Tadany Cargnin dos Santos1 e Ronaldo Mota2
Alguém nascido neste ano de 2022, provavelmente, passará a maior parte de sua existência em um mundo onde a Índia será o país mais populoso e com uma das mais fortes economias do planeta. Isso é tão surpreendente como teria sido informar a um jovem brasileiro, ao final da século passado, que na sua fase adulta seria a China, e não os Estados Unidos ou a União Europeia, o principal parceiro comercial do Brasil.
Os intercâmbios comerciais entre os Brasil e Índia têm se ampliado (no início do século era quase desprezível, da ordem de US$ 300 milhões), porém, é ainda muito tímido (da ordem de US$ 11 bilhões). Ou seja, ainda pouco para duas nações continentais, com muitas afinidades (ambos estão entre as maiores democracias estáveis do mundo) e com economias dinâmicas e que podem ser vistas, em alguns aspectos, como complementares. Pelo lado brasileiro, cumpre descobrir, o quanto antes, o caminho da Índia.
Em setembro deste ano, a Índia ultrapassou o Reino Unido, tornando-se a quinta maior economia do mundo. Por sinal, a mesma posição que, há uma década, foi ocupada pelo Brasil (hoje somos a décima economia mundial). A Índia baliza o seu plano nacional em direção a vir a ser a terceira economia antes do final desta década, atrás somente de China e Estados Unidos. A previsão contempla caminhar em direção a ser a maior economia mundial em torno da metade do século.
Um plano estratégico de desenvolvimento econômico tão ambicioso somente é possível graças às políticas monetárias, fiscais e tecnológicas claras, coerentes e práticas que não são somente criadas pelo governo, mas viabilizadas via investimentos do orçamento nacional e, em paralelo, convertidas em produtos, serviços e inovações pelos empresários e empreendedores, nacionais e internacionais.
Cabe destacar que a existência na Índia de uma juventude fluente em inglês e altamente qualificada nas áreas de tecnologia de informação, ciências, matemática, programação e engenharia garante as bases de outro objetivo nacional de tornar o país um dos centros mundiais de inteligência artificial e outras áreas estratégicas.
O governo indiano, com a intenção de atrair investimento externos e alavancar investimentos nacionais, está investindo e abrindo o mercado, para a ampliação de infraestrutura como ferrovias, rodovias, portos e aeroportos. Além disso, o governo diminuiu o imposto corporativo de 35% para 25%, expandiu as “Zonas Econômicas Especiais” que possuem incentivos fiscais, infraestrutura competitiva e implementou outras medidas que facilitam o desenvolvimento de negócios para empresas de exportação (EPZ), áreas de livre comércio (FTZ) , parques industriais (IE), e empresas de Tecnologia.
A Índia é uma das maiores formadoras de startups do mundo, desenvolvendo unicórnios em tempo recorde, nas mais diversas áreas de atuação e nos mais diversos setores, se aproximando de quase uma centena unicórnios no país, sendo que quase 20% deles na área de finanças. Este cenário é também resultante de um programa nacional de incubadoras (NIDHI) que tem como objetivo, até 2025, criar mil incubadoras no território nacional e que cada uma, por sua vez, incube pelo menos mil startups.
Por fim, vale ressaltar que a Índia é referência em tecnologia de informação e inovação no mundo. O Vale do Silício indiano inclui as cidades de Bangalore e Hyderabad, que são referências mundiais e sedes das principais empresas de tecnologia do mundo. Praticamente todas as empresas internacionais possuem centros de inovações, laboratórios, centros de estudos e de desenvolvimento nessas cidades, gerando um ecossistema favorável para a inovação e para a criação de novas soluções para os problemas que o país e o mundo vêm enfrentando.
(1) Globalization Champion at IBM w AdvaitaVedanta Acharya, Pune, Índia; (2) Membro da Academia Brasileira de Educação, ex-secretário nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério de Ciência e Tecnologia.
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