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VOTE NO SEU POEMA PREFERIDO PARA O PRÊMIO REDE SINA DE POESIA

Confira os selecionados para concorrerem ao Prêmio Rede Sina de Poesia que será entregue no evento de premiação.

Os finalistas devem estar presentes e/ou enviar um representante para recitar no palco seu poema.

Os poemas são avaliados por uma comissão de jurados técnicos e pelo júri popular.

Os 3 primeiros lugares tem remuneração em dinheiro e quem receber voto do júri popular recebe em livros.

Premiação: Dia 25/10 – sexta-feira. 

A partir das 20h no Old School Pub (R. Niederauer 1613). Entrada gratuita. Reservas de mesa: (55) 9-9142-1095

 

Vote aqui no seu POEMA preferido: https://forms.gle/SiSAx5Xc6utTTQr27

 

CATEGORIA DE POEMA AUTORAL:

1) A Fera-Leandra Cohen

2) Cartografia-Carolina Ferreira

3) Cataclismo-Alex Yan Mainardi

4) Composição para sobrar poemas-Gabriel dos Santos Araújo

5) Feridas-Edinara Leão

6) Gameta frutificado-Felipe Freitag

7) O medo-Claudia Erthal

8) Portal-Paulo Vinícius Nascimento Coelho

9) Sem título (A)-Jeferson Carvalho

10) Sem títulos (G)-Luiza Casanova

 

 

  1. A FERA (Leandra Cohen)

 

O tempo, devorador insaciável, 

Engole vorazmente nossos anos, um a um 

O relógio é seu carrasco inabalável 

Seus ponteiros são braços sem calor algum 

 

Escuto o som do machado cortando a cabeça das horas

Os segundos enforcados que não voltam mais 

Tic tac… Movem-se os braços rompendo memórias 

Arrancando as tripas de histórias que ficam para trás 

 

Sendo mastigada, envelhecida e indesejada 

A cama molhada de suor e desespero 

Rastejo moribunda, agarrada a crenças esfaceladas 

Apegada aos últimos fios de vida e de cabelo 

 

Ouço os ponteiros cruéis e ruidosos de meu assassino 

Esse monstro impiedoso que me persegue e me devora 

O tempo sorrateiro engoliu o meu destino 

A vida é só um sonho distante, uma canção que ouvi outrora. 

 

Dancemos todos, almas perdidas, em volta da fogueira do fim dos tempos

Sonhemos com o plano em que não há ponteiros 

Com o mundo imortal, sem pressa e sem pressão. 

Sem o medo da derrota, de ser fraco e invisível. 

Sem a competição e sem o monstro irreversível.

2. CARTOGRAFIA (Carolina Ferreira)

 

Meu corpo continente poético 

Tua língua marca-texto 

Ilumina a poesia que deságua nos meus poros

Tumultuosos delírios neste rastro 

Desenha minha geografia 

Com minuciosa demarcação de linhas

Desmancha todas as divisas 

Sendo a única fronteira possível – eu cercada de ti

Faz meu mapa 

No trânsito engarrafado da tua embriaguez

Sou um inequivocável farol 

Cartografia riscada em espiral 

Íntima dos limites, bordas e infinitudes

Mas vem cá, mata sede no meu rio 

Boca adentro corpo afora 

Transbordo e fico onde penetrar 

Se tu terra e eu água, me absorve 

Entre a estrada e a insônia 

O reencontro alimenta a passagem dos dias

3. CATACLISMO (Alex Yan Mainardi)

 

uma brecha contrasta 

noutra brecha cor de amêndoas: ser vista pelos teus olhos por cima, 

por baixo 

de frente, de costas 

estar 

no teu campo de visão 

 

desejar ser coisa, 

possuída 

só por um instante 

a duração de um momento o anseio do movimento: 

 

se eu for terra quente, 

que seja teu sol a me banhar se eu for vulcão, 

que entre em erupção 

se eu for uma ilha, 

que seja engolida pelo teu mar.

4. COMPOSIÇÃO PARA SOBRAR POEMAS (GABRIEL DO SANTOS ARAÚJO) 

 

Longe dos escritos

meu pai capinava o desembaraço das plantas.

Lâmina asseada na pedra, a enxada feita a disco

( espessura 1,5cm – do arado do avô),

que um dia lanhou a quina do meu minguinho,

tamanho de uma isca de lambari.

