Lembro do meu tio avô com o radinho de pilhas no ouvido, acompanhando a guerra em Israel. Meu tio morreu há mais de trinta anos e hoje ainda acompanhamos a mesma guerra, só que pela internet.
Muita coisa mudou nestes trinta anos, mas a paz nunca reinou no mundo. E os votos de um Feliz Ano Novo me parecem tão insensíveis!
A guerra na Síria, os ataques nos EUA, a crise na Coréia do Norte, a crise dos refugiados na Europa, a fratura política na Líbia, o aumento das tensões entre Israel e os territórios palestinos, a violência na Turquia entre curdos e forças de segurança turca. A instabilidade política no Egito. O aumento da violência no Afeganistão. A violência entre sunitas e xiitas….
E sangue jorrando, crianças subnutridas, famílias dilaceradas, medo, terror…
O extermínio de negros, pobres e favelados aqui no Brasil. A violência contra as mulheres. A homofobia.
Mas há num canto mundo do mundo gente feliz. Pelo menos que tenta ser feliz. Que tenta fazer alguma coisa pelo mundo… Que deseja Paz, amor e prosperidade neste Ano Novo.
Me sinto incapaz de desejar essas coisas. Talvez um ano com menos sangue, pois desejar paz seria utópico. Talvez se eu desejasse que as pessoas se condoessem mais, se importassem mais, e amassem mais o próximo, seria uma boa forma de começar um novo ano.
Por todas essas razões desejo a todos um Ano Novo mais ameno, mais sereno, mais Novo!!!!!
Giulia Pegna
Nasceu em Alexandria, no Egito. Chegou no Brasil com seus pais, em São Paulo, aos 3 anos de idade. Formada em jornalismo pela Casper Líbero, trabalhou no “O Estado de São Paulo” em SP e no “O Globo” no Rio. Escreveu textos para a revista Visão juntamente com Wlado Herzog. Especializada como professora de francês em Sèvres, França e Auditora da Qualidade. Trabalhou durante 10 anos na Floresta Amazônica, como Coordenadora da Qualidade e em 2014 até maio de 2015, no México. Atualmente reside em Salvador-BA