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Home / * PORTAL / Safo: um hino e três canções de lembrança – Traduções de Rafael Brunhara
“Safo e Erinna em um jardim em Mytilene”, 1864 (Foto: Galeria Tate Britain | Reprodução)

Safo: um hino e três canções de lembrança – Traduções de Rafael Brunhara

Fragmento 1 – “Hino a Afrodite”

Afrodite imortal em flóreo véu fulgente,

filha de Zeus, tecelã de enganos, suplico:

nem com ânsias nem com dores domes

Senhora, o meu coração,

mas vem aqui, se alguma vez antes

ouvindo minha voz de longe

me atendeste e a casa do pai deixando

áurea vieste

atrelado o carro: belos te trouxeram

ágeis pardais sobre a terra negra,

num denso turbilhão de asas

cruzando o ar,

e logo chegaram. E tu, venturosa,

sorrindo em teu rosto imortal

perguntaste o que sofri de novo,

porque te invoco,

e o que mais quero que aconteça

em meu coração louco. “Quem vou convencer

de novo ao teu amor? Quem, Safo,

te faz esta injustiça?

Pois bem; se ela foge, logo te perseguirá;

se não aceita os presentes, em troca os dará;

se não te ama, logo te amará,

mesmo que não queira.”

Vem a mim, vem agora, duras angústias

desfaz; e o que cumprir meu coração

anela, cumpre! Vem, tu mesma,

e me ampara nesta luta.

 

Fragmento 16 – “Ode a Anactória”

 

Tropas de corcéis, ou infantarias,

ou naus: dizem ser sobre a terra negra

o que há de mais belo. Mas o que eu digo:

é aquilo que se ama.

 

Todo fácil fazê-lo compreensível

a todos: quem de longe superou

a humana gente em beleza, Helena,

ao ótimo marido

 

deixou, e foi p’ra Troia navegando.

Até dos filhos e dos caros pais

de todo se esqueceu, mesmo prudente;

a Cípris desviou-a.

 

Ela o vosso inflexível pensamento

doma de leve, enlanguesce a mente,

e agora faz-me lembrar de Anactória,

que não está aqui:

 

queria ver seu apaixonante andar

e o cintilar brilhante de seu rosto,

e não carros dos Lídios e guerreiros

em armas e armaduras.

 

Fragmento 31 – “Par dos Deuses…”

Parece aquele igual aos Deuses

ser, o homem que em tua frente

se senta e de perto doce fa-

-lar te escuta atento

e sorrir com desejo — isso tudo eu juro

faz meu coração no peito esvoaçar

pois te olho e tão logo falar

eu já não posso,

mas rompe-se a língua e leve

logo sob a pele lavra um fogo;

com meus olhos nada vejo fremem

meus ouvidos

água de mim se esvai, tremor

toma-me toda; mais verde que relva

estou e bem perto de morrer

eu pareço

Mas tudo se deve ousar …

 

 Fragmento 94: “O Adeus de Átis”

 

Quero morrer, não minto.

chorando ela me deixava

 

e aos prantos me disse

“Ai, que tristeza vivemos,

Safo!, juro, não quero deixar-te”.

E esta resposta lhe dei:

“Adeus! Vai, mas tem-me

na lembrança — sabes que cuidei de ti.

 

Se não, eu quero

lembrar-te…

… que alegrias vivemos:

 

com guirlandas de violetas

e rosas…

te puseste ao meu lado

 

e tantas coroas trancei

para teu colo macio,

feitas de flores…

 

e com o flóreo perfume

te ungiste
como rainha

 

e em leito macio

tenra

teu desejo saciavas

 

E não havia um só

templo, um só

…bosque…

onde juntas não estivéssemos….

 

…a dança

… o som…

————————

 

Rafael Brunhara

é professor de língua e literatura grega na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Traduz poemas gregos também.

 

Safo é considerada a maior poetisa grega do gênero lírico, talvez a primeira escritora do sexo feminino a marcar a literatura ocidental.   Mais em sobre aqui.

 

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