Uma notícia provocou uma agitação diferente no dia de hoje, 9. A cidade de Birmingham, na Inglaterra, amanheceu com um novo mural pintado em uma parede de tijolos à vista. Numa composição sui generis, o banco de parque “vira” um trenó puxado por renas, e onde dorme um morador de rua. Inusitada, a imagem foi divulgada por meio de um vídeo postado no instagram e no canal no youtube de um dos mais famosos artistas de rua: Banksy.
O mural do artista chama a atenção para a situação dos moradores de rua às véspera do natal. No instagram, ele escreve: ““Deus abençoe Birmingham. Nos 20 minutos em que filmamos Ryan neste banco, as pessoas que passavam, lhe deram bebida quente, duas barras de chocolate e um isqueiro – sem que ele pedisse nada”.
Ainda pela manhã, a postagem atingiu a marca de 999.032 curtidas e mais de 12 mil comentários. Em 24 horas foram mais de 3 milhões de visitas ao vídeo.
Banksy é um grafiteiro de reputação global. Seu trabalho pode ser visto em diferentes lugares públicos, da Inglaterra à Nova Orleans pós-furacão, ou pelos países da Europa até a barreira de separação na Cisjordânia palestina. Ninguém sabe quem ele é. Seu anonimato é drasticamente protegido, de modo a evitar reconhecimentos e processos. Na mesma medida , sua arte evidencia liberdade crítica e a irreverência, numa linguagem capaz de provocar reflexões globalizadas. Segundo ele, seu objetivo é “confortar os perturbadores e perturbar os confortáveis”.
De fato, provoca e perturba. O mural e o vídeo provocam reflexões profundas às vésperas do natal em um mundo cada vez mais desigual e colapsado. A crítica social do artista se constrói no contraponto das tradicionais noções de poder e autoridade e emerge como contra discurso capaz de resgatar a lucidez e a solidariedade em ambientes distintos. Faz pensar que as pessoas carregam em si o que há de melhor , sem esquecer também o seu pior. E que em determinados momentos, a depender das circunstâncias às quais se é submetido, este melhor ou o pior de cada um se manifesta ou na forma de solidariedade ou na violência desmedida. O trabalho de Bansky produz nos observadores uma sensação de concordância e de identidade.