Há exatamente um ano, no dia 1º de agosto de 2018, um grupo de arquitetos, jornalistas, artistas, professores, estudantes, agentes culturais e líderes comunitários se reunia para fundar o MEMÓRIA ATIVA, um coletivo de natureza independente e apartidária, em defesa do patrimônio cultural de Santa Maria. Em meados do ano passado, um dos maiores acervos arquitetônicos contínuos de edificações art déco das Américas, bem como cerca de duas centenas de casarões históricos de diferentes estilos, marcas identitárias dos vários momentos da vida de uma cidade que floresceu em torno da ferrovia – motor da economia do sul do Brasil em fins do século XIX e começo do século XX – estavam sob evidente ameaça.
A Câmara de Vereadores acabara de aprovar um Plano Diretor retirando da nova lei de ordenamento do solo urbano qualquer mecanismo de proteção aos prédios de interesse histórico de Santa Maria. Todos os que participamos desse movimento nos orgulhamos de integrar a ação concreta da sociedade civil que impediu um retrocesso sem precedentes. Na última semana de julho de 2018, após intenso diálogo entre o Conphic, o ministério público, prefeitura e integrantes do futuro coletivo, o prefeito municipal publicou um decreto tombando provisoriamente 135 prédios de interesse histórico. Tratava-se de uma vitória importante da comunidade, mas insuficiente. Por isso, na semana seguinte, o Memória Ativa nasceu.
Desde então um debate público vem sendo proposto a partir de nossa convicção: é possível, sim, escolher um modelo de desenvolvimento que promova o progresso e a geração de novos empregos e negócios e que, ao mesmo tempo, proteja nosso passado e nossa memória de cidade.
Nossa interlocução se expandiu. O apoio institucional das universidades – a UFSM, a UFN e a Ulbra – nos fortaleceu. O diálogo com a Câmara de Vereadores foi recomposto. As negociações com a prefeitura para que um projeto de lei de proteção ao patrimônio cultural seja enviado ao parlamento e discutido ampla e democraticamente com a sociedade tem avançado. Há, pelo mundo afora, exemplos de dispositivos legais que remuneram donos de imóveis históricos a nos inspirar. Os proprietários, ao contrário do que muitos pensam, são os grandes aliados da preservação da memória da memória da cidade. A luta continua, mas hoje é dia de festa. Viva o MEMÓRIA ATIVA!
Abaixo, a programação do nosso aniversário:
01/08 – Quinta
8h – Abertura da Exposição “Registro Fotográfico do Primeiro Ano do Coletivo Memória Ativa”
15h – Caminhada Arquitetura Art Déco (saída Praça Saldanha Marinho). Confraternização na Gare/ Mercado Público.
03/08 – Sábado
15h – Caminhada Arquitetura Art Déco (saída Praça Saldanha Marinho). Confraternização na Gare /Atêlie da Estação com atividades artísticas de coletivos culturais.
MARCELO CANELLAS
é jornalista formado pela UFSM, repórter especial da TV Globo desde 1990.
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