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Eleição é uma questão tática – LUIZ ALBERTO SANZ

às urnas, em defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores

Luiz Alberto Sanz

Com o respeito inabalável que dedico a todos os camaradas que têm a coragem de assumir-se como libertários e/ou anarquistas, mergulhando nas tarefas cotidianas de mudar o mundo mesmo que saibamos que a maior parte de nós não o verá mudado, argumento que estamos tomando por estratégica uma palavra de ordem tática. Nem sempre os anarquistas se abstiveram ou anularam seus votos. Em 1936, no Estado Espanhol, os anarquistas foram às urnas em apoio à Frente Popular, da qual não faziam parte, para impedir a vitória eleitoral do fascismo. Este ano, os libertários mexicanos reunidos em torno do EZLN e do Conselho Nacional Indígena lançaram à Presidência da República a médica tradicional do povo nahua María de Jesús Patrício Martínez, porta-voz do Conselho Indígena de Governo. O objetivo? Deixar claro o caráter enganador das eleições gerais mexicanas e a independência do movimento indígena ante os conluios eleitorais.

Penso que estamos em uma situação semelhante à vivida no Estado Espanhol na que foi a última eleição da II República. A Frente Popular não era muito diferente do que é a aliança em torno a #FernandoHaddad e a Frente Nacional de Gil Robles tampouco diferia muito do que é o amontoado direitista de Bolsonaro. Em lugar do clero católico encabeçado pela Opus Dei, temos os neopentecostais.

Eu me abstive no primeiro turno, coerente com a convicção de que deveria ficar patente que a rejeição é tão grande que torna ilegítima a vitória de qualquer das partes. Neste segundo turno, frente à possibilidade de vitória eleitoral dos fascistas e a ameaça de golpe implícita no decreto do General Etchegoyen assinado pelo sr. Michel Temer,

votarei #contraofascismo

votarei #Haddad,

sem que isto signifique que apoio sua política, seu partido e seus aliados. E convido a todos que prefiram lutar em liberdade por uma sociedade mais justa para que se somem à

#ResistênciaAntifascista

#bolsonaronão

Teatro de fantoches

Escrevo este artigo ainda sob o impacto do decreto que ressuscita o DOI-CODI, agora com o nome pomposo de Força-Tarefa de Inteligência para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Foi emitido no dia 15, na surdina, pelo atual desgoverno, cuja persona mais forte, e que vai coordenar o “novo” órgão centralizador da repressão, é o General Sergio Etchegoyen, que o assina juntamente com o “Presidente” Michel Temer.

É a mais importante novidade do quadro político no Brasil, embora já houvesse pistas de que poderia acontecer. Mas não percebo reação significativa das forças antifascistas e democráticas, nem mesmo dos grupamentos envolvidos no embate eleitoral. A mais consistente veio do jornalista Luís Nassif, no GGN, no dia 17, em artigo que terminava com a frase: “Bem-vindos de volta ao inferno!” Compartilhada a informação nas redes sociais, houve uma resposta considerável, porém as duas campanhas, que eu saiba, ficaram caladas.

No mesmo dia 17 (ainda não lera a coluna do Nassif), compartilhei o texto do decreto no Face Book e no G+, dizendo:

Renasce, por decreto, o DOI-CODI, agora com o nome pomposo de Força-Tarefa de Inteligência para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. (…) Nem esperaram o resultado da eleição, ainda indefinida. Querem deixar lastro para que as ações repressivas não tenham que passar por um Presidente Civil. O poder, desde já, está nas mãos do General Etchegoyen, filho e neto dos generais Etchegoyen de má memória. Confirma-se a condição de fantoche do senhor Michel Temer. A mão que o manipula tem punho de ferro.

Comentando a preocupação de uma colega quanto ao conteúdo do decreto, na mesma postagem, escrevi:

Sim, amiga! Os generais preparam-se para intervir, penso eu, qualquer que seja o resultado. É impensável para eles servirem sob as ordens de um petista em um país dividido. Mas também é impensável servir sob as ordens de um capitão, conhecido na tropa como “bunda suja” e que foi dispensado, enviado para a reforma, aos 32 anos por insubordinação e outras violações do Regimento Disciplinar do Exército, o famoso RDE.

