Sim, “todo mundo morre.”
E geralmente, quem faz pouco caso da morte dos outros, vai antes. Conheço tantas histórias reais…
Uma mulher, em um velório, disse pra um parente meu: “te cuida, já estás velho.” Morreu na semana seguinte a agourenta.
Uma vizinha da minha avó, que vivia fazendo planos para quando ficasse viúva (o marido era bem mais velho) também se foi antes dele.
Um advogado que não aceitou adiar uma audiência, porque “ninguém tinha nada a ver com a morte do filho da outra parte” (falou isso na frente do pai do rapaz que havia falecido) perdeu o filho meses depois.
E quantos jovens morreram na epidemia? Pessoas que diziam que “só os velhos iriam morrer. “Só”, como se fosse pouco. Aliás, dia desses lamentei a morte de um artista em minhas redes sociais. Um grande artista, escritor, humorista: Jô Soares e, para minha imensa surpresa li comentários do tipo: “ela já tinha 84 anos, não entendo o espanto, o tempo dele acabou.”
Ah, quanta frieza. Quanta insensibilidade. Sim, todo mundo more e quem vive muito, envelhece antes de morrer. Nem por isso, cada partida de um ente querido, de uma pessoa que admiramos, deixa de ser sentida. Não ria. Não tripudie. Não faça pouco caso da dor de ninguém. Lembre que “todo mundo morre.” Inclusive tu e as pessoas que te são caras.
SAÍLE BÁRBARA BARRETO é advogada, contadora de histórias e bruxa malvada nas horas vagas.
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