Aqueles, eram dias muito estranhos, parecia que uma nuvem negra e assustadora havia aparecido do nada e, por pura teimosia, decidiu fixar morada permanente no firmamento pessoal.
Eram dias cinzentos, sem luzes para iluminar a alma.
Dias melancólicos, sem inspiradores estímulos para impulsionar os pensamentos…
Aqueles, eram dias muito estranhos, parecia que uma nuvem negra e assustadora havia aparecido do nada e, por pura teimosia, decidiu fixar morada permanente no firmamento pessoal.
Eram dias cinzentos, sem luzes para iluminar a alma.
Dias melancólicos, sem inspiradores estímulos para impulsionar os pensamentos.
Eram dias fechados, com portas sem chaves que destrancassem daquele triste cenário.
E dias lúgubres, sem motivos para sorrir, mesmo que fosse um sorriso tímido e forçado.
E foi num sonho, naquele fantástico e mágico mundo que se revela entre o estar acordado e o estar dormindo, que uma doce mas assertiva voz bradou solenemente
– “Menos Eu, Mais Vida”
E depois repetiu tão baixo e longínquo como um suspiro daquele que revela um segredo a outrem
“Menos Eu, Mais Vida”
Às vezes, os sons mais tênues e as palavras mais doces são os mais impactantes, pois o despertar do sonho foi um salto como daqueles que acordam de um pesadelo horripilante.
E, neste caso, foi um duplo despertar
O primeiro, foi de avivar do sonho que estava sonhando
E o segundo, foi um acordar do pesadelo daqueles dias nebulosos.
O primeiro foi físico e imediato
E o segundo, por ser uma intangível revelação, pode ter impactos imediatos se entendemos o papel do eu nos dias nublados.
Dizem que na alegria somos todos iguais, eufóricos e livres
Mas nos dias nublados, somos todos únicos, pois cada um vê sua tristeza, sua dor e seus problemas de uma maneira individual e até mesmo exaltadamente egocêntrica, pois não existe dor ou problema maior do que o meu quando eu estou nele.
E, nos dias sombrios, o eu enevoado toma dimensões exorbitantes e, como consequência, elevamos nossas dificuldades, engrandecemos nossas carências, alucinamos nossas insatisfações, enaltecemos nossas deficiências e desvairamos nossos medos de uma maneira tão surreal que, por mera repetição e validação, conseguimos remover completamente o céu de brigadeiro de nossas existências e o cobrimos com um espessa, tenebrosa e perene nuvem de angústias, desânimos e temores.
E tudo isso acontece porque nos centramos apenas no eu, o eu insatisfeito, o eu incompleto, o eu pequeno, este eu que apesar de tantos esforços, permanece sendo um minguado e insignificante eu.
Enquanto isto, por estar desvairado nos prodigiosos desatinos do tristonho eu, a vida, que é o primordial sentido do eu, fica escondida pela nuvem que o eu criou
Mas também é importante saber que ela, a vida, permanece lá aberta, brilhante e em seu estado mais puro e natural
Além, entre e aquém das nuvens.
E a vida segue
Com suas fragrâncias, seus desafios, suas conquistas, suas perdas, seus inícios, meios e fins.
Seus lagos, montanhas, flores e ondas
Suas sociedades, histórias, sistemas e artes
Seus frutos, lavouras, economias e banquetes
Seus abraços, relacionamentos, fantasias e amores
Suas canções, poesias, pensamentos e alegorias
Sua vívida plenitude e sua inalienável essência de ser simplesmente vida
Abundante, exagerada e paradoxal por natureza, mas íntegra por herança divina.
Então se hoje o despertar foi num daqueles dias estranhos evite sobrevalorizar os pequenos devaneios do eu incompleto e insatisfeito e siga o sonho maior, a Vida.
Pois a revelação foi sublime e natural
Menos Eu, Mais vida.
Ou, como foi desvelada no melodioso som onírico,
Menos Eu, Mais Vida.
PS: Para citar este Pensamento:
Cargnin dos Santos, Tadany. Menos Eu, Mais Vida.
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