Rede Sina Comunicação fora do padrão
Outro dia estava em um evento, conversando com várias amigas, quando ouvi de uma mãe: “minha filha tem três anos, desde que ela nasceu sinto que envelheci tanto, não durmo bem.
Não cuido mais de mim. Ah, eu me sinto tão cansada. Aí vejo o Facebook das outras pessoas, das outras mães, até mais velhas do que eu e com mais filhos e todas sempre estão tão felizes com seus bebês. Parece tudo tão fácil…”
Eu respondi: não é fácil. Eu sei que não é. Não tenho filhos, mas minha irmã tem e muitas das minhas amigas também têm bebês. Não dá para tomar como base “as fotos do Facebook”, ou qualquer outra rede social. Até porque os pais não vão postar fotos dos filhos chorando ou fazendo “birra” no supermercado em suas páginas. Pensa bem. Qual mãe ou pai vai postar uma foto cheia de olheiras depois de uma noite em claro na cabeceira do filho com febre? Nenhum. As pessoas só colocam fotos dos momentos felizes e isto é absolutamente normal, mas pode ter certeza de que toda mãe de bebê está exausta, tu não és a única. Ela sorriu.
E depois continuamos conversando sobre outras coisas e a reunião acabou. Eu fui embora, mas fiquei com aquela história na cabeça. Fiquei pensando naquela mãe e na ideia dela de achar que a vida é como as fotos do “Facebook”. E depois pensei em tudo que parece perfeito e não é “bem assim” como as redes sociais insistem em “exibir”. O amor idealizado que insistem em jogar na “nossa cara”, por exemplo, por exemplo. Quantos casais apaixonados de verdade a gente conhece? Um, dois? E quantos outros postam fotos e declarações quase que diárias, mas vivem aos “trancos e barrancos”? Milhares. No dia dos namorados mesmo, quase todos. E muitos brigam e voltam, saem até no tapa mas ninguém fica sabendo. E quando acabam de uma vez por todas, todo mundo se espanta. “Puxa, eles pareciam tão felizes!” Será que há quem olhe e pense “só eu não sou feliz no amor?” Espero que não…
E os “sinais de riqueza”. Quantas pessoas postam fotos em festas, bebericando champagne e comendo caviar, mas estão fugindo do cobrador que bate na porta?
Morando em edifícios de luxo sem pagar o condomínio há mais de dois anos, há vias de sofrer um despejo ou desfilando de carro importado e devendo o aluguel. Nossa, isso é tão corriqueiro… Realmente não dá para medir a felicidade de ninguém pelas fotos que esta pessoa posta na rede. Todo mundo que está aqui trava uma batalha diária para se manter feliz, forte e de pé. E cada um só mostra o seu melhor. Para saber das dificuldades só ao vivo, só de pertinho mesmo. É bobagem ficar nossas dificuldades com o aparente sucesso alheio. Fica a dica.
Saíle Bárbara Barreto é Advogada e contadora de histórias e bruxa malvada nas horas vagas.
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