 

O poema também tinha esse corte,

as sobras. A cepa que não vinga

lagarteia no sol, esquecida, maniva que não volta ao solo.

 

Para o poeta a sobra

é matéria que não nega a própria história.

A casca enrodilhada da laranja

ao invés do suco.

 

Dia de arar a terra,

eu e os passarinhos ficávamos catando milho,

tal como aprendi na datilografia.

 

Eram pedaços de pneu, bota e pente que emergiam

enquanto lavravam a terra.

 

Meus poemas lembram uma coleção

de pregos tortos, bastardos do martelo.

Os passarinhos no boi espremendo o carrapato,

as vacas espanando as moscas, o velho Ford pingando óleo.

O arado craquelando os torrões e eu no garimpo:

anel, bola de gude, faca sem cabo, ossos.

 

O verso do pé quebrado me serve – aquele enxerto.

O prego no chinelo arrebentado, que Arte!

Eu sou o poeta, mas era o pai que riscava o chão,

as linhas da lavoura que só os garranchos entendem.

5. FERIDAS (Edinara Leão)

 

No casario encardido,

a mulher lambe as feridas,

cansada de descortinar veredas.

Cortinas sujas escondem paredes caiadas,

vidas caiadas – sem molduras.

 

É impossível andar

por entre os cacos de vidro.

Naquelas lonjuras de si,

a mulher caminha

e bambeia o despudor imberbe.

 

Um fio de paixão estragada

derrama sons na velha varanda.

As mãos deslizam

qual navalhas,

tecem fios

como quem constrói andaimes de papel

no caos

 

Vermelhas: a vida, a morte

a sorte.

6. GAMETA FRUTIFICADO (Felipe Freitag)

 

Trocou os grandes prédios de garras pontiagudas…

Trocou o asfalto nauseante…

Trocou cada uma de suas escápulas em dor…

 

Trocou pelas ruas poeirentas qual quirera em manhã de transfiguração alaranjada.

Trocou pelos “bons dias” em oração ao longo do percurso até o supermercado.

 

Cada conta do terço como se fosse a página de um livro esquecido

De alguma biblioteca em ruínas.

Cada badalar do sino como que um adágio de prenúncio

Aos olhos cheios de formigas

E de formigamento em formigamento…

As cordas vocais não mais da fama de outrora.

 

Espatódeas a forrar o chão em tapete de dor pelo fim da infância.

Onde estaria o guri de antes?

Procuro-te em árvores frutíferas, mas somente encontro

Bergamotas, laranjas, pêssegos e abacates em estado de beijo de passarinhos.

 

Os tarsos e os metatarsos como dados genéticos marcadores do tempo…

3730-1080

Alô?

Ainda há orelhões espalhados pela cidadezinha.

 

E na tentativa de resgatar-me, eu-tão casmurro-tão ressecamento-tão pão amanhecido-

tão teias de aranha enfeitando móveis antigos cheirando a óleo de peroba-

o telefonema/chamada que não se completa.

 

Da viscosidade do húmus púrpura da fresta da janela-com rostos de soldados de ferro-

Vê-se o cansaço do não ter do não ver de não ser mais o guri de antigamente.

E indelicado, vil, casa de estômago farto, duradouro cervo de Frida Kahlo.

Onde estou?

 

Na lisa manta de veias bifurcadas por tantos remédios injetados…

Descubro-me…

Morte da palavra

Vômito da palpitação

Embuste do amor

Verso-torto-mente-crua-poliniz(A)dor

7. O MEDO (Claudia Erthal)

 

Descobri tardiamente que eu habitava o medo

e não ele que me habitava,

pois o medo era como a casa de banho feita de tábuas de madeira,

largas frestas decoradas de sacos de plástico quase transparentes, (sacos de adubo NPK recortados).

Nunca mais esqueci os símbolo de nitrogênio, fósforo e potássio,

que não conseguiam impedir a invasão de olhos daninhos.

O medo também era o chuveiro adaptado de um torpe fiação,

que a qualquer momento surpreendia em choques e quedas de luz

(preferia banhos gelados e rápidos).

 

Invejava o limo que crescia entre as nesgas da madeira podre,

porque nada os poderia abalar,

nem a água ensaboada e suja que deslizava cotidianamente sobre sua frágil estrutura.

