Campanha lançada nos EUA em 2016 chega ao Brasil em parceria com o projeto Justiceiras para dar visibilidade às denúncias de abuso sexual
Motivado pelas denúncias de assédio sexual publicadas na The Intercept Brasil na última sexta-feira (28) e outros sucessivos relatos de casos de abuso sexual no país, principalmente os cometidos com abuso de autoridade, hierarquia no trabalho, superioridade econômica e liderança religiosa ou espiritual, chega ao Brasil o Movimento MeToo.
A violência sexual no país exige respostas eficazes. Em 2018, o Brasil ultrapassou 65 mil casos de violência sexual, o que corresponde a mais de 180 estupros por dia. Entre as vítimas, 54% tinham até 13 anos.
É o número mais alto desde 2009, quando houve a mudança na tipificação do crime de estupro no Código Penal brasileiro e o atentado violento ao pudor passou a ser enquadrado como estupro. Os dados fazem parte do 13º Anuário de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Historicamente, o crime de estupro tem baixa notificação, devido ao medo de retaliação por parte do agressor, receio das vítimas do julgamento e constrangimento, e falta de confiança nas instituições. Segundo relatório do Fórum, apenas 7,5% das vítimas de violência sexual no Brasil notificam a polícia — percentual que varia entre 16% e 32% nos Estados Unidos.
A exemplo do que aconteceu nos EUA, surge o Me Too Brasil: um movimento independente inspirado e influenciado pelo movimento fundado por Tarana J. Burke nos Estados Unidos para dar visibilidade às denúncias de abuso sexual, com lançamento formal a ser realizado no dia 25/09 às 18h, no formato de webinário via Zoom, com o apoio da OAB-SP.
O movimento #MeTooBrasil é formado pela organização sem fins lucrativos GADvS – Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero, representado pelas Advogadas Gabriela Souza, Luanda Pires, Isabela Del Monde e Marina Ganzarolli e conta com a parceria do Projeto Justiceiras, representado pela Promotora de Justiça Gabriela Manssur, pelas advogadas Anne Wilians e Luciana Terra Villar, pela empresária Andrea Manelli e pelas estudantes Camila Manssur Zarzur e Giovanna Saad e conta com o apoio da MEGA Model Brasil e da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público – Conamp.
Visando amplificar a voz de mulheres vítimas de violência sexual, a campanha chega ao Brasil como um braço independente e influenciado pelo movimento que começou nos EUA. A união de esforços por meio da parceria com o projeto Justiceiras proporcionará apoio e orientação às sobreviventes e a tomada de providências necessárias para juntas acabarmos com o abuso sexual no Brasil.
O objetivo geral da campanha #MeTooBrasil é amplificar a voz de muitas mulheres, dar visibilidade às centenas de relatos de abuso sexual e dar suporte para que estas meninas e mulheres saibam que não estão sozinhas.
A campanha pretende ser um instrumento eficaz para reduzir o silêncio que leva à subnotificação dos crimes de violência sexual contra a mulher e meninas em todo o país.
Participe, acesse o site www.metoobrasil.org.br e compartilhe. Você pode contar sua história, pedir apoio (jurídico, psicológico e socioassistencial) e realizar denúncias formais que podem ser remetidas às autoridades competentes. Você pode também ser voluntária do movimento ou simplesmente divulgar a campanha, compartilhando a #MeTooBrasil.
Canais de comunicação:
Email: brasilmetoo@gmail.com
Twitter: @brasilmetoo
Instagram: @brasilmetoo
Plataforma: www.metoobrasil.org.br
https://theintercept.com/2020/08/28/curador-brasileiro-acusado-abuso-sexual/