Mariana Hilario, mais conhecida como Ma Boo, apelido concebido pelos amigos com o
significado de querida e por ter semelhanca com a rapper Gangsta Boo. Nascida em Jundiai-SP,
começou a se identificar com a cultura hip-hop desde muito cedo – com 9 anos frequentava
atividades culturais no Clube 28 de Setembro. Seu pai sambista lhe apresentava
rodas e a mesma já arriscava algumas rimas, com 12 anos comecou a escrever suas primeiras
poesias, sempre deixando-as guardadas.
Aos 14 anos já frequentava bailes de Rap na grande SP, ia e voltava de trem, se aprofundando
intensamente no movimento. Em 2010, quando sua mãe veio a falecer, se dedicar ao que
sempre amou fazer serviu como válvula de escape, se expressando pela arte escrita e também
pela música.
Letra:
Epahey Oyá , Iemanjá adoyá
Eu vim da lama igual Nanã
Nas águas doces vou me banhar
Ontem choro, Hoje ouro Oxum
Figa de Guiné, Pelourinho Olodum
Capoeira, que é bom faz zum zum
Pioneiras mulheres de Bantu
Prazer Ma Boo legado de Dandara
Vim pra vencer e nada me para
Em tempos modernos quilombo é quebrada
E as preta atitude batalha de espada
Mãe Gaia,corta as maldades criadas ditas
De mentes pequenas racistas pois somos
Mente blindada, raiz encrespada, empoderadas rainhas
[REFRÃO 2x]
Ela cresceu virou mulher
Sabe o que quer e se assume,
Se ela decide ela insiste
Não há quem segure
Presença, Beleza, Cabeça, Inteligente, Virtudes
Preta Atitude, Preta Atitude
Ela é sol Ela é chuva Ela é correria
Ativista guerreira tomba, mais não cai
Seu coração Resistência traz poesia
Magia de seus ancestrais
O santo dela é forte
Não abuse da sorte
Odeia machismo rapaz
Luta na guerra para trazer paz
Para seu filho ela é mãe e é pai
Oyá
Se ela quer ela faz
Semente de Xica
Anástacia e Nzinga
Rosa Palmeirão, Leci Brandão
Eulina, Sharylene, Nega Giza
Dona Jacira, Elisa Lucinda
Elza Soares, Eliane Dias
Carolina, Petronilha
Djamila luz que nos inspira
Hey Mana não se sinta sozinha
Sororiza, entenda perceba
Resistência, nossa dor é a mesma
E quando unidas a força é imensa
Preta na pele
Ou preta de alma
Bate o tambor
Que elas roda de saia
O sistema não aceita
A gente enfrenta
Respeita as mina as mona e as trava (3x)
O sistema não aceita
A gente enfrenta
Jamais seremos silenciadas.
Conheça a diretora do clipe: FLÁVIA BATISTA PAQUES
Nascida em Sorocaba e formada em Cinema pela CEUNSP- Salto em 2017.
“Nessa esfera audiovisual, as áreas que mais trabalhei foram a direção de arte, direção de videoclipes, assistência de produção, fotografia, entre outras funções. Com o objetivo de ampliar meus conhecimentos, participei do Laboratório Interdisciplinar Fronteiras Permeáveis realizado por Vera Hamburger, em 2016 (Cotia/SP). Filha de donos de gráfica, desde pequena me interessei por cores, texturas, composições. Na adolescência, passei a ajudá-los na empresa criando a arte dos cartões de visita, panfletos para festas, e até convites de casamento. Imigrei do Design para o Cinema e desde então não sai mais. As pautas principais com as quais me interesso e busco retratar em meus trabalhos são: o movimento feminista, a visibilidade das minorias, temática LGBTQ, causas animais, mulheres no audiovisual, impulsionar artistas iniciantes, e explorar o cenário independente musical.”
Como você foi parar no projeto?
Bom, esse projeto de videoclipe é realizado todo segundo semestre do ano letivo em minha faculdade. Eu havia entrado em contato com outra artista, mas no fim não conseguimos trabalhar juntas dessa vez, porém eu já estava com uma ideia para o roteiro e estética do clipe, que foram concretizados assim que conhecemos a Ma Boo. O projeto passou de uma experiência visual para também política. A letra que ela apresentou para nós fez com que a equipe tivesse ainda mais gás pra produzir esse clipe.
Como foi realizá-lo?
Mergulhar em uma cultura em que não estava familiarizada como a dos Orixás, foi uma experiência incrível. Conhecer pessoas e culturas diferentes fez com que o projeto fosse moldado por toda a equipe e participantes. Tivemos algumas dificuldades com as locações, que eram em sua maioria ao ar livre, e também ao entrar em negociação com a artista sobre algumas cenas que não conseguiríamos gravar por tempo curto (Os projetos tem prazo para entrega) e logística.
Todos ficaram satisfeitos com o resultado. Foi um projeto coletivo e orgânico, realizado por uma equipe formada de mulheres, pessoas que de alguma forma representam os temas, ou que contribuem com a luta e a visibilidade destes.