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REDE SINA produz reportagem sobre a indústria de calçados para Revista Istoé e Istoé Dinheiro

Publicada nesta sexta, dia 10 de janeiro de 2025, reportagem produzida por Melina Guterres da Rede Sina para as revistas Istoé e Istoé Dinheiro.

TÍTULO REVISTA ISTOÉ: PISANDO EM SOLO FIRME

TÍTULO REVISTA ISTOÉ DINHEIRO: DEPOIS DAS ENCHENTES

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A indústria de calçados no Brasil é a maior do Ocidente e a quinta maior do mundo, ficando atrás apenas de países asiáticos. O setor é um pilar importante da economia nacional, gera mais de um milhão de empregos diretos e indiretos e movimenta aproximadamente R$ 33 bilhões anualmente, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em 2023.
Para 2024, a produção de calçados no país deve alcançar 890 milhões de pares, um aumento de mais de 3% em relação ao ano anterior. “A estimativa é que, para 2025, a produção chegue a 904 milhões de pares, com cerca de 15% destinados à exportação para países como EUA, Argentina e Paraguai”, afirma Haroldo Ferreira, presidente da Abicalçados. Ele acrescenta que, embora o consumo interno tenha aumentado 9% até setembro de 2023, a produção cresceu apenas 4,8% o que evidencia que parte significativa do mercado interno é dominada pelas importações.
Para proteger o setor, o governo brasileiro adotou medidas antidumping e a taxação de pequenas importações, como a chamada “Taxa das Blusinhas”. Desde 1º de agosto de 2024, a Lei 14.902/2024 estabeleceu uma alíquota de 20% para compras internacionais de até US$ 50 e 60% para valores entre US$ 50,01 e US$ 3.000. “Essa alíquota de 20% é um alívio para o setor, que já chegou a enfrentar a possibilidade de importação com tarifa zero, mas ainda não é suficiente para competir em condições iguais com a indústria brasileira, que paga muito mais impostos e tem custos de produção cerca de 40% maiores que os países asiáticos”, afirma Ferreira.
Desde 2010, as importações de calçados da China estão sujeitas a direitos antidumping, medida aplicada para evitar práticas desleais de comércio, como vender produtos no exterior a preços abaixo do mercado. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as importações brasileiras de calçados originários da China estão sujeitas a uma tarifa antidumping de US$ 10,22 por par. Esta medida foi prorrogada em 2016 e novamente em 2022, com validade até 2027.
De acordo com o MDIC, a prorrogação foi baseada em evidências de que o fim das tarifas antidumping poderia levar à retomada do dumping e ao consequente dano à indústria nacional. “Constatou-se que a suspensão da medida muito provavelmente levaria à continuação do dumping e ao prejuízo à indústria doméstica”, informaram as autoridades.
Apesar da proteção, a crescente importação de calçados de países como China, Vietnã e Indonésia ainda preocupa o setor. Ferreira enfatiza que a falta de ratificação de convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesses países coloca a indústria nacional em desvantagem. “A China, Vietnã e Indonésia ratificaram muito menos convenções da OIT, o que afeta diretamente a competitividade de setores intensivos em mão de obra, como o de calçados”, explica. Ferreira destaca que enquanto o Brasil tem uma certificação ESG (Origem Sustentável) exclusiva para fábricas de calçados que adotam práticas sustentáveis, muitos produtos asiáticos não seguem esses padrões ambientais e sociais, agravando a concorrência desleal.
Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras que emprega mais de 20 mil pessoas, comenta sobre a eficácia das medidas antidumping: “Quando as medidas foram aplicadas contra a China, as exportações chinesas praticamente cessaram. No entanto, os produtos continuam chegando de países como Vietnã e Indonésia. Agora, com algumas empresas chinesas recebendo isenção da tarifa, a China voltou a exportar grandes quantidades de calçados para o Brasil.” Ele acrescenta: “Mesmo com uma mão de obra altamente qualificada, o Brasil não consegue competir com os custos asiáticos. O mais importante seria a criação de condições de competição mais justas. A extensão das medidas antidumping para Vietnã e Indonésia é fundamental”.
Além da concorrência externa, o setor enfrenta desafios internos. Roberto Argenta, presidente da Calçados Beira Rio, que emprega cerca de 25 mil pessoas, aponta os problemas enfrentados pela empresa em 2023: “Enfrentamos dificuldades com o aumento dos impostos, a reoneração da folha de pagamento e os juros elevados. Além disso, nossas fábricas no Vale do Taquari sofreram perdas significativas devido às enchentes no estado (Rio Grande do Sul), o que impactou a produção.” Apesar desses desafios, Argenta prevê um crescimento de 5% para 2025.
No varejo, José Carlos Ferreira de Oliveira, gerente de compras das lojas Eny, uma centenária loja em Santa Maria-RS, observou um impacto positivo das políticas de proteção ao setor. “Em outubro de 2024, registramos um aumento de 19,1% nas vendas em comparação ao mesmo período do ano passado”, afirma Oliveira.
Tadany Cargnin, administrador de empresas e consultor internacional, salienta a importância das tecnologias de ponta para a competitividade dos produtos asiáticos: “A China detém um grande potencial de automatização e robotização de suas indústrias, além de um ecossistema eficiente que colabora para reduzir o custo final dos produtos, tornando-os altamente competitivos. O desenvolvimento de tecnologias como inteligência artificial permite que as empresas produzam calçados de boa qualidade, competitivos em qualquer país.”.
Ricardo Gracia, diretor da Kidy Calçados, reforça a importância da inovação e da proteção ao mercado nacional. “Para a empresa crescer, além da busca constante por inovação, precisamos fortalecer as marcas ‘Made in Brazil’ e ampliar as medidas antidumping para países como Vietnã e Indonésia.”
Com inovação, sustentabilidade e a manutenção de políticas de defesa comercial, a indústria de calçados brasileira tem o potencial de se consolidar como um importante player global, contribuindo significativamente para a economia do país.

Conteúdo publicado em 10/01/2025. Encomendado e produzido para: os seguintes clientes:

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