“Minha casa contém todos os elementos básicos que eu sempre pretendi possuir: uma excelente biblioteca, uma pinacoteca também belíssima, e algumas coisas antigas do passado santa-mariense, que eu estou juntando, colecionando e preservando da destruição irremediável. Livros de autores santa-marienses, ou sobre Santa Maria, documentos, telas, objetos, enfim tudo que é digno de ser preservado, eu guardo, catalogo e ordeno.” – EDMUNDO CARDOSO
Através dessa fala, posso contar para vocês o que é, foi e representa Edmundo Cardoso para o patrimônio cultural de Santa Maria, pois sua vida e legado, embora pouco lembrado ou valorizado, traduz tudo o que esta personalidade marcante e enigmática contribuiu ao longos dos anos.
Nascido em Santa Maria em 29 de janeiro de 1917, tornou-se referência para a história e cultura santamariense. Foi jornalista, funcionário da justiça, escritor e teatrólogo, tendo fundado duas importantes instituições: a Escola de Teatro Leopoldo Fróes e o Clube de Cinema de Santa Maria. Desde muito jovem, apresentou um grande interesse pelas artes. Segundo o site de CMEC (Casa de Memória Edmundo Cardoso), aos quinze anos finalizou seus estudos e ingressou como auxiliar de redação no jornal Diário do Interior. Em 1935, começou a publicar artigos sobre Legislação do Trabalho no jornal A Razão, onde permaneceu publicando crônicas até meados dos anos 1980. Além disso, participou como ator no filme “Os Abas Largas”, rodado em Santa Maria na década de 1960 pela Lupa Filmes do Rio de Janeiro. Durante sua vida, participou de diferentes clubes, associações, campanhas, projetos e documentários, e recebeu muitas homenagens, prêmios e distinções.
Ao longo de suas atividades reuniu e preservou em sua residência fotografias, jornais, revistas, livros, obras de arte, objetos e outros documentos que serviam como fontes de pesquisa aos interessados na história da cidade de Santa Maria. Devido a enfermidade, que aos poucos impossibilitou Edmundo de organizar e disponibilizar o seu acervo, houve um maior envolvimento de sua família que, após o seu falecimento em 5 de dezembro de 2002, planejou-se a criação de um espaço de memória dedicado a ele. Desde então a casa que ele comprou em 1944, na Rua Pinheiro Machado, número 2712, seus familiares mantém a Casa de Memória Edmundo Cardoso, constituída por um acervo arquivístico, bibliográfico e museológico, através do qual serve a comunidade com atendimento ao público e exposições referentes à história de Santa Maria.
Conforme a matéria escrita pelo jornalista Bernardo Abbad, do jornal Diário de Santa Maria em dezembro do ano passado, a CMEC foi inaugurada praticamente no dia seguinte à morte de Edmundo, também em dezembro de 2002, e é administrada pela viúva do diretor, Therezinha Pires dos Santos, 82 anos, e pela filha, Gilda May Cardoso. O espaço, hoje uma entidade privada mantida pela família, continua com os cômodos, incluindo o escritório – lugar preferido de Edmundo – praticamente intactos e está aberto para visitas, mediante agendamento, e para pesquisas no rico acervo.
Em 2018, em comemoração ao seu centenário, foi lançado o livro O Edmundo que eu Conheci, que conta a história dele, do teatro e tem entrevistas com pessoas que o conheciam, como o médico e vereador, Werner Rempel e o jornalista Marcelo Canellas. A obra é um registro biográfico de sua carreira enquanto pessoa e artista. Passeia pela décadas de 1930, 40, 50 e 60, onde intensificou suas atividades no teatro com o grupo da Escola de Teatro Leopoldo Fróes com vários artistas, onde viajou por diversos lugares do estado do Rio Grande do Sul com peças de teatro até chegar aos anos 70 e 80, onde acontecera momentos importantes na sua vida pessoal. A perda da sua primeira companheira por mais de 36 anos, Edna Mey, em 1979 e em 1985 quando se casou-se com Therezinha de Jesus Pires Santos, com quem viveu por quase 18 anos até o seu falecimento. Recomendo à todos procurarem ler este livro, a obra tem 141 páginas e é uma leitura fácil e ótima para quem gosta de conhecer histórias de pessoas que tem grande importância para a cultura e a cidade. Vale totalmente a pena!
Fontes consultadas:
https://diariosm.com.br/criado-um-dia-apos-sua-morte-casa-de-memoria-edmundo-cardoso-completa-20-anos/
JOÃO VITOR LIMA
Comunicador, estudante e produtor de conteúdo. Desde 2018 tem um canal no YouTube direcionado à entrevistas, receitas e dicas. De 2020 à 2022 apresentou a live/programa `João Entrevista’, onde promoveu de forma remota entrevistas ao vivo em sua página no Instagram, com personalidades da arte, cultura, política e televisão. A cantora já falecida Deborah Rosa, a diretora do Theatro Treze de Maio – Ruth Pereyron, a judoca Maria Portela, o cantor Agostta, a cantora nativista Oristela Alves e atriz global Nívea Maria e muitos outros já foram entrevistado por ele. Também, desde 2021 apresenta o programa `Radar Social’, veículo mensalmente pela plataforma Rede Sina, onde discute várias pautas políticas-sociais com diferentes convidados e debatedores. No ano de 2022, ganhou o Prêmio Destaques da Cultura, do Diário de Santa Maria e Revista Mix, como “Revelação do Ano” referente à 2021, no júri popular e especializado. Também recebeu o certificado “Amigo da Diversidade” no Troféu Triângulo Rosa, em homenagem feita pela Ong Igualdade.
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