Silêncio ruidoso

É preocupante o silêncio do PT e de seu candidato a respeito das consequências deste documento que Nassif e outros colegas da Imprensa chamaram de preparação para o Ato Institucional Nº 1 “do novo regime”.

Que a campanha da extrema direita não se pronuncie, é natural. Seus membros pensam que essa Força-Tarefa os fortalecerá, que o General Etchegoyen e seus pares se submeterão ao capitão insubordinado. Algo semelhante pensaram os articuladores do golpe no Chile em 1973. Em suas comunicações internas chamavam Pinochet de Chapeuzinho Vermelho (é melhor do que “Bunda Suja”). Acabaram engolidos pela “menininha ingênua” que se mostrou um ditador voraz.

Esquecem os bolsonaristas e seus estrategos que a seus atos de campanha, organização de milícias, agressões orquestradas contra seus adversários, postagens nas redes sociais de apoiadores empunhando armas, caem como uma luva as caracterizações de formação de quadrilha e crime organizado, embora o decreto tenha como alvo principal os movimentos sociais e agrupamentos de esquerda e libertários. Seu candidato não conseguiu formar-se na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Os generais da ativa (não os generais de brigada reformados, que chegaram ao posto graças à aposentadoria) cursaram a Escola Superior de Guerra, a famosa “Sorbonne”, na qual foram gestados o golpe de 1964 e os Governos da Ditadura.

Lá estudaram, entre outras coisas, a ascensão e queda do nazismo e do fascismo italiano. Puderam investigar as consequências nefastas, para a aristocracia militar alemã, de alinhar-se a um regime comandado por um cabo do Exército desqualificado e transformado em mito por hábeis intelectuais pequeno-burgueses especialistas em manipulação das massas e por intelectuais orgânicos do lumpesinato que recrutaram a bandidagem, os descontentes com a situação econômica e social do país e todos os tipos de aventureiros para organizá-los em suas milícias, as SA e as SS e na GESTAPO. As SS, logo, foram transformadas em tropa de elite, com poder maior que o das forças armadas regulares, inclusive seus comandantes. Quando os generais perceberam que não poderiam manipular o cabo, era tarde demais. Estavam enfiados até o pescoço em uma guerra que não podiam vencer.

Abandono e desilusão

As esquerdas, incluídos os libertários (por menos que gostem disto), costumam subestimar seus adversários ou escolher errado seus rivais. Preferem brigar entre elas, em busca da hegemonia. A situação atual reflete tais vícios. Há uma surpresa geral com o crescimento da opção pela extrema direita, apesar de ser tendência mundial.

Os socialdemocratas (PT, PDT) perderam décadas dedicando-se a alcançar o poder governamental, fortalecer seus partidos e expandir suas bases eleitorais. Chegando ao governo, cooptaram os melhores quadros “de massa”, aqueles enraizados nos locais de trabalho, moradia e estudo para ocuparem postos nas burocracias governamentais, parlamentares e judiciais. E neutralizaram a ação dos sindicatos, convencidos de que os movimentos sociais que se enfrentassem ao Governo socialdemocrata estariam servindo aos inimigos de classe. Confundiram classe com partido e partido com Governo, repetindo erros históricos que remetem, pelo menos, à Revolução Francesa.

Deixaram um vazio que veio a ser ocupado pelos dissidentes de suas próprias organizações, por milicianos egressos das forças policiais, pelo lumpesinato armado com fuzis e entorpecentes e estruturado segundo normas aprendidas no convívio com presos políticos nos “anos de chumbo”, e também pelos pastores e “obreiros” neopentecostais. Todos oferecendo algum tipo de fé, conforto, agonia.

