Poesia
A poesia é o fundo dos recipientes,
os grãos de café que restam na xícara usada,
o açúcar que não dissolveu.
Poesia é a sujeira (não) varrida para debaixo do tapete.
Poesia é a gota de sangue que fica na seringa,
os minerais que escapam da peneira,
o elemento decantado, desencantado.
Poesia é o aleatório não considerado nos índices,
é o descarte, as sobras,
Poesia é o que a metonímia não pode contemplar,
é a metáfora viva ignorada,
quase imperceptível aos olhos do mundo.
Calor
após meio-dia
o calor estanca o tempo
e as cigarras cantam.
Folhas secas
folhas secas caem
último sopro de vida
de eterna beleza.
Mar
ondas vestem pés
pele despida de sol
de sal e maré.
Os sapos
Os sapos, à noite,
cantam saudades de tempos
idos e vindouros.
CLÁUDIA ERTHAL: 40 anos de idade, nasceu no interior de Selbach (RS), residindo atualmente em Santa Maria (RS), onde atua como professora de Língua Portuguesa, na Escola Básica Estadual Cícero Barreto. Possui graduação em Letras pela UFSM e Mestrado e Doutorado em Estudos Literários, também pela UFSM. Escreve desde criança, embora não tenha publicado nada até o momento, pois tem como principal hobby colecionar rabiscos em cadernos esparsos.
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