“Deixa-me entrelaçar margaridas
nos cabelos de teu peito.”
Caio Fernando Abreu.
Flutua
Obtuso em quebra línea
Deixei de lado a geografia da sua pele
para ficar…
com a filosofia dos seus poros.
Agora, na caverna, eu estou…
no seu travesseiro,
eu estou no seu lençol
e até no seu sabonete.
_E o que você pretende fazer com a minha paixão por você?
_(DES)ESPERAR!
Temperos
Então, ao sairmos para uma caminhada
sobre a garoa finíssima…
Ele me deu a mão.
Estranhei.
Afinal, sempre fui eu aquele a começar esse rito-imagem-coragem de afeição.
Como se todos os temperos que uso ao cozinhar cotidianamente
tivessem ganhado ainda mais gosto e aroma…
Entrelacei meus dedos nos dele.
Alecrim, açafrão, páprica picante.
Temperei nossas pupilas quando voltamos nosso tronco a um abraço.
Abraço de sol.
Poema para (não) ser lido por pós-modernos
Nossa paixão durou uma temporada do Master Chef Brasil.
Muitos dirão que o fim foi por conta da embriaguez da entrega.
Não, o problema foi a falta de tempero da entrega.
5 segundos de empatia, em uma mensagem de Whatsapp, fazem toda a diferença.
Bergamotas foram feitas para federem as mãos.
Você preferia-as descascadas e eu preferia o perfume do cheiro das cascas em meus dedos.
FELIPE FREITAG é graduado em Letras Português e respectivas literaturas (licenciatura) pela UFSM e é mestre em Estudos Linguísticos pela mesma instituição. Professor a mais de dez anos, dedica-se, também, à escrita literária. Publicou, em 2017, o fanzine de poemas Prolegômenos sobre lesmas valsantes.
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