O céu é o mesmo dos gregos,
mais sábio, menos espontâneo.
As coisas formadas por dobras, as peles de fronteiras,
sempre nascem hirtas de pinheiros.
Há suplício nos rostos, vincos.
Que não se larguem as mãos,
honradas, grosseiras, calosas,
ásperas, lisas, encarvoadas ou cremosas.
Mas olhos andam presos ao chão,
larvas parasitas atacam sem quartel,
gente não é cebola, pepino, batata nem ganso,
agora diante de armários e camas empenados.
Ainda não chiam os freios de um comboio,
traz munição no vazio onde ares sabem o que tocam.
Gargantas se organizam antes de emitir palavras.
Paulo Ludmer
é poeta, contista, jornalista, engenheiro, professor (www.pauloludmer.com.br), Autor de Fagulhas (Realejo livros), Fonte (AGE), Falésia (Espaço Editorial) e Foz (Espaço Editorial) entre 25 títulos.