“É muito bom brincar de deus” – o desembargador falou na sala de aula, lá em São José/SC. Eu tinha 22 anos na época. Nunca esqueci. Era estudante de direito. Fiquei tão chocada. Anos depois veio a notícia: a brincadeira tinha acabado. Descobriram que o “deus” obrigava uma assessora a dividir o salário com a esposa dele. Foi aposentado.
E mais escândalos vieram. Um desembargador, acusado de espancar a mulher, foi afastado, depois reintegrado. Outro que apareceu em um vídeo, ao lado de um cantor sertanejo dizendo para as juízas de Lages: “nós vamos aí comer vocês!” também circulou pela internet.
Ah! E teve ainda outro que também foi aposentado porque em um telefonema, gravado pela polícia, conversava animadamente com um amigo que disse que sairia com uma adolescente. E ele sugeriu que o tal camarada levasse um presentinho para menina.
Recentemente mais escândalos. Mais atitudes machistas. Mais magistrados catarinenses sendo desmascarados pela imprensa nacional.
O jeito como a Mariana Ferrer, vítima de estupro, foi tratada em uma audiência em Florianópolis repercutiu nacionalmente.
Há poucos dias um vídeo de um juiz (da mesma vara criminal!) apareceu humilhando uma mulher, que ele classificou como péssima mãe, apenas por convicções pessoais. Suposições que fez, sem estudo social, sem nada.
Agora o caso da vítima de estupro, que corre risco de vida (acumulando os dois casos em que o aborto é permitido) mas, em Santa Catarina não foi respeitada a lei. Desta vez, por uma juíza. Uma mulher, o que também repercutiu muito mal e nacionalmente.
E eu? Acusada de fazer “o judiciário catarinense parecer um antro de sacanagens” pelo Ministério Público e pela Associação do Magistrados Catarinenses, na época PRESIDIDA POR UMA MULHER, que inclusive fez questão de pessoalmente firmar atas em cartório, stalkeando minha página, que foi censurada (POR OUTRA MULHER). Tudo por conta do livro FICCIONAL, Causos da Comarca de São Barnabé.
Eu condenada a pagar 50 mil, multas e honorários a um juiz que se sentiu ofendido. E ofendida em despachos e sentenças (leviana, frívola, autora de um livro medíocre).
Pois sim. Estou recorrendo. Porque não fui eu que “criei” essas notícias todas. Todo mundo lê jornal. Muita gente acessa a internet.
Vão queimar mais uma bruxa malvada e abafar mais um caso? Que vergonha, hein! Até quando?
SAÍLE BÁRBARA BARRETO é advogada, contadora de histórias e bruxa malvada nas horas vagas.
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