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Sexo, a cidade e o desencontro por GUIDO BRASIL

X conheceu W em uma festa no último fim de semana. A química foi imediata. Passaram a noite entre papo, beijos e risos. Trocaram whatsapp e combinaram um cinema. Após o cinema, um jantar. Tudo em harmonia. Sinastria perfeita entre sol, ascendente e lua. Alguns dias depois, X informou que teria compromisso na sexta e que também não poderiam se ver no sábado, mas, talvez, no domingo poderiam se encontrar. Domingo acabou e não se viram.
Pelo aplicativo, Y deu Match com P, J, K, B, S, R, A, Z, D e Ç. O papo só fluiu com R e K, porém, somente com K foi possível um encontro. E o encontro foi maravilhoso. Muita afinidade. Muita história repetida. Muitos beijos e cerveja. Terminaram o encontro com a promessa de marcar outro em um próximo dia. Nunca marcaram.
Há quem diga que antigamente era mais fácil:
– Nunca saí da Dama de Ferro sem companhia.
– Você não saia de lugar nenhum sem companhia.
– Gente, sempre gostei mais da galera que frequentava a Bunker, mas a sala de bate papo do uol também era uma opção.
– “Antigamente”, é um termo muito injusto, mas confesso que sou do tempo da Eros em Marechal Hermes e lá não tinha erro.
– Para!!
Há quem diga que nunca foi tão fácil como agora:
– Gente, só não consegue quem não quer.
– Conheço gente que quer e não consegue.
– Gente problemática.
– Também conheço uma galera que está com dificuldade.
A pergunta que não quer calar é: Por onde anda o bom e velho sexo casual? Se está difícil encontrar alguém interessante para namorar, sabemos que o mesmo não acontece quando o assunto é sexo. Então, por que não aproveitar todos esses encontros para ter o melhor da festa?
– Está tudo tão rápido que eu acho que não dá tempo.
– Voltando para o “antigamente”, antigamente eu não demorava mais do que duas horas numa festa até dizer, ou ouvir, um: “eu moro aqui perto.” E hoje isso não rola mais.
– Eu não quero só sexo.
– Adoro o cinismo!
– É sério! Aos vinte e poucos anos é tranquilo acordoar ao lado de alguém que você nem lembra o nome, mas já passei dos trinta. Eu quero mais.
– Mas é essa a questão. Não está rolando nem uma coisa e nem outra. Vamos ficar no prejuízo?
– Galerinha, volto a dizer que só não transa quem não quer.
O tema rendeu horas de elucubração na mesa do bar e não foi possível concluir, ninguém sabia ao certo se o sexo casual estava por aí disponível ou em casa assistindo Netflix, e em determinado momento o assunto já era outro. Voltei para casa com uma outra pergunta, e talvez o tema do próximo texto: É possível se divertir sem os seus amigos?
Para Carrie Bradshaw, amiga de longa data.

guido-foto

GUIDO BRASIL

Ator, escritor e roteirista.
Autor do romance Bizarros e Solitários, editora Organograma, 2014

Ator e roteirista da web série “As Ideias de Senhor e Senhora Alguém”, 2008-2014.
Diretor e roteirista do curta-metragem“O Namorado”, curta-metragem, 2015.

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