Naquele país respirava-se um clima de reivindicações confusas, ambíguas, contraditórias e praticamente imponderáveis.
Havia um clima de desconfiança e incerteza.
A crise reinava em muitas esferas e parecia longe de um desfecho positivo.
Havia setores da sociedade não comprometidos com a estabilidade democrática.
Desejavam um líder autoritário capaz de mudar e transformar tudo.
Havia uma impaciência com a multiplicidade de partidos e as infindáveis negociações por cargos e verbas.
As críticas eram as mesmas de sempre: “todos os partidos são iguais”; “todos os políticos são corruptos”; “ninguém presta” e etc.
Não há dúvida que tempos de desespero atraem oportunistas e demagogos patéticos.
O discurso sedutor de um carismático líder é um feitiço inescapável.
De repente, apareceu este “grande líder” que prometia pão ao faminto, teto ao que dormia ao relento, justiça ao miserável, riqueza ao pobre, grandeza ao humilhado e espezinhado, vingança ao derrotado.
Megalomaníaco, populista e sedento por poder, a sua personalidade fascinava as massas.
“Ele era o Rosseau, o Mirabeau, o Robespierre, o Napoleão de sua Revolução, o Marx, o Lênin, o Trotsky, o Stalin”.
O dia de seu aprisionamento foi, sem dúvida, o ponto de mudança na sua carreira política.
Ele dizia ser o ano especial em sua vida. Desde então, os fanáticos o seguiam numa “alegria de bêbados”.
O povo era fascinado por seu magnetismo, pela magia de sua oratória, por sua falta de propostas concretas, por sua simplicidade.
Até hoje, seus princípios e técnicas de propaganda são aproveitados pelos “homens providenciais” que surgem nos países em crise.
É evidente que eu me refiro a Adolf Hitler, uma das diversas personalidades que abalaram – tragicamente – o século XX.
Prof. Dr. José Renato Ferraz da Silveira