Queria que minha pele fosse revestida de limo –

protegida de açoites de olhares, de vime verde e pedaços de mangueiras velhas –

passaria uma existência plena e invisível naquele mundo úmido,

cheirando a Colorama e Senador.

 

O medo era ainda o quarto sem tramelas, arrancadas de brutos empurrões,

personificado pelas paredes que balançavam com os passos lentos e pesados.

O medo se misturava com chuva que se esgueirava sobre o teto decadente,

junto com os gambás que caíam sobre as camas à noite,

com o cheiro de urina que vinha dos mijos pelas janelas,

com os mosquiteiros rasgados das camas desprotegidas,

com as penas dos travesseiros destroçados abafando o choro.

 

O medo era o caminho à luz de lanternas até a patente a 300 metros de casa,

era a sujeira das quedas na volta – caminho estreito e escorregadio.

Era ainda as marcas na pele suja e silenciada.

 

Revestida de um grosso limo, adubado por pedaços apodrecidos de minha estrutura,

equilibrando-me entre estreitos encardidos escorregadios umbrosos passos,

como uma casa sobre o lodo, deixei de habitar o medo.

8. PORTAL (Paulo Vinícius Nascimento Coelho)

 

Na silenciosa vertigem de meu sono paralelo,

seguro estou neste mundo adormecido.

 

Entre duas estações:
sou porta, jardim e cela.

 

Dividido, ilusoriamente, incoerente

desejo de um final.

 

Tempestade e bonança.

Treme mente animal!

 

Escrevo em sangue desbotado,

e guardo a ira de um titã

em minhas fibras nervosas.

 

Ideias são vaga-lumes

iluminando a noite de minha alma.

 

Mas um desejo maior

volta seu escopo às trevas.

9. SEM TÍTULO (A) (Jeferson Carvalho)

 

O asfalto quente, a avenida fria

As luzes dos postes acesas, e só

Sem cerveja gelada, sem cachaça, nem samba, muito menos samba

A paz, o sossego, a ordem, as mentiras

Vida que segue

O esquecimento, a letargia, o conformismo

Vida que segue

Ainda que com sede, com fome, com frio

Ainda que com ódio, com raiva, com revolta

Segue

O feriado, a quarta-feira, o sábado, e a segunda-feira de novo, de novo, de novo e de novo

A nostalgia, a saudade, um vazio, um espaço em branco

As noites virando dia, as letras sendo esquecidas, as histórias não sendo contadas

Pronto

O tamborim empoeirado em cima do guarda roupa, as saias num cabide velho, a bandeira

arriada

Era fevereiro, mas parecia agosto.

10. SEM TÍTULO (G) (Luiza Casanova)

 

Parece que estou agora dentro do teu bolso e

Paixão Côrtes atira seu manual de danças gauchescas ao léu

Classifica lã por lã um novo método de tosquia e desossa

Joãozinho Paixão joga cidade dorme com seus animais de estimação e eu

Fecho os olhos ajeito as pernas

Seguro a faixa do quimono na cintura com as mãos

nunca lutei e

Estou aqui agora na tua frente tu

Que entrega o corpo ao imaginário da corda Senhor Paixão nunca verá animal tão dócil

Espatifando paredes de pedra com o silêncio do Rio Grande do Sul

porque

Não viemos pro abate antes

Viemos olhar do convés e dançar chula numa escova de dentes azul

Tio Côrtes entende muito de Sant’Ana do Livramento e eu respondo que olha aqui, meu

senhor

Que culpa tenho eu se desenhei chifres em santinhos de candidato

Coloquei batom

O amor tem me feito cúmplice de crimes bárbaros, irmão:

Deitar no teu peito

Sem reza ou culpa por assalto algum

Pedir tua cara espalmada pra eu ver

Lamber os pelos do avesso

Morder a língua do bicho

Me agarrar nas lágrimas

Te imaginar costurando pelegos na agulha

E te querer com a mão.

VOTE EM:

 

 

Entre os mais votados subsequentes aos 10 finalistas:

A casa-Igor Lima

Apresentação-Fabrício Leão

Biografia da voz-Michele C. Buss

Correnteza-Bianca Manfrin

De Rios e dramas-Maria Cristina Lenz Macedo

Meia vida inteira -Ana Macedo

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