Beleza na seiva do sofrer, coragem na dor,
jorram pepitas reluzentes,
couro, cola, ilhós e sovelas
das sapatarias evanescentes.
As molduras do ser nem são eternas,
nem a simplicidade ornamental,
jorram alteridades entre ausências e silêncios
das correntes, cadeados e ferraduras de nossas cavernas.
Esquecer garante lembrar-se
da lama do campo, das ruas ordinárias,
jorram cerejas do tempo despencando nos desfiladeiros,
das máquinas cósmicas originárias.
Heroísmo, fezes e mortes,
arbustos lentos sob o sol e meia sombra,
jorram a alma do lado de dentro e de fora,
pedacinhos de cantigas no metralhar das sortes.
Paulo Ludmer
é poeta, contista, jornalista, engenheiro, professor (www.pauloludmer.com.br), Autor de Fagulhas (Realejo livros), Fonte (AGE), Falésia (Espaço Editorial) e Foz (Espaço Editorial) entre 25 títulos.