Há uma frase, que não se sabe em exato a autoria, mas algumas fontes atribuem à Leonardo Da Vinci, o qual tenho particular adoração: “Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu, enquanto as cheias as baixam para a terra”. Um dos maiores inventores e criativos do renascimento encontrava na busca contínua por conhecimento a motivação para sua capacidade criativa. Da Vinci trouxe importantes contribuições criativas no âmbito das ciências, artes e tecnologias. Para mim, como admiradora de sua obra, o legado de Da Vinci foi crucial para os séculos vindouros, em decorrência da quebra de paradigmas e o rompimento com o passado transformando o renascimento como uma das principais eras criativas da humanidade.
As transformações que ocorreram no curso de evolução da humanidade têm em comum, ações criativas, que viabilizaram a transposição de um contexto para o outro na forma de progresso da sociedade reconhecendo nas suas culturas, artes e engenharias os traços da efetiva capacidade de inovar.
Uma das principais referências teóricas do campo da inovação foi o economista austríaco Joseph Schumpeter, que propôs uma teoria em que as inovações e os agentes sociais, que a sustentam foram vistos como as forças motrizes do desenvolvimento econômico.
Este autor teria sua teoria impulsionada a partir do contexto da 2ª Guerra Mundial com os formuladores de políticas empregando-a para a ampliação da produtividade dos fatores de produção para fins de eficiência técnica. Consequentemente, os Estados Unidos da América lideraria as pesquisas no campo da inovação, com vistas a potencializar o progresso em diferentes segmentos com a ampliação: de investimentos em pesquisa, ciência, tecnologia e capital intelectual especializado. No final dos anos 60, o homem pisou na lua e consagrou a bandeira americana, entre as líderes econômicas no âmbito tecnológico.
Nessa ordem, o campo da inovação se disseminou para diferentes áreas de estudo como administração, sociologia, economia. O tema projetou-se com, a aceleração de criação na esfera institucional, de journals especializados e associações especializadas na área de pesquisas e atuação profissional voltados para a inovação.
O conhecimento se tornou o elemento de diferenciação na eficiência competitiva entre as nações. O contexto pós-moderno de nossa era é puro reflexo desta evidência. O campo da inovação é um dos elementos intrínsecos da pós-modernidade, nessa ordem, o conhecimento muda e se transforma, em virtude de um tempo e espaço muito curtos, característicos do atual período. Está refletido nos novos tipos de conhecimento e novos meios de organização e produção que emergem como produtores de conhecimento e respondem às mudanças colocadas pela sociedade. Em resumo, quero explicar que o avanço do conhecimento científico reflete-se no progresso tecnológico.
Por isso, entender o conhecimento sobre os processos de inovação, fatores de determinação, agentes e instituições que estimulam o campo da inovação e seus respectivos impactos sociais e territoriais são ações importantes e pressupostos fundamentais para a aceleração do avanço tecnológico, dado que nossa realidade apresenta lentos gaps de progresso.
O campo é interdisciplinar e ter clareza taxonômica é basilar para que não ocorram equívocos na interpretação e compreensão do tema. Sublinho que invenção e inovação não são a mesma coisa, estão interligados, mas diferem entre si, portanto, recomendo o atento usos e abusos dos termos no âmbito de lideranças políticas e institucionais, que almejam o protagonismo da narrativa sobre a inovação sob diferentes óticas sejam: empreendedoras, políticas e institucionais (universidades e governos).
O reconhecimento dos agentes que estão conectados ao campo da inovação como as universidades, empresas e Governo, com o respectivo estabelecimento de delimitação, funções e atuações são mecanismos essenciais e de êxito para sustentar dinâmicas de inovação no território.
A universidade, enquanto promotora de conhecimento científico e transferência de tecnologia. O setor empresarial ampliando investimentos em pesquisas e desenvolvimento. Delimitar o escopo não é limitar a capacidade criativa dos agentes. A formulação de iniciativas e ações para a promoção de dinâmicas inovadoras devem ser intrínsecas aos agentes e voltadas para dentro das particularidades territoriais.
A inovação enquanto processo é reflexo da destruição de velhas atividades e criação de novas tecnologias e produtos, inclusive reflete-se nas estruturas de valores das relações humanas. É essencial que a “destruição criativa” tenha como alternativa o auto-interesse coletivo. Ou seja, o progresso tecnológico oriundo de processos inovadores reflete-se no desenvolvimento econômico, social e político. Ocorrem avanços no âmbito de nossos modos de vida e ampliação de nossa liberdade individual.
Estamos vivenciando um fato da história, a pandemia COVID 19, a qual nos apresentou uma realidade emergente com a alteridade de nossas circunstâncias dos modos de vida, no contexto de isolamento social. O “novo normal”, trend topics da rede, explica um processo em escala global, a intensificação da digitalização de diferentes cadeias de valor e produção. É cedo para identificarmos “destruição criativa”, em função de que necessitamos observar quais são os saltos significativos de progresso que se concretizaram nesse contexto. Embora a realidade brasileira nos apresenta significativos gaps tecnológicos, elevada burocracia e baixos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação na esfera pública e privada, devemos continuar em essência otimistas com a capacidade criadora brasileira, com força de trabalho especializada e empreendedores interessados em ampliar, intensificar e materializar invenções e inovações por meio de pequenos passos para alcançar grandes saltos tecnológicos para o progresso.
Oxalá, que no Brasil se constituam entornos criativos e inovadores aptos para PROMOVER O DESENVOLVIMENTO.
Agradeço a Rede Sina o convite para publicar neste espaço e disponibilizar conhecimento para os interessados na construção de uma aprendizagem coletiva. Esta coluna tem o propósito de desenvolver discussões do campo da inovação para a realidade local.
Fabiane Frois Balbé Weiler
(Economista, Doutora em Desenvolvimento Regional, Fundadora e Diretora da Tropicália do Brasil (Colab de Projetos, Consultoria, Curadoria e Ensino para Gestão do Conhecimento, Economia Criativa, Cultura e Inovação).
Contato: fabianeweiler@gmail.com