Entre eu e minha vida existe um grande espaço de tempo e falta de conexão.
Minha vida é tudo que construí num pensamento individualista em que alguns personagens são criados, outros idealizados, alguns julgados e outros sentenciados.
Entre tudo que existe e coexiste é criada uma ligação que oscila entre a expectativa e a decepção, a ilusão e os grandes baldes de água fria. Em tudo tem um pouco do desejo e castração, devoção e paciência. De um lado algo que escorre, do outro uma parte que morre, dia a dia, célula a célula. Na vida a falta de pertencimento, de posse, tudo dentro de uma relatividade incapacitante ou estimuladora.
Fecho os olhos e está la, a falta que não encontro, no lugar onde não fui, com as relações que não existem e o mais incrível, eu não consigo esquecer cada momento.
Vem uma nuvem colorida que me envolve, criando toda essa memória intocável, linda e que me salva de mim mesma. Já que de um lado o desejo pulsa e precisa de acolhimento, do outro lado o pensamento transcende e acalma o coração. Sou eu, quase nada, outra coisa, algumas falhas, outras dobras, sou eu sem forças, dançando e fugindo desse peso concreto de sentimentos nunca expressados.
O que é seu, se esconde, se perde. Se doeu, não vi, se fugiu, nunca esteve ali, mas mesmo assim, minhas lágrimas nunca secam, sento e contemplo esse fino raio de sol se escondendo atrás de tudo que busquei para salvar minha alma.
Jornalista, mãe, diretora de empresa, devoradora de filmes argentinos, amadora na arte de viver, apaixonada por ideias, pessoas e coisas.
Diretora de comunicação da Tríplice Assessoria