Quando a política econômica e social do que seria o Governo da Classe Trabalhadora encontrou uma crise no caminho, em parte provocada por seus verdadeiros adversários, o capital financeiro, que enriquecera ainda mais durante sua gestão, as massas começaram a abandoná-los, desestimuladas, percebendo que, à maneira de Getúlio, o Governo era o pai dos pobres, mas a mãe dos ricos. Como resposta, os governantes abriram novas negociações com aqueles que estavam agindo para derrubá-los. Foram perdendo os “aliados”, que pediam mais e não cumpriam o combinado. E o povo, principal beneficiado pelas políticas sociais, também se foi, desencantado ao descobrir que o que lhe fora concedido, dando-lhe esperança, não fora conquistado e se esvaía como fumaça e percebeu estar sem interlocutores que o ajudassem a entender o quadro confuso.

Não-voto e rejeição do estado

Os libertários, em particular os anarquistas, não abandonaram as bases, continuaram a organizar os trabalhadores e trabalhadoras, estudantes e famílias, moradores e moradoras e os sem teto. E com eles fundam e mantêm creches, escolas, bibliotecas e centros sociais. Em geral, sem abrir mão das convicções sobre o papel ilusionista e enganador da chamada democracia representativa e das eleições como estratégia transformadora da sociedade.

As palavras de ordem Abstenção e Voto Nulo tiveram, nas duas últimas eleições, uma repercussão talvez só equivalente à das eleições de 1974, em que mais de 50% dos alistados se abstiveram ou votaram nulo ou em branco. No entanto, eu me permito afirmar, sem comprovação, que essa estatística não representa uma adesão da maioria dos que se abstiveram, anularam ou comprimiram o botão da indiferença ao não-voto consciente.

A maior parte das pessoas que conheço que adotaram o não-voto não rejeitam o estado ou a sociedade. Rejeitam os partidos na medida em que os interpretam como ratatulhas, ajuntamentos de pessoas reles, infames, moral ou socialmente desprezíveis. Mas, na sua desesperança, ainda esperam que surja alguém em quem possam confiar. Precisamos mostrar-lhes que só podem confiar em si mesmos, em sua retidão, em seu compromisso com sua classe e seus iguais. Que o caminho está na democracia direta, na horizontalidade das decisões, no federalismo comunitário.

Saudações libertárias! Saudações democráticas!

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About Luiz Alberto Sanz

Luiz Alberto Sanz, carioca, é servidor público aposentado. Foi crítico teatral e cinematográfico, repórter, redator, cineasta, diretor de espetáculos, estivador, arrumador de cargas, arquivista de filmes, sindicalista e professor universitário. Em maio de 1970, foi preso e torturado. À zero hora de 14 de janeiro de 1971, banido, partiu para o Chile no grupo de 70 revolucionários trocados pelo embaixador suíço. Anistiado, voltou para o Brasil em dezembro de 1979. Presidiu o Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Estado do Rio de Janeiro entre 1982 e 1984, foi membro Conselho da Conclat em 1983/1984. Dirigiu peças teatrais e shows musicais. Realizou um total de nove filmes, no Chile e na Suécia, e co-roteirizou seis no Brasil. Foi premiado em Leipzig com a Pomba de Ouro em 1971 por Não é Hora de Chorar (com Pedro Chaskel) e Menção Honrosa em 1982 por Vasos Comunicantes (com Lars Säfstrom). Em 1993 concorreu a Professor Titular de Técnicas de Jornalismo na Universidade Federal Fluminense, cargo que assumiu em 1º de Setembro do ano seguinte, desligando-se da Direção do Centro Nacional de Radio Educativo (Rádios MEC) que exercera desde abril desse ano. Logo depois, foi eleito para a direção da Associação Brasileira de Rádios, TVs e Produtoras Universitárias. Em 1998, participou da fundação da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas, integrando-se à primeira diretoria. Atualmente escreve para a Rede Sina e o blog Mosaico Mourisco e colabora com a Revista Educação Pública e a página do Instituto de Estudos Libertários.

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