores experts nacionais em cada assunto, em cada área. E o Brasil os tem, sem dúvida.
Voltando ao futebol, acredito existir dúvidas na cabeça de todos nós sobre se traremos ou não o hexacampeonato – a desejada sexta estrela. A maioria dos brasileiros, com certeza, já avaliou que temos grande probabilidade de que isso aconteça. O técnico é a figura fundamental para o sucesso da empreitada, pois além de ser o principal responsável pela escalação do time, tem por missão a orientação tática e estratégica que definirá o melhor aproveitamento dos talentos individuais de cada jogador de forma a consolidá-los em jogadas conjuntas de qualidade e efetivas na consecução do objetivo maior que é o gol. A confiança no técnico passa a ser uma boa indicação de sucesso. Tivesse o Brasil um técnico que se intitulasse o escolhido pelos céus e fosse negacionista dos princípios científicos que norteiam os avanços técnicos do esporte, certamente estaríamos mais apreensivos.
De forma análoga, os resultados que o Brasil colherá nos seminários internacionais sobre os temas de interesse nacional – na ECO27 e em muitos outros que virão nos próximos anos e nos mais diversos temas, serão proporcionais à qualidade e competência das equipes técnicas escaladas para representarem nossa nação.
Felizmente o povo brasileiro acaba de fazer a escolha certa. Acaba de escolher um técnico já experimentado, com reconhecimento e prestígio na comunidade internacional e que certamente escalará um time de craques do mais alto nível que – embora ainda não de forma oficial, saberão defender os interesses do povo brasileiro na arena internacional. Certamente o Brasil voltará a ter papel protagonista no cenário internacional.
ODILON MARCUZO DO CANTO
Eng. Civil pela UFSM (1968); M.Sc. (1979) e Ph.D. (1991) em Engenharia Nuclear pela Universidade da Califórnia, Berkeley, EUA; Professor de Física Nuclear, Reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Presidente da Associação Nacional de Reitores ANDIFES (1996/97). Presidente da CIENTEC/RS (1999/2002). Diretor de P&D da FINEP (2003/05). Presidente da FINEP (2005/07). Secretário-Geral da Agência Brasileira-Argentina de Controle de Materiais Nucleares – ABACC (2007/16). O Prof. do Canto foi membro do Conselho Deliberativo do CNPq e do Conselho Superior da CAPES, presidente do Comitê Brasileiro de Metrologia-CBM e presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Metrologia. Presidente da Sessão Latino-Americana da Sociedade Nuclear Americana (2009-10). Membro da Sociedade Nuclear Americana e da Academia Internacional de Energia Nuclear (INEA).