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Inaugurando a vida na escrita por Graziela Miolo

O ano  inaugura. É bem verdade que já há alguns dias, mas ainda assim é inaugural a primeira semana que corresponde ao ano de 22. Junto desta inauguração inicia uma nova caminhada, agora revelando em outro espaço e atingindo outros contextos na  minha pretensão de escrever.

Essa arte que me acompanha desde que as letras eram garatujas, nunca teve a pretensão de entender-se literária, ou como função(qualquer que seja ela). No entanto, com a publicação de algumas reflexões pelas redes sociais parece que as “garatujas” começaram a chegar mais perto de quem se dispõe a pensar e refletir através da escrita. E sob o olhar atento da Rosana, uma colega de docência que transformou-se numa amiga, acabei chegando até este lugar que muito me lisonjeia, a Rede Sina. Um espaço tão plural e rico!
Achei justo que o texto inicial pudesse falar sobre a escrita e a inauguração. Não apenas como um clichê da vivência do momento, mas porque sempre tive a sensação que a escrita inaugura um corte, uma ruptura, um oásis. Para o leitor que se dispõe a ler, com certeza! Mas para o escritor (ou aqueles que são apenas amadores como eu) penso que parece dar vazão a uma ruptura na alma.

Escrever é abrir espaço no olhar, na fala, na escuta e no paladar, e executar a força da vivência na união de letras que formam palavras. E as palavras… ah!… elas inauguram sensações novas àqueles sentidos iniciais que deram origem a tudo. Um olhar pode cheirar, um cheiro pode ter gosto e uma sonoridade pode ser vista. Porque a união das palavras na formação de uma frase pode dar condições inéditas e surpreendentes ao ser humano, naquilo que chamamos de realidade. As histórias podem nos permitir voar sem termos asas ou flutuar mesmo com a força da gravidade.
As palavras inauguram papéis em branco ou telas. Desconstroem muros ou provocam abismos. É magia.

Elas ascendem em cada leitor surpresas, por vezes, intangíveis ao lugar comum. Palavras e frases são passeios pelos universos atemporais, e ganham sentido na construção do tempo subjetivo de quem se dispõe a construir margens e fôlego para novas caminhadas. Por isso, a escrita e a leitura são magia. Misticismo. E com isso não relego essas ações a planos inferiores. Mesmo que seja alguém convicta da importância da ciência, ainda assim entendo que a alma humana pode se valer do equilíbrio do mágico e indizível para dizer e pensar. Pois já diz o ditado: há mais coisas entre o céu e a terra… bom… há principalmente a subjetividade humana, entre o céu e a terra. E esta, se não é mística, pode ser bastante complexa.
Então, proponho pensar que a inauguração é sempre uma mística que interpõe o tempo e não traz garantias, apenas(ou seria somente?) desejos.
Por isso… penso que inaugurar esse espaço, em um ano que se inaugura é uma oportunidade mística! Uma magia que permite desvendar as realidades, produzir reflexões e ampliar os encontros com a criação e a ousadia. Tal qual a oportunidade de um novo ano…! Pois que venha então, o novo ano… a nova escrita!
Vamos juntos? Inaugurar palavras e sustentar a vida!

Graziela Miolo é Psicóloga e Psicanalista. Especialista em Clínica Psicanalítica, Mestre em Psicologia Clínica. Experiência na docência superior por 14 anos, entre cursos de graduação e pós graduação. Amante de leitura e de música. Sou inquieta com tudo que mobiliza e toca o ser humano e suas complexas formas de expressão. Me considero alguém atenta à vida. Mulher e mãe.

 

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