Pedro e eu estivemos duas semanas em Madrid, incluindo a passagem de ano em 2014/2015. Decoração linda. Ambiente festivo e seguro. Realmente, um bom lugar para festas. Voltei na primavera e estive lá durante três meses – mas não ficava só em Madrid. Frequentemente, eu viajava, levando apenas minha mochila. Dediquei-me à Andaluzia, para onde fui muitas vezes. Voltei agora com minha irmã – mais dez dias para ver e rever o país. Gosto tanto da Espanha, que tenho planos de retornar logo, logo.
Para estar bem, preciso de pouco (será pouco mesmo?). Bastam – me os museus do Prado, o Thyssen-Bornemisza e o Reina Sofia, acrescentem-se a Praça Mayor e a Praça do Sol, o Parque do Retiro, alguns palácios, as ruas para caminhar, as estações de Atocha e Chanmartin – e a Tarjeta Dorada, que me permite pagar 25% durante a semana e 40% , no sábado e domingo, em qualquer trem – desconto para todos os que já completaram 65 anos. Perfeito. Pode ser feita a Tarjeta em Atocha mesmo.
Gosto da comida, da movida das pessoas até tarde da noite, das livrarias e da música – aqui posso ver e ouvir flamengo, jazz e ópera. Como gosto muito de cinema, fico lembrando que estou na terra de Pedro Almodóvar, Carlos Saura e Luis Buñuel. Visito muitas vez as mesmas cidades, como o faço com Barcelona, Toledo, Córdoba, Granada, Segóvia, Sevilha, Ronda, Bilbao, Burgos, Málaga, Cadiz, Jerez e outras tantas. Enfim, gosto do país com todas suas atrações e diferenças regionais.
Aprendi, na Espanha, mais do que em qualquer outro país com monarquia, a reconhecer e até a fofoquear do rei, da rainha e de seus descendentes e parentes. Quando o rei Juan Carlos I abdicou em favor do filho, houve um up nos meus comentários. O novo rei Felipe VI, casado com uma plebeia, divorciada e jornalista ( e comunista diziam alguns à boca pequena) incrementaram as conversas – como se portaria a nova rainha? Como se vestiriam as filhas – Leonor e Sofia ? Como o rei se portaria face os escândalos familiares anterios? Senti-me realmente integrada ao país quando me escutei falando sobre o vestido e as joías usados por Letizia Ortiz, a rainha, numa recepção. Nesse dia, eu tive a certeza de que me havia tornado uma fofoqueira real, real nos dois sentidos.
Decoração luxuosa nas igrejas
É muito fácil mover-se em Madrid porque o Metrô – forma mais rápida – tem muitas estações e elas estão próximas dos lugares usualmente visitados. A Praça Maior, que já foi cenário de festas, touradas e de terríveis julgamentos da Inquisição, pode, por exemplo, ser alcançada através das estações Sol e Ópera. Aos domingos, costumo dar uma olhada nas missas, na Igreja de San Isidro ou na Catedral de Almudena. Nesse dia, as tradições católicas da Espanha mostram-se muito na formalidade do vestir, em homens e mulheres – mais velhos. Eles costumam levar crianças – penso que são netos ou bisnetos – lindamente vestidas. Olhando o público , lembro do que meu irmão costuma dizer: depois dos 70, é difícil ser ateu….
La Movida
Sou bem integrada à Espanha. Já acompanhei procissões; participei de concentrações e passeatas, em favor de ampliação e melhoria na saúde pública; fui a desfile de cães pequenos com premiação e com donos enlouquecidos; fiz programas tipicamente madrileños, como ir ao Mercado do Rastro e a Festa de San Isidro, Patrono de Madrid. Além disso, tomo café quase sempre no mesmo lugar, onde o idoso proprietário conhece Livramento, Rosário, Alegrete, São Borja. Ele trabalhava com João Goulart e fica emocionado ao falar sobre essa parte de sua vida.
Muita gente nas ruas
“Se você pode lembrar, então é porque realmente não esteve lá.” Esse dito madrilenho só pode se referir a um evento: à revolução cultural que irrompeu depois da morte do General Francisco Franco. Depois de quase quatro décadas de uma ditadura implacável, a Espanha finalmente se libertou. A capital da Espanha celebrou sua liberdade com festas de rua espontâneas que se transformaram em um movimento cultural. Madri foi mudada para sempre pela “Movida Madrileña” https://www.klm.com/destinations/br/br/article/cultural-revolution-la-movida-madrilena
Paella de verduras, um dos meus pratos preferidos
Imprescindível fazer um comentário sobre as comidinhas espanholas, tão variadas e tão deliciosas. A Paella pode ter muitas variações. A mais popular talvez seja a de marisco. Minha preferida é a Paella de Verduras, com abobrinha, cogumelos, ervilhas …Gosto também do Cozido Madrileño – algo semelhante a ele, no Rio Grande do Sul, chama-se puchero. Também gosto de Tortilla de Patatas e de Fritada Espanhola. Como, ao menos uma vez por semana, Fabada – feijão branco bem graúdo com linguiça e carnes diversas.
Morcilha de Burgos – deliciosa!
Copiei uma receita da Fabada, embora eu tenha dificuldade em encontrar, na minha cidade, aquele feijão branco bem graúdo. Repasso:
200 gramas de linguiça de porco
200 gramas de chouriço de sangue de porco (morcilha)
125 gramas de toucinho
1/2 quilo de feijao branco
3 batatas
2 alhos socados
1 cebola picada
Modo de Preparo:
Deixe o feijão de molho.
Numa panela junte a linguiça, o chouriço e o toucinho e deixe ferver de 25 a 30 minutos.
Refogue o alho e a cebola e junte ao feijao.
Acrescente as batatas e deixe cozinhar até ficarem macias.
After day, teste seu colesterol…
Grupo executando Vivaldi…na rua
Sou grata à Espanha pelo muito que me oferece há tantos anos, em tantas vezes que a visito. Sou grata especialmente por nunca ter sentido, nesse país, preconceito de nacionalidade – como senti em outros. Aqui um brasileiro é …simplesmente um brasileiro, sem outros adjetivos. Uma pessoa que viaja sozinha, sem pacote, livre e independente, mulher evelhinha, precisa, sim, ter atitudes e demonstrar segurança. Fica, então, tudo fácil,fácil.
Nasceu em propriedade rural no interior do Rio Grande do Sul. Saiu do campo com 15 anos. Foi professora por mais de quarenta anos. É aposentada da UFSM – Universidade Federal de Santa Maria, onde desenvolveu atividades em pesquisa, ensino, extensão e administração. Trabalhou durante sete anos em Salvador/BA. Elaborou o projeto global da FSBA – Faculdade Social da Bahia. Aldema diz que sempre gostou de viajar “com o tempo, tornei-meandarilha. Escrevo para que meus netos saibam das aventuras, ideias e ideais de sua avó”. Seu blog teve seu início em 2006, que para ela não tem outra pretensão além de estimular familiares e amigos a percorrer “este mundo, redondo, bonito e fácil de andar.”. Entre seu motivos de orgulho, ela afirma “meus filhos, meu trabalho e as árvores que plantei”. Conheça o blog: http://www.correndomundo.blogspot.com.br/